Domingo 5 de Maio de 2024

Nacional

LOCK-OUT PATRONAL E FORTE MOBILIZAÇÃO DE PETROLEIROS

A Petrobrás de Dilma é um sinal de tempos mais duros na luta de classes no país

29 Jul 2011   |   comentários

Quarta, 27/07 petroleiros em todo o país realizaram uma mobilização nacional contra os bônus gerenciais e por participação nos lucros e resultados. Seguindo uma forte mobilização realizada a cerca de duas semanas, os petroleiros continuaram um forte movimento contra os milionários bônus que a empresa modelo de Dilma e Lula está oferecendo a seus diretores (R$ 400 mil) e a todos gerentes e supervisores com valores não revelados. Os trabalhadores mostram crescente disposição de luta e organização apesar de uma média salarial superior a maioria dos trabalhadores do país e também apesar de que a maioria dos sindicatos ser controlados pela FUP (CUT e CTB) e os diretores destes sindicatos terem mil e uma ligações com as gerências da empresa.

Esta empresa oferecida em cada propaganda eleitoral do PT como modelo de um Brasil do futuro já era um modelo de um país baseado na super-exploração do trabalho. O sistema Petrobrás com seus cerca de 80 mil petroleiros próprios e 280 mil terceirizados trava uma guerra civil de pequena intensidade contra os trabalhadores, sobretudo terceirizados, responsável por mais de 500 mortes por acidentes de trabalho desde 1995, é uma empresa que superexplora cotidianamente, omite doenças causadas por exposição a produtos carcinogênicos como o benzeno, e ao mesmo tempo remunera de forma generosa seus acionistas, diretores e gerentes com um dinheiro extraído das riquezas do país e sangue e suor dos petroleiros próprios e terceirizados.

Hoje, nesta mobilização a empresa que já havia se destacado no período anterior junto a neoliberal por definição FENABAN (Federação Nacional dos Bancos) por sua perseguição judicial aos trabalhadores com seus interditos proibitórios mostrou uma cara ainda mais dura em suas práticas anti-sindicais e anti-operárias: organizou o lock-out (uma greve patronal) em duas das maiores refinarias do país: a REPLAN em Paulínia, SP; e na REDUC em Duque de Caxias, RJ. Os trabalhadores foram todos dispensados ao chegarem nas refinarias sem sequer desembarcar dos ônibus.

O lock-out foi organizado contra a votação dos sindicatos (ambos dirigidos pela Articulação Sindical, corrente ligada ao presidente da empresa Gabrielli e a Lula) de ocupar as refinarias até as 23hs.

Tanto a votação dos sindicatos de ocupação, chamada de “vigília”, a disposição dos petroleiros em acompanhá-los nesta medida e sobretudo a medida tomada pela empresa nestas duas refinarias emblemáticas por sua importância na produção e por terem sido ocupadas pelo exército junto a RPBC (de Cubatão, SP) a mando de FHC durante a greve de 1995 são poderosos sinais de tempos mais conflituosos na luta de classes.

O Brasil ainda segue observando crescimento econômico enquanto a maioria das maiores economias do mundo encolhem desde 2008, um novo impacto agudo da crise com a quebra da dívida de algum país fará o país sincronizar-se com o ritmo mundial. E neste sentido se uma estatal, que exemplifica o “Brasil que avança” de Dilma recorre a tais métodos em meio a este distempo nacional, isto oferece um vivo alerta do que realizará o governo e as patronais quando o Brasil estiver mais ao tom de uma Grécia ou Espanha.

Os petroleiros e trabalhadores de todo o país precisam tomar estes sinais, bem como a repressão e militarização de Jirau operada pelas empreiteiras e pelo governo Dilma como um sinal do que as empresas e o governo adotarão para manterem a exploração. É preciso tirar estas lições se preparando para embates mais duros.

Sindicatos que se reivindicam combativos como os nucleados na Frente Nacional dos Petroleiros precisam tirar estas lições e ter uma prática e um programa político que ajude a superar os atuais limites destas mobilizações e ajudem os trabalhadores a lutar por sua unidade.

A preparação para embates mais duros passa pela luta contra os bônus aos gerentes, pela elevação dos salários dos petroleiros e mais estrategicamente por levantar um programa e uma prática política que se enfrente com o legado do neoliberalismo, continuado por Lula e Dilma. A ofensiva neoliberal dividiu os trabalhadores em efetivos e terceirizados por isto é necessário lutar pela unidade na ação em assembléias, comitês de luta, e pela incorporação dos terceirizados sem concurso. A unidade de todos os petroleiros, efetivos ou terceirizados permitirá não só derrotar o método burguês do lock-out como recuperar o método operário da ocupação com controle da produção pelos trabalhadores, garantindo assim os salários, segurança no trabalho e produtos baratos a toda a população, bem como impor uma nova forma de funcionamento na categoria onde as assembléias sejam efetivamente soberanas e controladas pelos trabalhadores.

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