Sábado 18 de Maio de 2024

Movimento Operário

TODO O APOIO AOS TRABALHADORES, ATÉ DERROTAR O ATAQUE DA EMPRESA

Terrabusi: uma grande batalha da classe operária argentina

10 Sep 2009   |   comentários

A luta das trabalhadoras e trabalhadores de Terrabusi continua tenazmente. Desde que no dia 18 de agosto houveram mais de 160 demissões, os trabalhadores começaram uma luta que incluiu até agora assembléias permanentes continuas, três fechamentos da Panamericana (rodovia em frente à fábrica), duas marchas ao Ministério do Trabalho, além de dois festivais, um de mais de 1000 pessoas, e atos na porta da empresa. Os trabalhadores de Terra, em que pese a conciliação obrigatória ditada pelo Ministério do Trabalho que busca manter os operários passivos durante 20 ou 30 dias, mantiveram-se firmes e em pé na luta. A patronal violou de forma sistemática suas “obrigações” na conciliação sem que o Ministério do Trabalho fizesse algo serio para impedi-la, para além de suas intimações. Neste marco os trabalhadores não ficaram a esperar as boas gestões que prometia Rodofo Daery e lutaram. Diferentemente de outros conflitos, onde a conciliação significou para os trabalhadores uma maior trava para desenvolver sua luta como foi o caso de Fate, onde conseguiram poucas assembléias e marchas, aqui se póde manter uma mobilização importante. Nisto cumpriram um grande papel os ativistas, os demitidos e os não demitidos, que contam com o apoio da base da fábrica que se mantém em sua grande maioria solidária com os demitidos.

Depois da mobilização ao Ministério da quarta-feira passada, a direção do sindicato deu por finalizada sua participação na luta. Desde esse momento tentam convencer aos companheiros para que deponham toda medida. Chegaram ao cúmulo de convocar uma Plenária de Delegados do sindicato para se negar a votar qualquer medida de apoio a Terrabusi. Depois da marcha da quarta 26 chamada por Daer, continuou por mais um dia a paralisação de atividades sob a fórmula de “assembléias permanentes” sempre fustigadas pela empresa e agora pelo próprio sindicato. Depois de dias de luta e apertos contínuos, os trabalhadores decidiram “descansar” uns dias em suas medidas mais duras como a assembléia permanente em toda a jornada de trabalho.
Esta decisão foi tomada por alguns trabalhadores como uma “trégua” para poder recuperar forças e tinha como dada de finalização a terça-feira às 6h da manhã. A empresa respondeu com prepotência. Fechou a entrada da fábrica com um alambrado intimidante, reforçou a segurança e despediu a um reconhecido ativista no meio da conciliação e a patronal nem sequer foi intimada pelo Ministério para que cesse com esta medida ilegal. Cada minuto que os trabalhadores o tomam para descansar é utilizado pela patronal para atacar. Por isso foi correta a decisão de estabelecer uma data precisa de retorno às medidas de luta no momento em que se produziu a “trégua” . Na terça passada às 6h em ponto se retomou a paralisação das atividades. Os apertos de gerentes, líderes e agentes de segurança foi novamente brutal. Os demitidos colaboraram para que seja possível garantir as medidas dispostas. Os gerentes e a segurança chegaram até a agressão para tentar quebrar aos trabalhadores. Não puderam. Na quarta 2 de setembro voltou-se a fechar a Panamericana e a luta dos trabalhadores de Terrabusi voltou a ocupar um lugar destacado nas notícias do país. Um grupo de trabalhadores e familiares foram até o Congresso para se encontrar com deputados e conseguir apoio. Na quinta participaram das marchas das Madres na Plaza de Mayo. As medidas a tomar podem ser muitas, as que melhor se ajustem à força dos próprios companheiros tendo em conta aos distintos setores da fábrica. Para isso é necessário que as assembléias sejam massivas e seja possível discutir com profundidade quais são as medidas de luta mais adequadas para mantê-las no tempo, como se conseguiu fazer no turno da noite, onde na quarta passada se reuniram mais de 300 companheiros para resolver os passos a seguir.
Agora nos distintos turnos se está discutindo qual é a melhor forma de seguir.

