Domingo 28 de Abril de 2024

Movimento Operário

HOJE COMPLETA UM MÊS QUE ESTAMOS EM GREVE

Serra saiu do governo e até agora não conseguimos que nenhuma das reivindicações de nossa pauta fosse atendida. E a culpa é de quem?

08 Apr 2010   |   comentários

Desde o princípio estava claro que a direção do sindicato (Articulação-Artnova-PT e PcdoB) chamava a greve por interesses eleitorais para fazer campanha para Dilma e desgastar a figura do Serra, e neste um mês foi desarticulando a greve rebaixando nossa pauta para apenas a questão salarial para que saíssemos com alguma migalha negociada. Esta é a forma petista/sindicalista de militar em que atua a direção do sindicato, carros de som onde só falam eles, palanques para discursar e nenhum verdadeiro plano de luta.. Muitos professores que estavam com disposição para lutar contra os ataques do governo Serra, encontram-se hoje cansados e voltaram para a sala de aula desperançosos de qualquer possibilidade de negociação. Sentimento compreensível quando chegamos no 30° dia de greve sem que tivesse um movimento real de greve construído pela base dos professores para que elaborássemos um plano efetivo de luta e pudéssemos triunfar. Esta greve foi encaminhada de maneira superestrutural por parte da direção do sindicato, aonde as assembléias regionais e estaduais são grandes atos aonde apenas a direção e oposição possuem voz, sem nenhuma representatividade da base dos professores. Essa forma de atuar por parte da direção tem como objetivo controlar o movimento dos professores para que não se desenvolva desde a base e alcance uma dimensão política que questione e destitua o poder da direção do sindicato.

O que nós professores precisamos é de assembléias reais para fazermos discussões profundas sobre nossa organização, sobre a educação e um plano de luta efetivo. E para isso é fundamental que a organização do movimento se dê desde a base dos professores através de assembléias por escolas aonde sejam votados delegados para representarem as discussões, posições, propostas e plano de luta da base nas assembléias regionais e estaduais. É necessário que os comandos de greve deixem de ser espaços despolitizados e apenas organizativos de acordo com as recomendações da direção do sindicato, e se tornem organismos de decisões e planos de luta. Somente a partir de uma organização dos professores, a greve expressará a real mobilização da categoria, só assim ela fará com que a combatividade que surja a partir do conflito se multiplique, se intensifique e tome por fim a direção da greve. Além disso, a luta deveria também ser tomada em coletivo com os pais e alunos, através de atividades como exibições de filmes, debates culturais e políticos nas escolas sobre a condição da classe e juventude trabalhadora e a importância da educação pública e de qualidade, construindo uma aliança operária e popular que travasse uma grande luta contra o governo nefasto de José Serra.

Diante deste cenário nós, do Movimento Classe contra Classe, apresentamos em nossos boletins e nas escolas onde atuamos várias propostas para que a greve dos professores se fortalecesse, primeiramente assumindo além dos 34% de reajuste salarial a principal reivindicação que poderia unificar e dar força à nossa luta, ou seja, a efetivação de todos os temporários sem prova, já que trabalham como professores e professores são. Para que a greve se fortalecesse também era imprescindível que as bases dos professores tomassem todas as decisões soberanamente em suas mãos, unificando os que estavam em luta, organizando as escolas e regiões através da eleição de novos representantes (delegados) com mandato das bases e todas as escolas em greve, superando os muitos REs que sequer assumiram a greve e impedindo que a direção burocrática da Apeoesp levasse a greve à encruzilhada que agora vivemos. Também propusemos que as oposições da Apeoesp, Sabesp e Metrô (todas ligadas à Oposição Alternativa e Unificada) se unificassem, para lutar, junto com o Sintusp e as universidades estaduais que começam sua campanha de luta, em defesa de uma luta unificada contra os ataques de precarização de Serra, unificando as pautas de reivindicações em um verdadeiro plano de luta do funcionalismo público.

Essas propostas do MCC estavam dirigidas, principalmente, aos companheiros da Oposição Unificada que dirigem várias regionais e importantes escolas, agregando em torno de si uma camada significativa dos setores mais combativos da categoria, principalmente à Oposição Alternativa. Porém, infelizmente, nossos chamados e propostas sequer foram considerados e debatidos. Propusemos, há 15 dias, que a Oposição convocasse uma plenária de professores para debater e definir um plano de luta para reverter a situação de decadência da greve, fortalecendo um polo combativo que superasse a traição anunciada pela direção da Apeoesp. Infelizmente, a Oposição não apresentou alternativas capazes de abrir a possibilidade de constituição de um forte pólo de professores convencidos e bem preparados para levar a greve adiante, passando por cima da direção traidora da Apeosp que apenas queria fazer jogo eleitoral com a greve dos professores e agora nos deixará a ver navios, sem as reivindicações, mas talvez “comemorando” o “desgaste de Serra” para em outubro reverter em voto para Dilma e seus candidatos.

