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Teoria

TEORIA

Seminário na USP discute precarização do trabalho, opressão racial e neoliberalismo

18 Sep 2010   |   comentários

A partir do Centro DESFORMAS, constituído por investigadores docentes e estudantes de pós-graduação após a histórica ocupação da Reitoria da USP em 2007, ao qual nos juntamos em 2009, estamos organizando o Seminário “Precarização, Apartheid e Desmanche”.

O seminário começou em grande estilo, com a apresentação de cenas teatrais montadas pelo Grupo Engenho. Na falta de condições para expressar aqui a contundência e a força crítica da apresentação, Reproduzimos um pequeno trecho da proposta apresentada pelo grupo ao seminário: “O que se percebe nas cenas – e isso não é exclusividade do Engenho, mas uma característica comum de parte significativa do teatro de grupo de São Paulo – é uma poética do desmanche. Sem prévia combinação, parece que os grupos fazem o inventário estético e a denúncia política das contradições, impasses e becos em que o capitalismo atola a humanidade. Ressalta a barbárie e uma cegueira geral, se é que se pode usar este termo: os grupos não enxergam e não teatralizam a superação dessa situação, apenas registram o pântano, Engenho incluído”.

Falta de perspectiva que, no entanto, sensibiliza e faz pensar, constituindo assim, ao menos potencialmente, contribuição importante para uma tomada de posição revolucionária diante dos dilemas atuais da humanidade. Aliás, isso remete também à proposta inicial do seminário, da qual extraímos um trecho ilustrativo: “O papel da escravidão negra no período colonial, e até as margens da passagem à contemporaneidade capitalista, constitui um dos focos principais da reflexão sobre a formação social brasileira. (...) Buscaremos, a partir de temas históricos, artísticos, culturais e sociológicos (em particular da chamada ’sociologia do trabalho’) levantar pontos para reflexão e tomada de posição a respeito das formas atuais de exploração, e de como se combinam hoje aquilo que Marx chamou de ’escravidão assalariada’ com formas perversas de ’semi-escravidão’ nominal – sob a forma de ’terceirização’, ’informalidade’, entre outras – figuras renovadas de um ’apartheid’ social ainda vivido, e que, insuspeito, forma parte do próprio cotidiano da Universidade.”

Fica o convite a participar das próximas sessões, e a certeza de que o que estamos construindo vai na contra-corrente do conformismo imperante na universidade brasileira, e na corrente principal da recuperação do viés crítico radical que inspirou nossas melhores manifestações culturais e artísticas, grupo Engenho incluído.

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