Sexta 3 de Maio de 2024

Movimento Operário

A experiência dos operários ceramistas e o programa revolucionário

20 Aug 2004 | Extratos da intervenção de Raúl Godoy na Conferência realizada no aniversário do assassinato de Leon Trotsky   |   comentários

O que queremos ressaltar do Programa de Transição, e do que temos tratado de aportar a um processo como o de Zanon?

Falando sobre o segredo comercial e o controle operário na indústria Trotsky colocava diante do problema do desemprego o plano de obras públicas: "no quadro de um plano semelhante os operários reivindicaram a volta ao trabalho por conta da sociedade e nas empresas privadas fechadas estava a causa da crise. O controle operário nesses casos seria substituído por uma administração direta da parte dos operários". Isto é o que temos feito em Zanon. Depois, e falando mais em geral sobre o controle operário, coloca que "a elaboração de um plano económico, sendo o mais elementar, desde o ponto de vista dos trabalhadores e não dos exploradores, é inconcebível sem o controle operário, sem que o olhar dos operários atravesse os aspectos aparentes e ocultos da economia capitalista". Um processo neste sentido se deu em outra fábrica em Neuquén, a cerâmica Stefani (...) onde os operários têm o controle operário no sentido estrito do termo, controlando quanto se produz ou se vende; dessa forma derruba-se o segredo comercial e fica e a patronal fica bastante inquieta, mas os trabalhadores continuam firmes.

Mas para ver aonde apontamos e aonde apontava Trotsky: "Os comitês das diversas empresas devem eleger em reuniões oportunas comitês de trustes, de ramos da indústria, de áreas económicas enfim, de toda a indústria nacional de conjunto. Dessa forma o controle operário passará a ser a escola da economia planificada. Pela experiência do controle, o proletariado se preparará para dirigir diretamente a indústria nacionalizada quando a hora chegar o momento oportuno". Então o que nos interessa ressaltar desde o ponto de vista do processo de Zanon, não é que os operários possam dirigir uma fábrica isolada ou pensar que por uma quantidade considerável de fábricas e empreendimentos vão mudar a sociedade como opinam muitos setores, essencialmente os grupos autonomistas. O que dizemos é que isto é um exemplo pequeno de que os trabalhadores são capazes de organizar racionalmente a produção contra a anarquia dos capitalistas, que se guiam somente pelo interesse de seus lucros. Neste sentido é que estamos fazendo uma pequena escola de economia planificada, como dizia Trotsky, sabendo que somos a única classe que tomando o poder pode organizar a sociedade sobre novas bases em função das necessidades da maioria da população, e não de uma pequena minoria de parasitas capitalistas.

Por último queria terminar com o que considero alguns pequenos aportes que temos feito a nossa classe e ao que se refere Trotsky no Programa de Transição. Trotsky dizia: "Em uma sociedade baseada na exploração, a moral suprema é a da Revolução Socialista. Bons são os métodos que elevam a consciência de classe dos operários, a confiança em suas forças e seu espírito de sacrifício na luta. Inadmissíveis são os métodos que inspiram o medo e a docilidade dos oprimidos com os opressores, que sufocam o espírito de rebeldia e protesto, ou que substituem a vontade das massas pela vontade dos patrões, a persuasão pela coação e a análise da realidade por demagogia ou falsificação (...) Olhar a realidade cara a cara, não buscar a linha da menor resistência, chamar as coisas pelo seu nome, dizer a verdade para as massas por mais amarga que ela seja, não temer os obstáculos, ser fiel às pequenas e grandes coisas, ser audaz quando chegar a hora da ação, essas são as regras da IV Internacional. Ela tem mostrado que sabe marchar contra a corrente. A próxima onda histórica a colocará sobre sua crista".

O Partido de los Trabajadores Socialistas (PTS) é a organização irmã da LER-QI na Argentina, e também faz parte da Fração Trotskista - Quarta Internacional

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