Há companheiros que defendem a necessidade de organizar-se melhor e formas Comissões de Luta em cada turno para organizar um fundo de luta, a difusão do conflito e as distintas atividades que requer uma briga desta envergadura, que é sem dúvida a greve de fábrica mais importante das últimas décadas. O fundo de luta é fundamental porque a empresa já disse que não queria pagar o salário aos companheiros demitidos. A patronal ianque, com um cinismo inédito, os acusa de não cumprir com suas tarefas assinadas, ou seja, por não estarem fechados em um quincho como eles querem. Os companheiros de Zanon cumprindo com sua promessa contribuíram já com 2000 pesos e em distintos lugares se está juntando dinheiro que tem que ser o necessário para que ninguém tenha que abandonar a luta por esse motivo.

Por outro lado temos que nos preparar para os dias que se vem, que serão decisivos. Na terça 8 vence a conciliação obrigatória e ninguém sabe se o Ministério, que faz já uma semana não convoca a audiências, a prorrogará ou não. Como seja, a luta tem um objetivo claro: “Todos dentro, nenhum companheiro na rua” e temos que estar organizados para tomar as medidas necessárias e mais contundentes se a patronal não retrocede. Não só desde Terrabusi, senão também desde todas as fábricas do sindicato tem que arrancar-lhe [ao sindicato] a paralisação geral da alimentação que se vem reclamando desde a base, e pedir medidas de ação concretas à CGT e à CTA.

O PTS põe todas suas forças para que esta luta triunfe, porque sabemos o que significa este ataque, a intenção de derrotar um ativismo estendido que conquistou junto à base da fábrica uma nova organização como é o Corpo de Delegados por setor que impede que a patronal possa descarregar com todas suas forças o custo da crise sobre as costas operárias. Querem impedir que este exemplo de organização independente se estenda pelas grandes concentrações operárias da Zona Norte e, porque não, de todo o país. Sabem que se isto acontece começaria a se gestar um movimento operário combativo no coração da grande indústria. É por isso que temos que lutar até derrotar o ataque da empresa.

PTS Zona Norte

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VOZES DOS TRABALHADORES:

“Não temos que abaixar os braços, temos que lutar”

Carta a meus companheiros

Temos que manter-nos unidos. A empresa o que quer é que nos separemos, para que não lhes ganhemos. (...) Não temos que baixar os braços, temos que lutar. Quanto lutamos já, vamos dar-lhe o gosto de ver-nos separados, de dar-nos por vencidos? Somos mais. Temos o apoio de nossos companheiros, de gente de fora. Lembrem da Cerâmica Zanon. A agarrou o governo, agora é dos trabalhadores. Vamos dar a batalha, eu não vou baixar os braços porque isto é injusto. É difícil, mas é possível. Se queremos e nos mantivermos unidos, respeitando as votações das assembléias, nós vamos ganhar por cansaço a eles. Se nós baixarmos os braços, o que vamos demonstrar aos que nos estão ajudando, fazendo-nos resistentes? Não baixemos os braços. Se já começamos a lutar, são eles os que estão em falta. Não somos escravos, presos ou animais. Vamos a nos fazer respeitar. Vamos permitir que no atropelem desta forma, isolando-nos, humilhando-nos, rechaçando-nos, separando-nos? Basta! Tranqüilizem-se, pensem. Mais não podemos perder: já não temos trabalho, vamos dar a luta para recuperá-lo. Eu não vou a me dar por vencida. Não gosto das injustiças, e isso é o que fizeram com nós. Assim que eu vou a lutar: vou ir quando eu quero, não quando eles nos digam.

María Milagros 30/08

“Aprofundar nossa luta até que reincorporem a todos os demitidos”
“A unidade entre demitidos e não demitidos tem mostrado uma grande fortaleza, que serva para lutar contra as circunstâncias que impõe a patronal. Mas começa a haver titubeadas da Lista Verde ou diretamente a passagem para o lado da empresa, jogando rumores por baixo, metendo medo. Mas acreditamos que se seguirmos na luta, que queremos a reincorporação, queremos voltar de novo depois deste dois dias que nos demos de descanso, temos que discutir como seguir: corte de estrada, assembléia permanente. Hoje fica totalmente claro que a via do Ministério é uma via totalmente morta. O governo não faz mais que intimidar à empresa, mas já na última audiência já nem se quer faz isso. Temos que confiar só em nossa própria força, e decidir nas assembléias com que medidas aprofundaremos nossa luta até que reincorporem a todos os demitidos” .