Hoje nos deparamos com um refluxo da greve e um distanciamento entre a vanguarda, que se mantém na greve, e a base que voltou para a sala de aula cansada da mesmice atuação da direção que não leva adiante a luta. É visível que se forjou neste processo uma camada professores dispostos a lutar e a se organizar independentemente da direção do sindicato, que estiveram presentes na última assembléia (dia 31/03) votando pela continuidade da greve e nova assembléia na Av. Paulista, mas a realidade nos impõe a necessidade de lavantarmos o fim da greve para que saiamos dela fortalecidos e unificados para preparamos um verdadeiro plano de luta para os próximos momentos de mobilização diante dos futuros ataques que virão. E se hoje, na greve, existe um aprofundamento da divisão na categoria dos que se mantém na luta e os que voltaram para as escolas, é de total responsabilidade da direção do sindicato que para nada serviu de combate ao jogo duro e a brutal repressão da polícia de Serra, que ainda conseguiu enfraquecer ainda mais nossa luta dando a única concessão para uma pequena parcela de nossa categoria, 25% de aumento salarial para os primeiros 44 mil professores que passaram na prova de promoção automática, mas que foi suficiente para desmobilizar ainda mais nossa luta.

Enquanto isso, continuamos vítimas de baixos salários, as provinhas de avaliação, da promoção automática, da divisão em diversas subcategorias e desemprego, além das extenuantes cargas horárias de trabalho, currículo de conteúdo ideológico imposto pelo governo e salas super lotadas.

Chamamos @s professor@s que concordam com nossas propostas a se organizarem no Movimento Classe contra Classe, para forjarmos uma nova tradição militante em nossa categoria em oposição à direção que freia nossa luta por pequena migalhas.

Enquanto a direção do sindicato manteve a greve à partir de interesses eleitorais para fazer campanha à Dilma, a política educacional de Lula dá continuidade à política neoliberal iniciada no governo FHC. Basta de exemplos como o REUNI e PROUNI, que apesar representarem uma concessão à juventude trabalhadora e carregar o discurso de uma suposta “democratização” do ensino superior, nada mais são, do que um claro ataque à educação, criando vagas nas universidades federais de formas precárias, além de alocar dinheiro público para as universidades particulares ao invés de investir no ensino público superior. O PDE de Lula defende assim como as metas do governo Serra, a municipalização do ensino, avaliações de professores e um pisa salarial que de longe corresponde ao salário mínimo de R$ 2.000, estabelecido pelo DIEESE.

Pela imediata abertura de negociação de toda pauta! Abaixo a repressão do governo do estado contra os professores!

Dia 08/04 por uma verdadeira assembléia geral aberta a voz para todos os professores!

Assembléias nas escolas que elejam delegados que levem nossas posições à frente nos comandos de greve, assembléias regionais e estaduais!

Que na pauta de reivindicações, junto com o reajuste salarial de 34,3%, tenha centralidade, a luta contra a precarização e a efetivação de todos os professores temporários!

OUTRA “CATÁSTROFE NATURAL” DO CAPITALISMO
E não para por aí o ataque de Lula à juventude e classe trabalhadora! Vimos no Brasil, ao longo de 2009 o tanto de dinheiro (bilhões!) que o governo direcionou aos banqueiros, empresários e capitalistas para salvá-los da crise econômica, retirando dinheiro da educação e da saúde, enquanto milhares de trabalhadores eram demitidos ou viviam em condições de trabalho precárias. Além disso, populações de diversas cidades tinham suas casas destruídas pelas grandes enchentes nos centros urbanos brasileiros, como no estados de Santa Catarina, Maranhão, Paraná, São Paulo e mais recentemente no RJ. Querem nos fazer acreditar que o problema das enchentes são de causas naturais ou da própria população pobre que não têm onde morar e ocupam áreas de risco. Mas Lula, assim como Serra e Kassab em São Paulo e Sérgio Cabral e Eduardo Paes no RJ são os principais responsáveis pela desgraça do povo brasileiro que perde suas casas e morrem, pois não investem em políticas públicas de prevenção para os períodos de chuvas torrenciais e em obras públicas de moradias dignas e seguras para a população. Os tão propagandeados apartamentos do PAC de Lula em Manguinhos (RJ) foram alagados, afirmando o grande descaso por do governo em relação à qualidade da infraestrutura em que estava sendo construída a obra.
Organizemos desde as escolas, comitês de solidariedade operária e popular à população atingida pelas enchentes que sejam centralizados pelo sindicato! É necessário que nas assembléias das escolas discutamos a exigência de um plano de obras públicas sob controle dos trabalhadores para evitar as catástrofes e miséria do sistema capitalista baseado na sede dos lucros!

FORA AS TROPAS BRASILEIRAS DO HAITI
LULA que diz governar para a classe trabalhadora, não se utiliza apenas de políticas que ataca os direitos dos trabalhadores e à educação pública, mas também, da repressão quando diz respeito aos interesses internacionais ligados ao imperialismo. Mantém suas tropas brasileiras no Haiti para reprimir o povo pobre haitiano à serviço do imperialismo e do lucro das empresas que farão parte da “reconstrução” do país baseadas na superexploração e na opressão do povo haitiano. Mais recentemente o governo brasileiro discutiu com os EUA a possibilidade da criação de uma base “multinacional e multifuncional” com sede no Rio de Janeiro com o discurso de combate ao terrorismo, contrabando e ao narcotráfico, o que representa ao povo pobre e negro das favelas mais repressão.
Fora as tropas brasileiras de Lula do Haiti! Fora as tropas da ONU e dos EUA!

O Movimento Classe Contra Classe é impulsionado por militantes da LER-QI e independentes.

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