Sexta 26 de Abril de 2024

Nacional

Professores do Paraná x ajustes

14 Feb 2015   |   comentários

Assembleia que deliberou a greve histórica dos professores da rede e servidores da saúde no estado do Paraná nesta última semana.

Sinais da crise econômica no Brasil

Nas próximas semanas daremos continuidade a uma série de artigos desenvolvendo desde o ponto de vista dos trabalhadores, os sinais de que a economia do país está se deteriorando e entrando numa crise de fim de ciclo econômico. A definição de crise é marcada tanto por fatores externos relacionados à dinâmica da economia mundial - que sofrem a influência da geopolítica global - como a queda nos preços das commodities, alimentos e minérios (veja mais aqui), além da estagnação econômica na Europa e a queda no crescimento chinês; mas também, com fatores estruturais, conjunturais e políticos nacionais, pois, o chamado fim de ciclo político da Era Lula/Dilma, está combinado com o fim de ciclo econômico atual.

Lutas dos trabalhadores e a economia

Em nosso artigo, como método de reflexão, não separamos os fatos da economia da política do desenvolvimento da luta de classes, ou das lutas dos trabalhadores contra a patronal. Por isso, relembrando a tradição marxista, os rumos da economia podem ser alterado pelo movimento e pela força dos trabalhadores em luta e organizados. Para dar um exemplo simples que ocorreu nesta semana, temos a exemplar e heroica mobilização dos servidores públicos do Paraná (veja mais aqui). A greve (100% de adesão entre os professores da rede estadual que totalizam 100 mil no estado) e o acampamento em frente à Assembleia Legislativa do estado, que envolveu milhares de professores da rede pública estadual, além de servidores da saúde, conquistou uma primeira vitória, após duros enfrentamentos com a polícia e grandes atos de rua, com o adiamento da votação do “pacote de maldades” do governador Beto Richa (PSDB).

O pacotão de ajustes neoliberal no Paraná vinha com o mesmo objetivo do pacote de ajustes de Levy e Dilmapara todo o país: o “ajuste nas contas públicas” para que o estado aumentasse suas “economias” para o pagamento dos juros da dívida com o governo federal e com os banqueiros internacionais (por meio da cota parte dos estados dentro do pagamento anual dos juros da dívida pública – superávit primário), e para isso a ataque de Richa teve como um dos alvos principal a previdência social, a aposentadoria dos servidores públicos.

Ainda é uma luta que precisa continuar, pois os governos e os capitalistas não vão desistir de colocar na conta dos trabalhadores o ônus pela sua crise durante este ano de desaceleração na economia, mas a mobilização no Paraná, deixou um recado claro aos governos dos estados de que os ajustes não passarão facilmente, os trabalhadores organizados tem força para resistir e impedir o avanço dos ataques aos direitos dos trabalhadores e do desmonte da educação e da saúde públicas.

Os professores do Paraná, portanto, literalmente nos mostraram o caminho da luta dos trabalhadores contra os ataques dos governos (seja estadual, municipal ou federal), mostrando que a economia e a luta de classes se combinam uma à outra e que é possível impedir os ajustes a apontar uma alternativa dos trabalhadores para que saia do bolso dos capitalistas o dinheiro necessário para reerguer a economia. E, por esse motivo, estamos no lado oposto aos jornais e a grande mídia controlada pelos poderosos da política burguesa e grandes empresários que afirmam com seus economistas de plantão que os rumos dos ajustes estão dados como um destino. Tal qual um sacrifício no qual temos que nos conformar e pagar por ele como se fosse necessário para que “bons tempos” possam ressurgir, pois, afinal esta seria a suposta vontade do “mercado” e dos “investidores” (dois personagens “neutros” dos dia a dia dos grandes jornais).

Um ponto de vista dos trabalhadores sobre a crise na economia, que hoje é mais sentida naindústria e em setores como o de petróleo e gás, não pode deixar de lado uma importante determinação dos rumos econômicos de um país ainda atrasado e pobre como o Brasil. Esta determinação são as necessidades de ganhos de potências capitalistas, que controlam grandes empresas multinacionais presentes no comércio e nos fluxos de dinheiro em todo o mundo. Estes países e estas empresas (monopólios) são os verdadeiros personagens por trás do “mercado” e dos “investidores” e sede de lucros destes monopólios é a origem principal do estourar da crise econômica mundial.

A alternativa dos trabalhadores

Mas qual poderia ser a proposta dos trabalhadores para combater os ajustes e ao mesmo tempo apresentar políticas para atender às necessidades da população e do conjunto do povo pobre? A resposta passa por algumas medidas que fazem parte da história das lutas dos trabalhadores pelo mundo, e estas medidas partem da construção de uma forte mobilização em cada local de trabalho, bairros, universidades, escolas, que coloque na ordem do dia que a saída para a crise está nas mãos dos trabalhadores e não dos governos e dos empresários.

São políticas democráticas que se baseiam em que os próprios trabalhadores que geram toda a riqueza do país, possam administrá-la da melhor forma para atender às necessidades urgentes do conjunto da população e acabar com a farra dos lucros de empresas e bancos e ainda, com o desvio de dinheiro público pelo ralo da corrupção dos políticos ligados aos interesses dos capitalistas.

O que está então, na ordem do dia, é a defesa do direito ao emprego de qualidade para todos e o fim das MP 664 e 665 de Dilma, junto à luta para colocar sob o controle dos trabalhadores e da população os serviços públicos: saúde, educação e transportes. Para garantir os empregos é preciso uma luta decidida pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário para que todos possam ter o direito ao trabalho e a um salário digno, incluindo a criação de empregos por meio de um plano de obras públicas.

Mas, para que os salários não sejam corroídos pela inflação e pela tarifas que só crescem, o congelamento e controle de preços de produtos da cesta básica e redução drástica em todas as tarifas públicas e a taxação dos lucros dos empresários e dos latifundiários. E para que tenha mais dinheiro para isso, o não pagamento da dívida pública e dos juros dessa dívida aos banqueiros internacionais, junto a estatização e unificação dos bancos e dos sistema bancário sob a administração dos trabalhadores.

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