Oscar, delegado demitido 29/08

“A empresa vai por tudo, e temos que nos por à altura”

A fábrica está parada. Os demitidos estiveram 4 dias no quincho, tiveram um impasse para retornar força e seguir. Agora os trabalhadores tem resolvido retomar a assembléia permanente nos distintos turnos. Está programado realizar cortes na Autopista Panamericana. O Ministério tem demonstrado que não o interessa resolver a situação dos trabalhadores, a empresa está em uma ofensiva total. Despediu um companheiro dentro da conciliação. Hoje os gerentes percorreram a fábrica com policiais civis, filmando aos companheiros. Foram repudiados, tirados do setor. Mas nos encontramos em uma pulsada muito grande, também o sindicato defende que sigamos os passos do Ministério do Trabalho. Acreditamos que isso é um beco sem saída. Creio que é necessário um comitê de apoio. Está-se organizando nos três turnos o fundo de greve. A empresa vai o todo pelo todo, e nos temos que colocar à altura, e não dar o braço a torcer. Temos todas as condições para ganhá-la

Javier Hermosilla Miembro da Comissão Interna

“Se não há assembléia permanente e corte, não haverá resolução favorável”

O Ministério está vacilando. O sindicato defende que o vai resolver o Ministério do Trabalho, Tomada. Nós com os trabalhadores entendemos que se não há uma pressão, com assembléia permanente e o corte da Panamericana, não haverá nenhuma resolução favorável.
Néstor Penayo Miembro da Comissão Interna

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CARTA DOS TRABALHADORES DE KRAFT DA COLÔMBIA

“É realmente alentador para os trabalhadores ao serviço da Multinacional Kraft na Colómbia, dar-se conta que Operários de outras latitudes estejam convencidos que é através da luta que se fazem respeitar os direitos dos mesmo, na Argentina os trabalhadores ao serviço desta Multinacional, tomaram as instalações da fábrica porque a Empresa despediu a 160 trabalhadores sem justificativa alguma, inclusive alguns deles representantes do Sindicato que contam com foro sindical (...).

As condições para os trabalhadores ao serviço desta multinacional na Colómbia não são nada diferentes, atropelos, demissões, problemas de saúde ocupacional, péssimas condições de trabalho, planos de demissão voluntárias, marcação etc., que pese a tudo isto seguimos resistindo, apoiando-nos em outras organizações na denuncia, capacitando aos trabalhadores para a defesa dos direitos e realizando campanhas para denunciar a nível internacional as políticas desta Empresa; em tal sentido exaltamos a corajosa luta que decidiram empreender desde o passado 18/08 contra esta multinacional e lhes reiteramos que desde Colómbia faremos tudo o que esteja a nosso alcance por dar a conhecer a nível internacional a política global desta Empresa, que pretende passar-se por cima das leis nos países onde faz presença, desconhecendo os direitos dos trabalhadores, a legislação trabalhista e os tratados internacionais em matéria trabalhista e sindical.

Essa luta que estão dando vocês hoje é nosso exemplo a seguir, para contrapor as políticas anti-operárias desta Empresa no mundo inteiro. Nossas mais sinceras saudações e os desejos da culminação pronta e satisfatória desta luta latino-americana que hoje estamos dando contra esta Multinacional a favor dos trabalhadores” .

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APOIO DA OPOSIÇÃO DOCENTE

No sábado passado, dia 22 os SUTEBAS Escobar, La Plata e a minoria de Tigre nos fizemos presentes na porta da fábrica Terrabusi-Kraft para brindar-lhes todo nosso apoio às e aos operários demitidos.
Os docentes da lista Marrón e a corrente naciona 9 de abril organizaram esta atividade onde distribuimos milhares de panfletos que continham centenas de assinaturas de docentes solidários.

A delegação esteve composta por 40 docentes das seguintes agrupações: Corriente Nacional 9 de Abril, Almafuerte de Escobar, Verde de Tigre, Carlos Funtealba e Docentes em Marcha dos distritos de Tigre, Gral Sarmiento, San Martín/Tres de Febrero, Escobar, Pilar e La Plata, junto a José Magallanes secretário geral do SUTBA de Escobar; Mara Llanos e José Ferrajulo da diretiva de SUTEBA La Plata.

Porque consideramos que os trabalhadores temos que estar juntos quando nos atacam, pegando com um só punho ante semelhante injustiça. Porque nossos alunos tem que ter pais com trabalhos e porque as professoras tem que ensinar que com a luta se pode mudar tanta injustiça.

José Pepe Ferraiuolo

Secretário de Comunicações de SUTEBA La Plata

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