Sexta 3 de Maio de 2024

Movimento Operário

Greve dos Correios

A impotência da esquerda: adaptação à legalidade e falta de confiança na classe

27 Sep 2007   |   comentários

O brilhante exemplo de combatividade e espírito anti-burocrático dos trabalhadores dos correios tem de ser um marco de reflexão para toda a esquerda. É o ar fresco que pode estar anunciando o ressurgir das lutas operárias e com isso, o ressurgir de uma luta à morte contra os traidores da classe.

Uma greve de um setor decisivo para a economia capitalista, com uma subjetividade de luta decidida como a que vimos nos trabalhadores dos correios só pode ser derrotada por uma combinação vil da burocracia governista (com todas as armas que o estado dá a esse traidores) com a impotência mais completa de uma esquerda legalista que só pensa nos aparatos sindicais e não na organização da classe.

O PSTU, principal oposição nos correios, contando inclusive com diretores na federação nacional, se pautou num processo judicial para destituir a diretoria governista. Preferiu confiar nos juízes burgueses do que na força dos trabalhadores, que fizeram muito mais em dois dias para derrubar a direção traidora do que fariam mil juízes. Sua linha para a greve foi a de alimentar a bronca contra a diretoria visando a próxima eleição sindical e a vitória judicial. Falhou em alimentar a organização na base e a constituição de comissões por local de trabalho para forjar uma nova direção para a greve a partir dos melhores ativistas. Apostou nos acordos e negociações no comando de greve e terminou à margem da luta, praticamente ignorada pela categoria no último dia de greve. O PCO foi contra a greve desde o começo porque “não estava preparada” . Sua visão mecânica dos fatos não permitiu ver que na base da categoria havia um enorme potencial e por isso, foi rechaçado pelo setor mais combativo.

Para o conjunto da esquerda fica o desafio de explicar como o Plebiscito Popular ajudou a greve dos correios? Ou como se pode ajudar a categoria a combater as ameaças de punição judicial enquanto prendem a luta aos estreitos marcos da legalidade burguesa?

Este ar fresco da peãozada dos correios, que enfrenta a polícia com valentia, que aprova a continuidade de sua greve contra tudo e todos, precisa de um outro tipo de direção. Uma direção que se apóie na força da classe para enfrentar a burocracia e a burguesia. Que confie nos métodos de organização pela base e não nos acordos entre correntes. Na capacidade dos trabalhadores de ganhar o apoio dos setores oprimidos pela sua força e não em respeitar a legalidade burguesa por medo de represálias. Lutar para forjar essa direção é a mais importante e urgente tarefa dos revolucionários.

Artigos relacionados: Movimento Operário , Debates









  • Não há comentários para este artigo