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Internacional

ARGENTINA

Apresentaram-se as Obras Escolhidas de Leon Trotsky

17 May 2012   |   comentários

No dia 29 de abril, na sala Jorge Luis Borges da Feira Internacional do Livro e Buenos Aires, ante um público de mais de 400 pessoas, realizou-se a apresentação do livro “Stalin, o grande organizador de derrotas”, o primeiro tomo das Obras Escolhidas de Leon Trotsky que serão publicados pelas Edições do IPS e do CEIP em coedição com o Museu Casa Leon Trotsky do México, e o apoio de Esteban Volkov, neto de Trotsky. Apresentados por Julio Rovelli (Ediciones IPS), participaram do debate Gabriela Liszt do CEIP “Leon Trotsky”, Christian Castillo, dirigente do PTS e diretor da revista Lucha de Clases, e Emilio Albamonte, dirigente do PTS e diretor da revista Estratégia Internacional. O PTS é a organização irmã da LER-QI na Argentina, membro da Fração Trotskysta-Quarta Internacional.

A publicação das obras escolhidas de Trotsky

Gabriela Liszt começou assinalando que o lançamento dessas Obras Escolhidas: “é uma grande oportunidade para nós, que viemos difundindo suas obras desde 1998, contar com o apoio do “Museu Casa León Trotsky”, com quem faremos a coedição de mais de 20 volumes. Também contamos com o apoio de Esteban VolKov, o neto de Trotsky, e de muitos intelectuais que nos felicitaram por essa nova iniciativa”.

Disse que o objetivo é chegar a todos os países de língua hispânica, ao México, ao Chile – onde há um grande processo de luta de classes – aos latinos dos Estados Unidos, Estado Espanhol, e por que não Cuba. Partiu de que existe uma situação internacional em que se faz necessário que se volte a publicar essas obras, mas não como uma miscelânea, nem como um negócio editorial. Também assinalou que contam com muitos elementos que não tinham aqueles que publicavam as obras de Trotsky nos anos ‘30, e agregou: “Depois de um intervalo nos anos ’70, houve editoriais e partidos de esquerda que se propuseram reeditar as obras de Trotsky, por exemplo, a editorial Pluma publicou os Escritos de 1929 a 1940; Política Obrera, que como o editorial El Yunque publicou várias obras; ou as edições de Juan Pablo Editor no México.

Mas acreditamos que se pode melhorar muito, tendo em conta que em 1980 se abriram os arquivos de Harvard, onde Trotsky deixou grande parte de seus documentos, que surgiram vários centros de investigação trotskysta, como o Instituto Léon Trotsky da França dirigido por Pierre Broué, Revolutionary History dirigido por Al Richardson ou o CERMTRI dirigido por Jean Jacques Marie, que contribuíram com grande quantidade de materiais, que nos permitiram chegar a obras ou artigos inéditos em castelhano. “Os clássicos, como Minha Vida, História da Revolução Russa, os Escritos sobre Espanha ou França podem ser melhorados e melhor difundidos para que as novas gerações aproveitem as enormes lições desse grande revolucionário.”

Para finalizar, afirmou que desde o CEIP já publicou 16 obras-compilações de Trotsky, digitalizou os Escritos, postou numerosos boletins eletrônicos, uma página na internet com traduções inéditas, etc. “Nosso objetivo é que todas essas publicações saiam o quanto antes mas com a maior qualidade, a maior investigação, somando novos colaboradores, que já temos na Argentina, no Estado Espanhol, França, Inglaterra e México. Queremos somar muito mais colaboradores para levar esse projeto adiante”.

Tática e estratégia na época imperialista

Emílio Albamonte começou sua intervenção afirmando que a escolha dessa obra de Trotsky, como primeiro tomo das Obras Escolhidas não era casual, mas que estava ligada a uma revalorização do pensamento estratégico, contrapondo-se à ideia que se quis impor frente a derrota da ditadura, a derrota das Malvinas, do menemismo [neoliberalismo “duro” argentino], de que a esquerda só tinha de discutir táticas (eleições, trabalho sindical, etc.) Destacou que com o mesmo objetivo no PTS se realizaram dois seminários em 2011 e 2012, um sobre o tratado clássico de estratégia de Karl von Clausewitz, “Da Guerra”, e outro sobre a concepção de estratégia no marxismo de León Trotsky.

