Sexta 19 de Abril de 2024

Internacional

CONTINUAMOS CHAMANDO O PSTU A UNIFICAR A CAMPANHA

Pela retirada das tropas brasileiras do Haiti

23 Apr 2010   |   comentários

Passados três meses após
o terremoto que atingiu o Haiti, a
repercussão da tragedia já não mais
ocupa as páginas centrais dos jornais
internacionais. Por outro lado, o
povo haitiano segue sob as mesmas
condições em que se encontrava
logo depois do terremoto - mais
uma demonstração de que a
magnitude das conseqüências geradas
a partir do dia 12 de janeiro não
está definida simplesmente pelas
causas naturais. E para entender isso
é necessário relembrar que ao
contrário de um país miserável por
natureza, o Haiti teve suas riquezas
espoliadas ao longo da história,
primeiro pelo colonialismo e hoje
pelo imperialismo.
Há quase seis anos, o
exército brasileiro de Lula comanda
a MINUSTAH, apresentada
como uma missão de paz, a serviço
na verdade de conter todo tipo de
mobilização, imprimindo o terror
entre a população negra haitiana, a
serviço dos interesses imperialistas.
Com o terremoto, além do
aumento do contingente de tropas
da ONU, incluindo as brasileiras,
Obama enviou nada menos que 16
mil soldados norte-americanos. O
plano de “reconstrução” do Haiti
significa geração de lucros para
grandes empresas capitalistas
internacionais. Para isso é necessário
manter a “estabilidade”, é
necessário manter o povo haitiano
sob os fuzis de uma ocupação
militar que ganhou proporções
ainda maiores depois do
terremoto. Não deixemos de
lembrar que tudo isso acontece
num contexto em que Obama se
alça numa ofensiva na região da
América Latina, ter uma posição
conquistada tão próxima de Cuba
não seria um mero detalhe.

Desde o terremoto, nós
da LER-QI colocamos como eixo
de nossa atuação política a
necessidade de colocar de pé uma
ampla campanha de solidariedade
ao povo haitiano, tendo como
ponto principal a defesa da retirada
das tropas. Para nós, a campanha
internacionalista que nós da FT
(Fração Trotskista), assim como a
campanha que outras organizações
como o PSTU/LIT, já vínhamos
desenvolvendo nos anos anteriores
ganhou um sentido ainda mais
profundo. A repressão por parte
das tropas contra o povo haitiano –
que se expressa nos assassinatos,
estupros, repressão a mobilizações
etc. – se intensifica num grau ainda
mais alarmante após o terremoto.
Se já vínhamos denunciando a farsa
do discurso de missão de paz, hoje
se faz necessário dizer aos
trabalhadores e à juventude do
nosso país que é uma grande falácia
essa história de que as tropas estão
a serviço da reconstrução do país.
É necessário questionar: qual
reconstrução? A reconstrução para
garantir moradia, hospitais, escolas
à população? Não! As pessoas
seguem sem abrigo, sem atendimento
médico adequado, sem
acesso à tão propagandeada ajuda
humanitária internacional.
Nesses três meses organizamos
e participamos de atividades
em vários lugares com o
objetivo fundamental de discutir a
necessidade de colocar de pé uma
ampla campanha pela retirada das
tropas do Haiti. Nesse mesmo
sentido, organizamos atos em
frente ao consulado haitiano em
São Paulo exigindo a retirada das
tropas brasileiras, denunciando o
papel nefasto que cumpre o
governo Lula.

Em Campinas, a
partir do Centro Acadêmico de
Ciências Humanas da Unicamp,
impulsionamos atos com o mesmo
objetivo. Como parte dessa
perspectiva, fizemos um chamado
da juventude da LER-QI à
juventude do PSTU para a construção
de uma campanha em
comum, partindo do fato de que a
Frente Nacional de Solidariedade
ao Povo Haitiano apresentava
desde seu início um limite muito
explícito, tendo em suas fileiras
setores governistas que não se
dispõem a denunciar o governo
Lula e nem colocar suas forças para
uma verdadeira campanha pela
retirada das tropas brasileiras.
Nosso chamado partia, ainda, da
compre-ensão de que o envio de
ajuda ao Haiti é muito importante
– e valorizamos todas as iniciativas
realizadas nas universidades, fábricas
e sindicatos para o envio de
ajuda às organizações operárias e
populares. No entanto, não concordamos
que essa ação seja o eixo
fundamental da campanha, deixando
de lado ou secundarizando a
exigência pela retirada das tropas.
Desenvolvemos esse debate em
vários lugares, inclusive na Casa
Socialista Karl Marx, impulsionada
pela LER-QI, num debate em que
contamos com a presença de
Otavio Calegari, militante do PSTU
que estava no Haiti no dia do
terremoto.

Nas últimas semanas vimos Zé
Maria do PSTU em viagem ao Haiti
colocando como eixo a exigência
pela retirada das tropas, o que
consideramos muito correto e nos
reafirma a importância de unificar
as forças de todas as organizações
independentes do governo numa
campanha comum de mobilização
pela retirada das tropas do Haiti,
para que o povo haitiano possa
tomar em suas mãos o destino do
seu país dando continuidade à sua
heróica história revolucionária.
Reafirmamos o chamado à juventude
do PSTU a impulsionarmos
conjuntamente essa campanha, que
certamente é uma tarefa fundamental
que não será tomada pelas
principais organizações de massa
do país por seu atrelamento ao
governo.

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