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Sexta 3 de Maio de 2024

Teoria

CICLO "POR QUE TROTSKY?"

3ª sessão debate a Revolução Espanhola na UNESP de Marília

28 Oct 2012   |   comentários

Na última terça-feira, 23/10, realizou-se o terceiro debate do ciclo Por que Trotsky? na UNESP de Marília. Com o título Espanha: a vitória era possível, Claudionor Brandão, diretor do Sintusp, demitido político e militante da LER-QI e Antonio Quiozini, também militante da LER-QI discutiram o processo da Revolução Espanhola e o legado que Trotsky sintetizou a partir deste processo revolucionário decisivo da década de 1930. Veja abaixo notícias e vídeos (...)

Na última terça-feira, 23/10, realizou-se o terceiro debate do ciclo Por que Trotsky? na UNESP de Marília. Com o título Espanha: a vitória era possível, Claudionor Brandão, diretor do Sintusp, demitido político e militante da LER-QI e Antonio Quiozini, também militante da LER-QI discutiram o processo da Revolução Espanhola e o legado que Trotsky sintetizou a partir deste processo revolucionário decisivo da década de 1930.

Antonio abriu a atividade sublinhando os distintos momentos mais importantes do processo revolucionário. Destacou a situação aberta após a queda de Primo de Rivera em 1930, o Biennio Negro (1934-1935) e a conformação da Frente Popular no início de 1936 como forma de desvio do processo revolucionário, dando ênfase no papel traidor dos stalinistas e anarquistas. Estes últimos se negaram a tomar o poder pela via insurrecional em pelo menos duas situações, e capitularam abertamente ao participar da Frente Popular e depois participaram diretamente do governo capitalista, tendo quatro de seus dirigentes como ministros.

Deu ênfase à insurreição de Maio de 1937, quando os operários de Barcelona se rebelaram contra o governo da Frente Popular, e depois de ter o controle militar da cidade foram sufocados pelos próprios dirigentes anarquistas, que saíram na rádio pedindo para os operários deixassem as armas e recebessem com “beijos” as tropas que o governo enviava para reprimi-los.

Ressaltou ainda a trajetória centrista do P.O.U.M desde sua formação com sua assinatura no programa da Frente Popular até a sua atuação em Maio de 1937, quando teve uma política seguidista com a direção da CNT, aguardando que esta tomasse o caminho revolucionário, chamando a volta ao trabalho no meio ainda da insurreição.

Concluiu sua intervenção com a polêmica existente até os dias de hoje, sobre as causas da derrota:

“Talvez a ideia que melhor sintetize as posições de Trotsky em todo o processo é o balanço que ele faz em polêmica direta com stalinistas e anarquistas de que a revolução espanhola não foi derrotada por que tinha menos armas, munições ou recursos do que o exército de Franco. O que faltou segundo ele, foi um partido revolucionário como pudemos ver em diversos momentos do processo revolucionário.

E que longe de ter sido uma revolução “fadada” ao fracasso por uma conjuntura internacional desfavorável – como também defendem stalinistas e anarquistas – a vitória da revolução espanhola teria impactado profundamente a conjuntura mundial, minando o ascenso do nazismo e o curso da Europa para uma nova guerra imperialista”.

Brandão interveio em seguida aprofundando a questão do debate de estratégias e reforçando a necessidade da construção de um partido revolucionário. Demonstrou como o stalinismo não foi a continuidade do bolchevismo, mas sua ruptura aberta, e que nos reivindicamos trotskistas porque Trotsky foi o que legou a continuidade revolucionária com o marxismo. Debateu ainda a contradição que leva os anarquistas a se aliarem á burguesia nos momentos chave, ou a serem derrotados:

“A característica mais elementar de uma revolução é a passagem do poder de uma classe para a outra. Quando o anarquismo nega esta necessidade, isto é, a necessidade da tomada do poder não faz mais do que negar o fim último da revolução e quando nega este fim, nega por conseqüência os meios...”

Colocou ainda como o problema dos anarquistas é sua falta de estratégia para manter-se no poder, já que negam a ditadura do proletariado como forma de exercer a dominação de classe dos trabalhadores contra a burguesia, que segue existindo mesmo após a usurpação do poder. Neste sentido, ressaltou como os preconceitos anarquistas impedem que estes possam ser uma alternativa, já que como dizia Trotsky a luta de classes longe de se encerrar após a tomada do poder, se intensifica, com as forças revolucionárias tendo que enfrentar-se aos exércitos da contrarrevolução, tal como ocorrera na Revolução Russa de 1917.

Por fim, ressaltou como temos que pensar não só a questão do combate à opressão ou ao "autoritarismo", mas acima de tudo como terminar com a exploração, pois a exploração envolve uma questão de classe e como a visão anarquista apaga isso.

Como conclusão final sobre os importantes ensinamentos que Trotsky nos legou a partir da análise deste processo, Antonio e Brandão ressaltaram que o revolucionário russo não só estudou e compreendeu profundamente a realidade espanhola, como tirou profundos ensinamentos estratégicos dessa revolução, buscando todas as formas para que essas idéias confluíssem com o movimento vivo de luta das massas, travando lutas políticas importantíssimas com setores de dentro de fora da IV internacional. Dentre estas figura a luta para conformar o entrismo no PS em meados de 1933 ou as centenas e milhares de correspondências enviadas a vários dirigentes espanhóis e entre eles Andrés Nin.

“Este não é um pormenor do legado de Trotsky que queremos resgatar, já que reflete na nossa concepção a atuação de um revolucionário marxista, que não se contentou em exprimir teoricamente e de maneira brilhante os grandes fenômenos da luta de classes em que se deparou por toda sua vida (como até muitos intelectuais da esquerda ou até da própria burguesia reivindicam) mas se colocou a ser protagonista das grandes convulsões históricas que podem libertar o proletariado e o conjunto da humanidade”.

“A teoria e as grandes questões de estratégia revolucionária não podem ser um utensílio que utilizamos quando queremos enfeitar algum cartaz ou panfleto com alguma citação famosa e não pode ser também a enciclopédia fria e acumulativa que a academia nos apresenta. Como falaram nossos camaradas nas ultimas mesas, “a academia faz estudos muito profundos, para esquecer tudo logo depois”.

Nossa perspectiva é resgatar o legado de Trotsky para que ele se torne força material nos enfrentamentos da juventude e da classe trabalhadora contra a burguesia e sua crise!

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