Ao se referir a um dos pontos de partida dessa reflexão, Albamonte afirmou: “O primeiro é ir contra a ideia naturalizada de que a esquerda não pode vencer. Passamos por trinta anos do que chamamos- em um artigo da Estratégia Internacional - “Restauração Burguesa”, um período sem revoluções como houve depois da derrota da Comuna de Paris em 1871 até a Revolução Russa de 1905. Sobre aquele período Lênin dizia que haviam sido 30 anos de avanço do revisionismo pacifista no movimento socialista internacional. Hoje nos enfrentamos com algo parecido, onde companheiros anarquistas ou autonomistas defendem “para que um partido?”, “para que um partido de vanguarda?”, etc.; ou teóricos que falam desde a perspectiva comunista com Badiou, Negri, etc., que enxergam os fenômenos revolucionários como acontecimentos que surgem ex-nihilo [do nada], em que os problemas estratégicos e os de construção de um partido revolucionário se discutem muito pouco”.

Então assinalou o estudo e apropriação dos aspectos de Clausewitz realizado por Lênin e Trotsky. Como, no caso de Lênin, isso coincidiu com um momento de enorme produtividade intelectual e de “rearmamento” teórico logo depois do estouro da Primeira Guerra Mundial, simultaneamente ao seu estudo sobre a Lógica de Hegel, e sua elaboração do “Imperialismo, fase superior do capitalismo”, no marco de que a atualidade da guerra e da revolução exigiam os problemas de estratégia em um nível superior.

“Já Rosa Luxemburgo – afirmou – havia lutado contra a estratégia de Kautsky, antes que Lênin e antes que este [Kautsky] passasse as fileiras do social-chauvinismo; todavia, como disse Trotsky nesse livro [Stálin, o grande organizador de derrotas] e em outros escritos, os problemas da guerra e da insurreição sejam talvez os pontos mais débeis na reflexão de Rosa.” E agregou sobre a apreciação de Trotsky sobre a obra de Luxemburgo: “é o movimento vivo do proletariado o que os intelectuais decidiram assumir, onde ninguém tem “o conjunto da teoria marxista” [...] Uma das grandes tragédias que fez o stalinismo, é que o dialogo teórico-político aberto por Luxemburgo, Trotsky, e Lênin foi interrompido por décadas, e em algum sentido segue interrompido até agora”.

Recuperar a estratégia

Albamonte analisou a recuperação dos debates de estratégia por parte dos marxistas a princípio do século XX: “Relendo Clausewitz, com definições tão simples como que a tática é a arte de ganhar os combates e a estratégia a arte de utilizar os resultados dos combates para vencer a guerra”, vimos que esse ponto estava separado das discussões no marxismo histórico. Os que voltam a colocar esta discussão antes de Lênin são Franz Mehring da social-democracia alemã, que escreve sobre a arte militar, e um historiador militar reacionário, Hans Delbrück. [...] Entre Kautsky e Luxemburgo se desenvolveu uma grande discussão em que o primeiro, baseado em Delbrück, opinava que na segunda Guerra Púnica [1] se havia vencido pela ‘estratégia de desgaste’ de Quintus Fabius o ‘Cunctator’ – ou seja, o ‘demorador’ – e que o movimento operário alemão tinha de ter esta estratégia [...] Luxemburgo, que toma o historiador de Roma, Theodor Mommsen, para responder os argumentos históricos, demonstra que a ‘estratégia de desgaste’ só permite ganhar tempo e que o movimento operário não pode ficar somente com este tipo de estratégia. [...] Justamente, a Sociedade Fabiana – cujo nome alude ao romano Quintus Fabius – ainda hoje conserva sua influência sobre o Partido Trabalhista, e opina que o movimento operário deve avançar ‘culturalmente’ para conseguir assim mudar o capitalismo desde dentro, em dois ou três séculos...” Ligando estes debates à relação entre programa e estratégia, Albamonte assinalou: “Quanto ao estratégico, temos uma discussão com os companheiros do PO [Partido Obrero argentino], que nos diziam que o programa e a estratégia são a mesma coisa. [...] Trotsky explica em ‘Stalin...’, que o termo ‘estratégia’ foi restituído pela III Internacional, já que a II Internacional só se ocupava de ‘tática’. Critica que no Programa da IC de Stalin e Bukharin se falava de estratégia em geral, mas que sobre o problema fundamental da estratégia, ou seja, sobre as condições e os métodos que conduzem à insurreição propriamente dita, a conquista do poder, só se diziam generalidades. [...] Então, voltamos nos questionar por que Lênin e Trotsky haviam estudado Clausewitz, e haviam surgido estas teorias e discussões entre Kautsky e Luxemburgo, e nos demos conta de que não havíamos dado suficiente importância, antes de ler Clausewitz, a que neste livro [Stalin, o grande organizador de derrotas] há um capítulo enorme chamado “Tática e estratégia na época imperialista”.

