Terça 30 de Abril de 2024

Juventude

Surge uma Corrente Marxista Universitária em Ação

06 Jul 2003   |   comentários

A CO.M.UN.A. (COrrente Marxista UNiversitária em Ação), corrente que lançamos agora após meses de discussão com jovens de diversas universidades, se insere na realidade nacional e internacional e em suas contradições como um pólo da juventude que se coloca na linha de frente da luta revolucionária. Frente à situação que vivemos, não pretendemos ficar enclausurados dentro das universidades, à margem dos grandes acontecimentos que se avizinham. Queremos ser parte destes acontecimentos, fazendo tudo que pudermos para superar o capitalismo e com ele todas as contradições da sociedade dividida em classes. É por isso que nós, enquanto jovens e estudantes, estamos fundando uma corrente marxista nas universidades, como parte de uma grande juventude revolucionária que lute dentro e fora delas.

Hoje no Brasil, com a direitização aguda do PT no governo, a discussão sobre a necessidade de um partido revolucionário está na ordem do dia. Importantes setores da esquerda petista começam a procurar uma nova alternativa para manter seu prestígio mais ou menos intacto frente à desilusão com este governo, construindo um novo partido reformista ou centrista de direita, que ocupe o enorme espaço à esquerda que o giro de Lula deixou vazio. A esquerda, que durante quase vinte anos construiu o PT como se este fosse o partido da classe, se enreda em sua própria teia, mostrando-se incapaz de rever seus erros durante todos esses anos. O próprio PSTU que rompeu com o PT há cerca de dez anos nunca fez o balanço histórico de seu papel neste processo, e agora chama a esquerda do PT a construir um novo partido, o velho "PT das origens".

Mas nós não queremos re-editar os erros do passado. A corrente que estamos fundando lutará ate o fim, na medida de suas forças, para que a desilusão em Lula se converta num trampolim para grandes lutas revolucionárias, pois se não formos capazes de apontar uma saída revolucionária, a desilusão poderá se tornar um elemento de prostração e desorganização. O processo atual acentua para nós a necessidade de os trabalhadores superarem a experiência do PT através da construção de um partido que seja uma verdadeira ferramenta para a revolução operária e socialista. Um partido revolucionário que seria, necessariamente, radicalmente diferente de todos os partidos hoje existentes, em que a juventude tem um papel fundamental a cumprir, pois sua energia revolucionária é o que permite, na prática, realizar uma nova síntese de toda a experiência da esquerda brasileira nos últimos vinte anos, ou seja, desde a fundação do PT. Com a nossa atuação nas universidades, baseada numa práxis revolucionária, queremos impulsionar a construção desta imprescindível ferramenta histórica.

Para isso desnudaremos com tudo a atual crise da universidade, expressão da própria crise económica estrutural capitalista, que obriga a burguesia a cortar gastos com a formação de técnicos e cientistas que o mercado já não pode absorver, o que faz com que o objetivo do estudante que entra na universidade de se formar e ter uma vida estável fique cada vez mais distante. Frente aos grandes embates da luta de classes por vir, queremos nos ligar de todos os modos aos setores do movimento estudantil que, após divisões internas, possa funcionar como uma espécie de caixa de ressonância das contradições da sociedade.

Nesse sentido, buscamos ligar a luta do movimento estudantil na universidade e fora dela à luta pela transformação revolucionária da sociedade, e colocar a universidade a serviço desta luta. Queremos construir uma corrente que seja capaz de forjar verdadeiros intelectuais orgânicos da classe operária, que se liguem a um partido revolucionário que seja a expressão consciente dos interesses históricos desta classe.

Para nós, a teoria revolucionária não está pronta nos clássicos, pelo contrário, ela se forja historicamente em estreita conexão com o avanço de um movimento verdadeiramente revolucionário. Quando nos declaramos abertamente como marxistas revolucionários, o que defendemos é o método empregado por Marx, o materialismo histórico e dialético, verdadeiro guia para a classe trabalhadora em sua luta revolucionária.

A corrente que estamos fundando não por acaso se chama COMUNA. Seu nome é para nós uma homenagem à luta dos trabalhadores que formaram a Comuna de Paris em 1871, e que entraram para a história como a primeira experiência do proletariado no poder, tomando o céu por assalto. A CO.M.UN.A. que estamos fundando estará sempre apoiando e divulgando as lutas dos trabalhadores de todos os países. Na atual situação, em que um novo momento histórico está se abrindo, em que a classe operária começa a resgatar uma nova subjetividade revolucionária, impulsionaremos campanhas de solidariedade internacional ativa, e utilizaremos as mais avançadas experiências de vanguarda para teorizar e tirar as lições necessárias para a recomposição da classe trabalhadora como sujeito histórico independente.

Este chamado se dirige a todos os estudantes que queiram se unir à luta pelo fim do capitalismo e da exploração do homem pelo homem, imposta por este sistema. A todos aqueles que querem se colocar ao lado dos trabalhadores, a única classe que a partir de suas lutas pode derrotar a burguesia. Aos jovens que querem buscar a síntese das experiências do movimento operário necessária para a construção de um partido verdadeiramente revolucionário e àqueles que defendem a paz entre os povos e a guerra entre as classes.

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