Sexta 26 de Abril de 2024

Educação

ENCONTRO DE EDUCAÇÃO

Entre a Universidade e a Escola: a educação pública em debate

17 Oct 2014   |   comentários

Organizado pelo Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH), no dia 09/10 aconteceu o Encontro de Educação “Entre a universidade e a escola: A educação pública em debate”. Secundaristas, professores da rede pública, estudantes, trabalhadores e professores universitários (USP, Unicamp, Unesp e particulares) discutiram os problemas e desafios da educação pública no (...)

Algo inédito aconteceu nos auditórios do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Organizado pelo Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH), no dia 09/10 aconteceu o Encontro de Educação “Entre a universidade e a escola: A educação pública em debate”. Secundaristas, professores da rede pública, estudantes, trabalhadores e professores universitários (USP, Unicamp, Unesp e particulares) discutiram os problemas e desafios da educação pública no Brasil.

O Encontro se organizou a partir de duas mesas. A mesa “Crise na Universidade? Projetos em disputa nas Universidades Públicas” contou com as presenças de Souto Maior (Docente da USP e Juiz do Trabalho), Luiz Henrique Souch (Docente da UFPel), Claudionor Brandão (Diretor do SINTUSP) e João de Regina (professor da rede estadual de Campinas). Já a segunda mesa “Licenciatura em questão: A universidade e a rede pública de ensino” contou com os debatedores Mauro Sala (mestre em educação e professores da rede estadual), Fernanda Furtado Camargo (docente da PUC-Campinas), Cinthia Cristina dos Santos (mestranda do IFCH e professora da rede estadual). Além das duas mesas, ocorreu também o cine-debate do filme “Pro dia nascer feliz”, que retrata a condição da educação no Brasil, contribuindo assim para um rico debate após a exibição.

Grandes ideias para grandes desafios

Os debates sobre as lições da vitoriosa greve da USP que derrotou o governo do estado de São Paulo deixaram claro que a única alternativa para a resolução da suposta “crise da educação” só poderá partir da mobilização independente dos trabalhadores, professores e estudantes.

A realidade da educação básica, a escola com um espaço de produção de saberes, a precarização do trabalho do professor, bem como a necessidade da universidade se abrir para a formação continuada desses, clarificaram a imediata necessidade da integração do ensino superior público ao ensino básico público.

Entre inúmeras conclusões, o atual modelo de formação dos professores, onde os grandes monopólios de educação formam mais de 70% dos docentes da rede, a partir de um ensino pragmático, técnico e mercadológico, deve ser imediatamente revisto. Esses grandes monopólios do ensino, financiados pelo dinheiro público através da isenção fiscal, e a universidade pública elitista, sintetizam o modelo de educação impulsionado pelos governos. A luz desses debates se colocou a necessidade da unidade entre professores e estudantes.

Um centro acadêmico militante

Essa iniciativa tomada pelo CACH foi a primeira de muitas que devem seguir no sentido de lutarmos contra o projeto PSDBista de privatizar as universidade públicas abrindo-as para a iniciativa privada, assim como contra o projeto petista que através de programas como o Prouni fazem um discurso de democratização do ensino, mas dá dinheiro público para os grandes monopólios da educação. Mauro Sala colocou no debate: “se 70% das vagas de licenciatura em particulares como a PUC e Anhanguera são mantidas por bolsas como o Prouni, então porque não estatizamos essas Universidades e colocamos inteiramente a serviço da população, ao em vez de manter o lucro de alguns empresários?”

No debate sobre a deliberação 111, que precariza as licenciaturas, foi colocada a necessidade de desenvolver um novo currículo junto aos professores da rede pública, fortalecendo a unidade entre os trabalhadores da educação e os professores. As mudanças no currículo dos cursos de licenciatura foram encarados como uma grande batalha pela radicalização do acesso, colocando a quem deve servir o conhecimento da Universidade, se para formar professores ou para produzir patentes para empresas.

DEPOIMENTOS

"Parabenizo a todos pela iniciativa de realizar o Encontro de Educação. Refletimos sobre como nós, estudantes das universidades privadas, somos considerados mercadorias, além do tipo de formação que teremos, inclusive no ensino à distância. Vejo que diante de tão poucas informações que nos são passadas nas privadas, é de grande importância que ocorram debates sobre qual modelo de educação nos está sendo imposto. Não somos estudantes de “Unisquinas” que querem comprar o diploma. Somos trabalhadores que não conseguiram entrar na universidade pública por causa do filtro social que é o vestibular. É necessário fomentar o debate que reduz o abismo existente entre a escola e a universidade, levando não somente os professores das escolas para a universidade pública, mas também que os universitários reflitam, respirem o ar da escola pública e lutem por uma educação pública de qualidade!"

Regiane – estudante da Anhanguera e professora da rede estadual

"O Encontro de Educação foi muito esclarecedor em relação aos problemas existentes no projeto de universidade atual, resultante de uma luta de classes. No debate sobre a crise, relatos muito pertinentes afirmaram como o projeto educacional é uma disputa de elite, provada historicamente. Na discussão sobre a greve, se pode refletir sobre a organização dos servidores frente ao 0% de reajuste salarial."

Cássia Rodrigues Silva, estudante de Ciências Sociais do IFCH

Artigos relacionados: Educação









  • Não há comentários para este artigo