Marxismo e militarismo. Partido e soviets

Em seguida, Albamonte começou com uma comparação entre o pensamento estratégico de Clausewitz e o de Trotsky, onde ressaltou: “Lemos Clausewitz, e isto nos levou a reestudar Trotsky, porque chegamos ao que se chama ‘trindade’ de Clausewitz. [...] Há três elementos que a formam: o governo, que dá a orientação política; o exército e os generais, que tomam a relação de forças e trabalham com as probabilidades (porque o acaso é um componente de toda guerra); e por último, o povo, que é o portador de um ‘sentimento hostil’...”

Sobre o primeiro elemento da “trindade” – a orientação política – assinalou como, em um mesmo sentido, “Trotsky polemiza contra os que opinam que a classe operária deve administrar ‘sem dirigentes’ – como colocam companheiros anarquistas, populistas e autonomistas – já que partem de uma idealização inconsciente do capitalismo, pensando que em uma sociedade fundada na escravidão assalariada, a classe mais oprimida da população é capaz de elevar-se a um nível tal de independência política, que não necessita ser dirigida por seus elementos mais perspicazes e temperados. Se isto fosse assim, poder-se-ia conseguir a transformação da sociedade pacificamente. Então, a estratégia Fabiana seria correta e ser revolucionário seria um desastre. Não obstante, a revolução é necessária para arrancar as massas populares do atraso e da ignorância, e para que a revolução seja vitoriosa devem ligar suas esperanças e suas lutas a um partido que se tenha convertido na condensação de sua própria luta. E esta direção se forma através de um longo processo de seleção e educação.” E, polemizando com um artigo recentemente republicado de Oscar Del Barco sobre Lênin, agregou: “...partimos de discutir que o importante não é ter ‘derrotas dignas’, ainda que tenhamos muitas, o importante é vencer, liquidar a exploração do homem pelo homem. Para isso, há que dotar-se de instrumentos. Trotsky define a estratégia justamente como a arte de vencer.”

Ao momento de referir-se ao “povo”, terceiro elemento da “trindade” de Clausewitz, destacou desde que leitura o abordaria, e colocou: “dentro dos trotskystas, somos os mais ‘libertários’. Damos tanta importância ao problema dos soviets, dos conselhos operários, que o elevamos a problema da esfera da estratégia. Voltamos a Trotsky para ver se, como nos dizem muitos companheiros da esquerda, os soviets são instrumentais e não são chave, assim como o é o partido revolucionário.”

Em resposta a esta questão, sustentou: “Trotsky coloca que o caráter revolucionário da época não consiste em que se possa realizar a revolução a todo momento, ou seja, tomar o poder, mas que a época atual é uma época de mudanças bruscas, e que a direção tem de estar preparada para estas mudanças. Este objetivo está indissoluvelmente ligado à auto-organização das massas, como o fizeram as massas russas sob a forma de Soviet.” Logo depois, citou Trotsky em “Stalin, o grande organizador de derrotas”, quando diz: “Na ação, as massas devem sentir e compreender que o soviet é sua organização, que reagrupa suas forças para a luta, para a resistência, para a auto-defesa e para a ofensiva. Não é na ação de um dia nem, em geral, em uma ação levada a cabo de uma só vez, que podem sentir e compreender isto, senão através de experiências que adquirem durante semanas, meses, inclusive anos, com ou sem descontinuidade.” Retomando a comparação com a “trindade” assinalou as diferenças entre o marxismo e um “militarismo”, acrescentando como Clausewitz, apesar de destacar a importância da “força moral” das massas quando intervêm na guerra defendendo interesses próprios, nunca chegou a romper com uma visão do “povo” como “massa de manobra”, devido aos próprios interesses reacionários que defendia.

