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Economia

A crise financeira não encontra fôlego

17 Aug 2007   |   comentários

Quedas na periferia, forte queda da bolsa japonesa e baixa das taxas de desconto nos EUA

A novidade desta semana é que os países semicoloniais se incorporaram com violência à crise financeira internacional, ao se desfazer ou se verem obrigados a se desfazer, os investidores japoneses e muitos hedge funds (fundos de cobertura de risco) das posições especulativas e investimentos de ativos na periferia, em especial na à sia. Nos últimos anos foi usual pegar empréstimos a taxas de juros inexistentes em ienes (a moeda japonesa), para logo investi-los em ativos de risco (“carry trade” ) na periferia. Isto é o que explica -entre outras coisas- a forte queda nos países emergentes em especial da à sia nesta semana.

O BNP Paribas calcula na bagatela de 1,2 bilhões de dólares os ativos financeiros acumulados por esta prática que inundaram os mercados e ativos da periferia asiática ou em lugares tão remotos como Islândia, Nova Zelândia ou Brasil. Os fluxos de ienes têm sido uma das principais fontes que inundaram os mercados de ativos nos dois últimos anos, junto com o superávit de petrodólares dos países exportadores de petróleo, assim como as grandes reservas em divisas de países como China ou Rússia. A liquidação destes ativos para voltar a pagar caro pelos empréstimos feitos no Japão é o que explica a forte alta do iene. A escala do movimento especulador lembra a violenta alta do iene em 1998, um fator central nas cadeias de reações que levaram à crise bancária global de uma década atrás. Estas recordações e o panorama sombrio que se inicia sobre a economia mundial, abalou a Bolsa de Tokio hoje que caiu 5.4 %, sua maior queda desde os atentados de 11/9/2001. As quedas golpearam fortemente as ações dos fabricantes japoneses de maquinaria como Komatsu, que haviam aumentado suas vendas na China e aos países produtores de matérias primas.

Mais tarde, em um surpreendente movimento, a Reserva Federal reduziu sua taxa de desconto (taxa a qual faz empréstimos aos bancos), o que demonstra a gravidade da crise financeira e mostrando uma disposição à baixa das taxas de lucros federal como vinham exigindo desesperados os especuladores e grandes tubarões das finanças de Wall Street. É que como dissemos em artigos anteriores, a crise tem seu epicentro e ameaça golpear duramente o coração das finanças mundial. Na Europa: os principais bancos europeus já perderam mais de 10% de seu valor acionário. E isto é só o começo!

Europa do Leste, o elo mais débil da crise financeira internacional

Um movimento menor de “carry trade” similar ao do iene, mas com francos suíços, inundou a Europa do Leste nestes anos, financiando uma bolha imobiliária regional. Mais de 80% de todas as hipotecas na Hungria do último ano tem sido em francos suíços. O déficit de conta corrente é de 25% do PIB na Letónia e Bulgária e 18% na România. A Hungria tem um déficit fiscal e de conta corrente. Estes déficits vêm aumentando rapidamente. A Europa do Leste se encontra como a à sia na pré-crise de 97 e pode ser o primeiro elo da cadeia capitalista a estourar.

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