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Teoria

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Revista Iskra nº 1

28 Oct 2008   |   comentários

Entre o final de outubro e o início de novembro próximo virá a público a primeira edição da Revista ISKRA de teoria e política marxista.
Trata-se de uma iniciativa encabeçada por uma nova geração de intelectuais militantes, todos com idades entre vinte e trinta anos, que se dispuseram a dar corpo a uma nova ferramenta de combate para a reconstrução do marxismo revolucionário através do debate com as idéias profundas que influenciam a esquerda brasileira e mundial.
Num momento em que surgem por diversos lados sintomas de uma recuperação do interesse teórico pelo marxismo, e cresce seu poder de atração sobre parcelas da juventude universitária, queremos contribuir com a Revista ISKRA para revitalizar o debate marxista e devolver a ele o seu conteúdo mais radical e revolucionário, em contraste com o academicismo que contamina muitos dos melhores esforços feitos pelos jovens pesquisadores que se dedicam ao tema.

Em particular, dedicamos nossos esforços para desfazer alguns mitos amplamente aceitos, como é o caso, neste primeiro número, da mitologia que costuma cercar as figuras de Georg Lukács e Caio Prado Jr., intelectuais em geral associados à idéia de um “marxismo criativo e original” , em cujas mãos ele perde, no entanto, seu caráter irreconciliavelmente revolucionário e internacionalista.

Queremos contribuir com um marxismo que fuja da adaptação à esterilidade acadêmica, que combata os preconceitos de uma esquerda “cult” e domesticada, que proclame seu caráter proletário enquanto ciência e guia para a ação, compreendendo nisso a tarefa de ser mais, e não menos, universal; mais, e não menos, refinado; mais, e não menos, agudo e transformador. Em outras palavras, nada mais distante de nossos objetivos do que a exaltação “obreirista” da classe operária em si, tal como foi moldada a partir dos anos e anos de derrotas e traições; ou a auto-complacência do ativismo rotineiro: sindicalista, estudantilista, ou eleitoralista.

Ao mesmo tempo, como órgão fomentador de debates candentes no seio do movimento estudantil, queremos contribuir para o desenvolvimento de frações efetivamente revolucionárias em seu seio, num momento em que o modo petista tradicional de militância estudantil está cada vez mais questionado, sem que no entanto as vanguardas combativas que têm surgido de norte a sul do país tenham, até o momento, se elevado a um patamar revolucionário consciente.
Queremos aportar para que o novo movimento estudantil que começa a surgir possa se dotar de um programa em que a aliança estratégica entre estudantes e trabalhadores seja vista como um ponto decisivo, tanto para os combates no interior da universidade, como fora dela.
Queremos levar o debate ideológico para dentro das salas de aula, onde os professores ensinam como “ciência” uma série de conceitos e concepções que, longe de explicar a realidade em seu movimento contraditório, colocam renovados obstáculos para o seu conhecimento. Questionar muitas idéias amplamente aceitas como parte de um senso comum acadêmico, que são pilares da estrutura curricular nos cursos de humanas das principais universidades do país, e mostrar como o uso ideológico pela burguesia de distorções dos próprios fatos históricos, como a revolução norte-americana, se tornou uma de suas melhores armas para impedir que o espírito crítico dos estudantes amadureça na forma de uma tomada de posição resoluta contra o sistema de exploração dominado por aquela classe e o seu Estado. Como parte desse mesmo movimento, queremos contribuir com uma minoritária, mas importante, camada de professores que se colocam no campo do marxismo ’ alguns inclusive que se reivindicam revolucionários -, para, através de debates profundos e estratégicos, ampliar cada vez mais o raio de influência do marxismo.

Também com relação à arte e ao debate estético, queremos retomar as melhores definições que ligam a arte ao conhecimento de si da humanidade e sua busca pela emancipação, mostrando que não há barreiras entre a arte verdadeira e o combate revolucionário, como se mostra no percurso paradigmático do surrealista Benjamin Péret; e que, portanto, são apenas as mistificações e os fetichismos da sociedade capitalista que parecem erguer barreiras entre arte e revolução.
Em todos esses temas e aspectos da realidade, nosso esforço é apresentar uma visão integral, em que teoria e prática estejam ligadas, e a doutrina marxista, expressão máxima da independência ideológica da classe operária, seja instrumento para a conquista na prática da sua independência política, pressuposto de seu papel hegemónico como classe capaz de responder aos anseios de todos os oprimidos pelo capitalismo.

Em meio às turbulências causadas pela crise económica em todo o mundo, enquanto o pânico se alastra entre os capitalistas, os governos imperialistas anunciam planos infames para destinar bilhões aos maiores exploradores e parasitas, e as massas trabalhadoras começam a sentir os primeiros impactos da enorme série de sofrimentos que o capitalismo lhes reserva no próximo período, é mais urgente do que nunca a tarefa de desenvolver um pensamento marxista revolucionário, à altura de tamanhos desafios.

Com esse novo instrumento queremos contribuir para um novo desenvolvimento do pensamento e do debate marxista no país, em particular para a formação de uma nova geração de estudantes e intelectuais marxistas revolucionários, identificando e avançando para superar, na medida de nossas forças, alguns dos principais vícios e limites que vêm marcando o debate entre os marxistas e as reflexões sobre a realidade brasileira e mundial.

Pedidos: [email protected]

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