Sexta 26 de Abril de 2024

Nacional

Balanço e perspectivas do Ensaio Geral Revolucionário

Fizemos parte de um movimento internacional ativo de apoio ao processo revolucionária da Bolívia

14 Nov 2003   |   comentários

Enquanto os trabalhadores de muitos países acompanhavam com entusiasmo o levante de outubro dos trabalhadores e do povo boliviano e a queda de Sánchez de Lozada, o imperialismo e os governos da região mostraram sua grande preocupação. O governo Lula e o PT se colocaram entre os setores que se organizaram para tentar conter a fúria dos insurrectos bolivianos, pelo temor de que a irradiação desse importante acontecimento pudesse contagiar os trabalhadores da região. É por isso que Sanchez de Lozada recebeu apoio até o último momento, do imperialismo norte-americano, da OEA e dos governos mais pró-imperialistas da região. Os “enviados especiais” do Brasil e da Argentina tiveram a missão de ajudar a barrar a qualquer custo o levante, facilitando a mudança constitucional e prestando seus grandes serviços à oligarquia boliviana.

Entretanto, em diversas cidades do mundo, como Paris, México, Quito, Lima, Buenos Aires e São Paulo, se realizaram manifestações e atos de solidariedade diante dos consulados e embaixadas bolivianas. Em países como Argentina, onde foram mais massivas as ações de solidariedade, se destacava a importante presença de milhares de imigrantes bolivianos e das organizações operárias e de esquerda do país.

Em São Paulo, nossa organização, Estratégia Revolucionária ’ Quarta Internacional (ER-QI), teve o orgulho de organizar e chamar comitês conjuntos para se manifestar ativamente em apoio à luta do povo da Bolívia, impulsionando junto com outras organizações políticas dois atos no consulado em São Paulo. Infelizmente, forças políticas de maior peso e presença nacional, como setores da esquerda petista e o PSTU, não colocaram o importante peso que têm para que esta campanha fosse mais forte.

Nós colocamos nossas forças em apoio ao desenvolvimento do processo revolucionário boliviano na perspectiva da unidade dos trabalhadores latino-americanos e do mundo todo, na luta comum contra o imperialismo e seus sócios menores: as burguesias e latifundiários locais. Esta é uma questão de vital importância, pois estes governos podem colocar a possibilidade de diversas variantes de intervenção internacional, não só já “diplomáticas” , como as de Brasil e Argentina, mas ao não poder conter a situação podem tentar intervir inclusive militarmente. Esta é a leitura que se deve fazer da política do governo Lula com a proposta expressa pelo ministro da Casa Civil José Dirceu, durante a 13ª Cúpula Ibero-Americana, celebrada na cidade boliviana de Santa Cruz, propondo a unidade das forças militares dos exércitos dos países da América do Sul. Não é casualidade também que a “Declaração de Santa Cruz” , firmada pelos 21 chefes de Estado da América Latina junto com Portugal e Espanha, alerta contra a “ameaça à governabilidade democrática” [1], referindo-se às rebeliões que os trabalhadores e o povo pobre vêm protagonizando.

É por isso que tem grande importância a unidade dos trabalhadores, camponeses sem terra e indígenas da América Latina na luta contra o imperialismo, os governos e as burguesias locais. Luta que tem que recuperar um internacionalismo ativo e militante como parte do combate para recompor as melhores tradições do movimento operário internacional. Desde ER-QI, temos o orgulho de ser parte da mesma corrente internacional dos companheiros da Liga Obrera Revolucionaria por la Cuarta Internacional (LOR-CI), que tiveram e têm um papel destacado no processo revolucionário na Bolívia. Juntos com o Partido de Trabajadores por el Socialismo (PTS), da Argentina, Liga de Trabajadores por el Socialismo (LTS), do México, Clase contra Clase (CcC), do Chile, e camaradas em distintos países da Europa, colocamos em prática o internacionalismo militante, denunciando o papel dos governos, participando e organizando ativamente demonstrações de protesto e solidariedade com a luta dos trabalhadores bolivianos em consulados e embaixadas. Como parte dessa campanha, todas as declarações, panfletos e comunicados de nossos camaradas da LOR-CI foram traduzidos para vários idiomas no momento mesmo dos acontecimentos, impressos e reproduzidos também na internet, no site Panorama Internacional (www.ft.org.ar).

[1Folha de São Paulo, 17/11/03.

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