Neste sentido, destacou que nesse ponto “há uma diferença central. Para nós há uma cadeia de ligação entre estes organismos que às vezes se manifestam como comissões internas, que surgem no sindicato, ou às vezes se transformam em inter-fabris ou conselhos operários, e seus elementos mais perspicazes, que se organizam com um programa e uma estratégia em um partido. Os marxistas não somos militaristas...tivemos várias experiências trágicas em nosso país, e criticamos essas estratégias surgidas ao calor da revolução cubana [como o guerrilheirismo], que para além de seu heroísmo tinham uma estratégia e tática equivocadas. [...] o partido é a continuidade da auto-organização dos trabalhadores, de seus elementos mais perspicazes, mais experimentados, dotados de um programa e uma estratégia para vencer”.

Da comparação com a “trindade” concluiu: “Não há nada mais desprestigiado hoje que um partido de vanguarda. Nós o reivindicamos e, ao mesmo tempo, dizemos que o marxismo não é um militarismo, mas sim que queremos os soviets, que os operários sejam a base de tudo. Não aceitamos a “trindade” clausewitziana porque estamos falando de luta de classes, não de guerra em geral, nem de ‘guerra popular’, ainda que opinemos que as insurreições, a guerra civil, etc., são elementos componentes fundamentais de um proletariado que se organize e queira se livrar das amarras da opressão”.

Logo após desenvolver a relação entre greve geral e insurreição desde o ponto de vista da estratégia retomando os conceitos de “guerra de montanha” e “guerra de planície” segundo Clausewitz, terminou sua intervenção falando: “Para nós não há contradição entre partido de vanguarda e auto-organização dos trabalhadores, mas sim o vemos como níveis da mesma coisa. Não acreditamos que as revoluções são feitas pelos partidos de vanguarda, mas sim que as massas com sua auto-atividade são aquelas que farão as revoluções, e que o partido revolucionário é chave para que triunfem, para que não se restrinjam no marco nacional e continuem na perspectiva da revolução permanente”.

Por último, Emilio Albamonte falou sobre “Stálin, o grande organizador de derrotas”, que “este livro, assim como o conjunto dos trabalhos de Trotsky nos ’30, como seus escritos sobre luta contra o fascismo na Alemanha etc. [...] não acredito que fique atrás das obras dos grandes clássicos da ciência política como “O Príncipe”, de Maquiavel, o “Leviatã”, de Hobbes, os trabalhos de Rousseau etc. [...] Os que lêem esse livro estarão lendo um clássico. Se um clássico é um livro que em diferentes épocas diz distintas coisas segundo quem o lê, de Trotsky reivindicam parte desde os neocon até a ultraesquerda [...], nesse sentido Trotsky é um clássico: se o lê desde as distintas posições ideológicas que há no mundo”.

Trotsky e o debate de ideias atual

O encerramento da apresentação esteve a cargo de Christian Castillo, que destacou o momento particular no qual se edita esse livro e o conjunto das Obras Escolhidas de Trotsky. “Transitando o quinto ano da crise capitalista – assinalou – que abriu uma enorme reflexão política em milhões de pessoas e quebrou de alguma forma a hegemonia neoliberal, estão os que sustentam, desde as classes dominantes, que há que continuar com essas políticas. Por sua vez, há os que colocam saídas de extrema direita reacionárias, como temos visto a grande eleição da extrema direita francesa [...] há os que opinam que frente isso há que se fazer um pouco de regulação estatal, um tipo de neokeynesianismo. E existe também um amplo campo anticapitalista de quem vê que não se trata de reparar esse sistema, mas sim de aproveitar suas crises para apostar em superá-lo”.

Castillo destacou a edição da obra de Trotsky como um aporte a esse debate de ideias, já que concentra a possibilidade de recuperação de perspectivas do marxismo revolucionário e do comunismo logo depois da queda do stalinismo. E agregou: “é parte de uma disputa onde os conservadores, os reacionários, utilizam seus intelectuais – como Robert Service, Richard Pipes, Orlando Figes –, para demonstrar que não há alternativa comunista ao stalinismo. Frente a isso queremos demonstrar que houve homens de carne e osso que se colocaram contra cada centímetro da contrarrevolução stalinista por manter vivas as tradições revolucionárias”.

