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RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro: os reflexos de Junho, é possível vencer

25 Sep 2013   |   comentários

O país mudou muito desde Junho e o Rio mais ainda. Estas novidades se expressam na revolta cotidiana nos trens e nestas novas greves que tem seu ponto mais alto nos professores do município, mas também atinge os professores do Estado e de diversos outros municípios.

Em meio a continuada não aparição de Amarildo; novas denúncias de humilhações, roubos e repressão nas UPPs, sobretudo na Rocinha; repressão ao direito de se manifestar também no asfalto, de usar máscaras e com a perseguição eletrônica, telefônica e policial aos manifestantes, que o governo Cabral realiza com sua CEIV, setembro vai chegando em seus últimos dias com uma novidade na luta de classes em muitíssimos anos. Os professores municipais depois de longa e muito massiva greve suspendida no começo do mês (depois de mais de 19 anos sem greves) retomaram a greve após o prefeito Paes enviar projeto sobre seu plano de cargos e salários que descumpre as negociações realizadas.

O país mudou muito desde Junho e o Rio mais ainda. Estas novidades se expressam na revolta cotidiana nos trens e nestas novas greves que tem seu ponto mais alto nos professores do município, mas também atinge os professores do Estado e de diversos outros municípios. Expressa-se também na inicial mas muito importante reorganização do movimento negro em curso.

Se faltassem motivos para se mobilizar sempre surgem novos. Da corrupta casa de milicianos e apoiadores de empresários como Eike Batista que é a ALERJ vem a seu plenário um reacionário PL 416/2011 apoiado por boa parte da base parlamentar de Cabral, que visa instituir um “estatuto do nascituro regional”, que, com a desculpa de “salvar vidas” pretende criminalizar as mulheres que recorrem ao aborto em um país onde as mínimas condições de saúde e moradia elementares para um digno exercício do direito à maternidade não existem.

Com tantos motivos era para estarmos vendo a Rio Branco lotada de jovens como em junho e julho e isto não acontecer causa estranhamento, tristeza em muitos ativistas e em trabalhadores que mesmo que não tenham sido muito ativos naquelas jornadas eram apoiadores do que seus colegas mais jovens e filhos faziam. Este estranhamento faz muitos concluírem que o “gigante que despertou” era um produto da mídia, que ele havia despertado e voltou a dormir, etc. Com tantas greves, com tanta revolta nascendo dos ramais da supervia, descendo os morros (em menor escala mas igualmente constituindo-se como uma novidade histórica) não concordamos com esta análise. Junho segue, mesmo que disperso e se reorganizando.

Este refluxo é produto de um cansaço, uma dispersão, e também é produto da divisão do movimento entre o Fórum de Lutas (onde atuam PSOL e PSTU) e a Frente Independente e Popular, e entre ambos e as lutas em curso (com nenhum dos dois tendo iniciativas para ligar-se com a greve de professores como a situação permitiria). Este refluxo das grandes ações de rua também nos exige parar para refletir em como organizamos ações para coordenar e fortalecer as lutas em curso (como as greves de professores), para lutar pela liberdade de todos os presos políticos no país, para barrar este brutal ataque aos direitos das mulheres como a PL 416. Para dar passos neste sentido o brutal sectarismo de distintos grupos com as iniciativas dos outros precisa ser superado.

Este sectarismo só será superado quando colocarmos de pé algo que faltou em junho. Enraizarmos o movimento e controla-lo democraticamente desde as bases, realizando assembleias na UFRJ, na UERJ, nos locais de trabalho, que coordenem suas lutas específicas (como contra a EBERSH na UFRJ) com estas necessidades imediatas como a luta pela aparição de Amarildo, libertar os presos políticos, extinguir a CEIV e barrar o PL 416. Podemos expressar a continuidade de junho de forma muito mais coordenada e vitoriosa do que está acontecendo, é questão de tirarmos lições e nos mover para apoiar as lutas em curso!

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