Domingo 5 de Maio de 2024

Movimento Operário

GREVE DE PROFESSORES

Repressão e bônus de um lado e a combatividade dos professores de outro

05 Apr 2010 | Na última quarta-feira, 31 de março, vigésimo terceiro dia de greve dos professores estaduais, foi realizado um ato-assembléia de cerca de 15.000 professores com apoio de alunos, estudantes universitários e outras categorias.   |   comentários

Um dia antes do ato, o Serra anuncia que dará o aumento de 25% do salário retroativamente a Janeiro não somente para 20% dos professores que fizeram a prova de promoção, mas sim a cerca de 20% da categoria inteira, isto é, a 44 mil professores. Ao mesmo tempo em que tenta quebrar nossa greve fazendo concessões a alguns setores, atua com repressão e se mantém intransigente nas negociações. No dia do ato descobrimos que o carro de som foi impedido de chegar na Paulista. Depois de 4 prisões por meras apitadas, de perseguições políticas, de repressão física no Palácio, e impedimento da entrada dos comandos de greves em algumas regiões, não nos surpreende mais um ato de restrição de nosso direito de se manifestar a fim de lutar por uma educação pública de qualidade. Começamos a nossa manifestação e logo tomamos a rua de assalto a despeito dos cordões de policiais que acorrentavam uma massa que já não cabia em si. Claramente não se estava esperando uma manifestação tão grande. O ato começou mas o parco sistema improvisado de som que possibilitava as mesmas falas repetitivas foi quase completamente ignorado pelos professores, que se puseram a caminhar em passeata logo que tomaram a rua.

Um novo capítulo da greve

O ato do palácio não só desmascarou para uma boa parte dos professores a postura da direção (que perante a radicalização dos professores tirou a política de isolá-los do restante dos professores no ato), como serviu de liga para que se conformasse um setor mais coeso e seguro de sua combatividade e da necessidade da luta, mesmo que ainda não organizado, infelizmente pela falta de alternativa. Desta forma a presença da Globo que foi passada em branco em todos os outros atos, neste foi estopim para uma manifestação espontânea surgida de seu próprio papel criminoso de caluniar a greve inclusive com dados falsos (de 1% de paralização, falando em 8 mil professores em nossas passeatas) e ao mesmo tempo publicizar ao extremo o governo Serra e principalmente seu projeto da Educação Básica, que na verdade é uma precarização do professor e de seu trabalho e do ensino, “maquiada”de “modernidade”. Desta forma a Globo foi arrastada para fora da manifestação pelos professores, protegida por um cordão de policiais, enquanto cerca de 300 professores gritavam: “O povo não é bobo, abaixo a rede Globo!”. Na passeata, mais uma vez nosso bloco do Movimento Classe contra Classe, A Plenos Pulmões e Pão e Rosas foi um dos mais enérgicos, o qual chegou a 500 pessoas com palavras de ordem politizadas, não só denunciando o Serra, mas chamando e anunciando o apoio dos estudantes ao movimento, a necessidade imediata de efetivação de todos os temporários e cantando fortemente em repúdio à repressão.

Votação

Inicia a assembléia na Praça da República. Se lê a pauta discutida e aprovada pelo conselho de representantes. A única coisa que não foi estabelecida nela foi o local da manifestação na próxima semana. Mas poderia estar até escrita lá, pois a maioria absoluta do Sindicato, incluindo Direção e Oposição votaram Praça da República. Porém este posicionamento mostra a completa falta de sensibilidade para ver que mesmo reduzida a mobilização dos professores grevistas atingiu um grau diferente que foge a rotina sindical, que tomar as ruas pela Paulista e Consolação é uma forma insubstituível de ter visibilidade e dialogar com a população contra as mentiras do Serra. Obviamente se votou continuidade da greve até quinta. E contrariamente ao Sindicato (e, lamentavelmente, também contra a Oposição), se votou a próxima manifestação novamente na Av.Paulista. Nós como Movimento Classe contra Classe tentamos falar nesta assembléia. Além de só poderem falar professores (mesmo estudantes ou pais de alunos não podem mostrar o seu apoio), só é permitido uma pessoa por “força”, o qual entendemos corrente política. Não concordamos com esta postura, achamos que professores devem ter direito a voz na assembléia. Mas mais que isso, achamos que os professores que estão na vanguarda da greve devem ditar os rumos da greve e devem ter uma política para se ligar ao conjunto dos professores. De nada adianta seguir aprovando a continuidade da greve enquanto a direção do sindicato prepara sua derrota, sem ter um plano de lutas para levá-la à vitória, e com a complacência da Oposição, enquanto os professores na base voltam para as salas de aula. A greve somente será vitoriosa se os professores a tomarem em suas mãos e tiverem uma política para vencer. Por isso deve-se realizar assembléias por escolas e regiões que sejam deliberativas, que as decisões tiradas sejam levadas por delegados eleitos para serem discutidas em âmbito estadual e levadas às assembléias diretamente. Para que os rumos gerais da greve representem de prontidão a mobilização, a reflexão e o posicionamento político e o estado de ânimo da categoria em especial de seus setores mais combativos, que são os que estão levando a greve nas mãos.
Uma nova manifestação está marcada para essa semana e mais uma vez exigimos que se tranforme numa verdadeira assembléia com direito a voz e voto para todos os professores e que delibere sobre a greve com base nas posições das assembléias por escolas e regiões.

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