Neste marco ressaltou como a luta por manter conquistas teóricas e programáticas permitiu, por sua vez, enriquecer esta tradição, e que “naquela época é que Trotsky se mostra como um dos analistas políticos mais sofisticados do entre-guerras, que capta finamente todos os processos políticos no ocidente, como o fascismo, a frente popular etc”.

Uma obra escrita ao calor dos grandes processos da luta de classes

Entrando totalmente no Stalin,..., Castillo destacou que “este livro pode ser considerado um ponto de chegada da luta da Oposição de Esquerda. Exilado em Alma-Ata, logo após a derrota da Oposição conjunta da URSS em 1927, Trotsky realiza um balanço das lutas dadas tanto no terreno da URSS como sobre a política da Internacional Comunista desde 1923. Lutas que tem como pontos fundamentais o combate por uma estratégia de saída da NEP mediante o desenvolvimento da indústria nacionalizada, enfrentando a política de Kamenev-Zinoviev-Stalin e de Stalin-Bukhárin posteriormente, de fazer concessões à burguesia agrária (kulak), assim como as referidas ao regime interno do partido e a política internacional”.

Castillo apontou como neste livro Trotsky discute amplamente a revolução na China e como sobre esse processo, o principal do momento no qual batalhava a Oposição Conjunta, esta deu uma luta só parcial, já que Trotsky não tinha acordo com Zinoviev sobre qual era a política a seguir na China. E recordou que só Trotsky havia se oposto em 1926, no Politburo do PCUS, ao ingresso no Kuomintang (partido da burguesia nacionalista chinesa) da Internacional Comunista; e que frente a políticas da direção da Internacional de fazer partidos “operários e camponeses”, negando-se a sustentar uma política independente do proletariado chinês, Trotsky não alcança que o conjunto da Oposição rechace a política liquidadora do stalinismo, que abriu as portas ao massacre dos comunistas chineses em 1927.

Logo Castillo destacou como “quando falamos de estratégia e de tática, e de que a política revolucionária é central em momentos decisivos, não falamos de pouca coisa, como se demonstrou nos ’30. Nos processos que Trotsky analisa nos anos ’30, definir claramente a estratégia revolucionária e a tática correta é decisivo”. Neste sentido, trouxe uma citação do livro Stalin..., na qual Trotsky assinala que “entre o determinismo mecanicista (fatalismo) e o voluntarismo arbitrário, está a dialética materialista”, para desenvolver como Trotsky demonstra que a política da Internacional depois de Lênin oscila entre, por um lado, considerar que a derrota – ou a vitória – está dada pelas condições objetivas, quando os sujeitos nada precisam fazer, e por outro lado, a perspectiva oposta de um voluntarismo puro.

Erros que voltarão a se repetir nos anos seguintes, quando depois do VI Congresso, Stalin dará a viragem ultraesquerdista do “terceiro período”, que permitirá o ascenso de Hitler na Alemanha, e logo em 1935 quando se dá o giro até a política das Frentes Populares, quer dizer, de colaboração de classes.

Como conclusão, Castillo colocou que “se queremos intervir na realidade política, só sendo uns tolos podemos não querer conhecer profundamente a obra de Trotsky. Seria como estudar física e não querer conhecer Newton, ou Einstein, os físicos quânticos. Não se pode começar do zero. Os fenômenos políticos e sociais são variáveis, mas podemos fazer analogias entre acontecimentos que nos permitam nos apropriarmos do mais alto que deu o pensamento na teoria e na estratégia revolucionária. Sem dúvidas, o proletariado mundial teve na III Internacional o ponto mais alto de seu pensamento estratégico com a conquista do Estado Operário e o enfrentamento com o imperialismo. Não querer se apropriar de uma obra como a de Trotsky, se lutamos para vencer a sociedade capitalista, para construir um governo dos trabalhadores e avançar até uma sociedade emancipada, seria verdadeiramente um ato de cegueira”.

[1Guerra desenvolvida entre 218 a.C. e 201 a.C. entre Roma e Cartago, as duas potências principais que disputavam o domínio do Mar Mediterrâneo, onde Roma termina impondo-se.

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