Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

REPÚDIO AO ATAQUE À SEDE DA CONLUTAS EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Formar uma comissão independente de investigação

23 Aug 2008   |   comentários

No último dia 20, estivemos presentes ao ato repudiando o ataque à sede da Conlutas, ocorrido no dia 1º de agosto. Naquele então, a direção da Conlutas em São José dos Campos havia marcado uma assembléia com trabalhadores da Revap para fundar uma “associação de ajuda mútua” dos trabalhadores da construção civil. Homens armados trazidos num ónibus fretado atacaram a sede, ferindo trabalhadores com rojões, porretes e inclusive à bala.

Temos atuado firmemente na defesa dos trabalhadores da Revap desde o início da greve, colocando nossas modestas forças em busca de apoio, com abaixo-assinados e declarações de figuras públicas, e de suporte financeiro, com coletas para um fundo de greve dos trabalhadores.

Também frente ao ataque à sede da Conlutas, nos colocamos inteiramente em solidariedade e prontificados a unir nossas forças em defesa da organização dos trabalhadores. Levantamos desde o primeiro dia a necessidade de que as investigações sobre o ocorrido e as iniciativas para evitar que novos ataques desse tipo aconteçam deveriam vir dos próprios trabalhadores e, para isso, propusemos a formação de uma comissão independente de investigação, com sindicatos, organizações democráticas e políticas da esquerda.

Infelizmente, não é esse o caminho que o PSTU, direção majoritária da Conlutas, propõe nesse momento. No ato do último dia 20, a maioria das falas fez eco à declaração da Conlutas e exigiram “do governo Lula, da Polícia Federal, do governo Serra e da Polícia do Estado, que investiguem e esclareçam o papel da CUT, do Sindicato da Construção Civil, da Petrobrás e de suas empreiteiras, que são os principais suspeitos, nestes acontecimentos” .

Como o principal suspeito do ataque é a CUT e o sindicato da Construção Civil, por mais burocrática e traidora que seja a direção dessa entidade, não podemos abrir caminho para que a burguesia, através dos seus serviços de inteligência, ponha as mãos nas organizações operárias. Esse é um gravíssimo erro que deve ser corrigido imediatamente. De acordo à tradição do MO, jamais devemos recorrer ao inimigo de classe para investigar ou julgar as organizações operárias; devemos recorrer sim aos próprios trabalhadores organizados.

No caso da Revap, o governo Lula foi um dos responsáveis políticos da repressão policial aos trabalhadores dentro da Revap no mês de julho, através da Petrobrás. Como podemos chamá-lo então a investigar esse ataque? Como podemos ter confiança na investigação da “Polícia do Estado” , se foi ela que reprimiu duramente os trabalhadores dentro da refinaria? (leia artigo sobre a polícia na pág. 5)

Agora é a hora de confiar uma vez mais em nossas próprias forças e lutar pela formação de uma comissão independente de investigação, com sindicatos, organizações democráticas e políticas da esquerda para esclarecer os fatos e impedir novos ataques.

A luta pela readmissão dos lutadores da Revap deve continuar

Ainda permanecem demitidos os 187 trabalhadores da Revap. A justiça burguesa apenas “determinou que as demissões sejam revertidas para ”˜sem justa causa”™” , deixando sem emprego 187 trabalhadores de vanguarda que combateram a empresa e a polícia.

Agora está em processo judicial a readmissão dos integrantes da CIPA. Não podemos confiar uma vez mais na justiça burguesa. Ela já mostrou a quem servem quando se negou a reverter as 187 demissões, que tinham um claro cunho de perseguição política. Nada nos garante que reintegrará os cipeiros. Além disso, a luta pela readmissão dos outros trabalhadores está abandonada.

Do outro lado, os trabalhadores de São José e região deram diversas demonstrações de disposição para lutar e é neles que devemos buscar apoio. Para isso a Conlutas precisa organizar uma campanha pela readmissão dos lutadores da Revap, com acampamento e panfletagens na porta da Revap e de outras fábricas. E pedir a solidariedade dos trabalhadores de todo o país para com os companheiros nesse momento difícil.

As candidaturas das correntes que fazem parte da Conlutas devem estar a serviço da luta

No período eleitoral, diversas correntes que compõe a Conlutas têm seus candidatos com espaço na televisão e no rádio. Esse espaço tem que ser transformado em tribuna de defesa das lutas operárias, denunciando o ataque à Conlutas e impulsionando a readmissão dos companheiros da Revap. Para além disso, uma vez que a “Frente de Esquerda” eleitoral entre o PSTU e o PSOL se diz estar ao lado dos interesses dos trabalhadores, porque até agora não vimos o candidato a prefeito Ivan Valente utilizar seus espaços na mídia para falar uma palavra sequer sobre esta questão? E porque não vimos o PSTU tampouco fazer qualquer exigência a respeito disso?

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