Sexta 29 de Março de 2024

Educação

UFMG anuncia que está imersa na crise orçamentária das IFES. Qual o caminho para barrar os ataques à educação?

10 Mar 2015   |   comentários

Contas de água e luz atrasadas, demissões de terceirizados, cortes na área administrativa, bolsas de iniciação científica atrasadas, cortes no mestrado e nos intercâmbios, cursos sem importantes disciplinas por falta de equipamentos em laboratórios.

Contas de água e luz atrasadas, demissão de terceirizados, cortes na área administrativa, bolsas de iniciação científica atrasadas, cortes no mestrado e nos intercâmbios, cursos sem importantes disciplinas por falta de equipamentos em laboratórios. Esse é o cenário em que se encontra a UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais, a IFES “menina dos olhos” do governo federal. Já são cerca de 360 demissões de trabalhadores terceirizados da segurança, portaria e limpeza – 240 já efetuadas e 120 por vir.

No último dia 5 de março, a reitoria da UFMG enviou um comunicado a toda comunidade acadêmica expondo as consequências do decreto estabelecido pelo Governo Federal, relativo aos cortes orçamentários na educação e, especialmente, nas universidades federais de todo o país. São mais de 7 bilhões de reais cortados do orçamento da educação para 2015! Esse verdadeiro roubo (ou rombo!) nas verbas da educação é parte do pacote de ataques do governo Dilma junto a seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que fizeram com que o ministério da Educação fosse o mais afetado.

A crise, que já havia afetado fortemente universidades federais como a UFRJ e a UFPB, foi oficialmente declarada na UFMG, com um corte que chegou a R$30 milhões em 2014, e agora o corte mensal calculado em 33% nos valores antes previstos que essa universidade terá que lidar. Como foi na UFRJ, os primeiros a sentirem em suas costas o peso da crise e o ataque do governo federal à educação são os trabalhadores mais precarizados, terceirizados, majoritariamente mulheres negras, já que o setor da limpeza é o mais afetado, com 300 demissões. No comunicado enviado, o reitor Jaime Ramírez diz que a reitoria e os diretores avaliarão os encaminhamentos possíveis para “preservar os projetos acadêmicos e viabilizar a manutenção dos serviços essenciais ao funcionamento da instituição (...)”. Como se serviços de limpeza, ter água e luz não fossem essenciais ao funcionamento da instituição! Uma Universidade pública, federal, que diz que se preocupa com seus projetos acadêmicos, mas ao invés de produzir conhecimento e gerar empregos para a população, deixa centenas de famílias sem emprego e segue com parcerias que visam investir em cada vez mais exploração na África, por exemplo, como as pesquisas na área de mineração voltadas para a Vale melhor explorar os mineiros africanos. Segue também mantendo a assistência estudantil nas mãos da FUMP, uma fundação privada que lucra em cima dos direitos e necessidades dos estudantes. E esses burocratas privilegiados que mandam e desmandam na universidade – como o reitor, os diretores das faculdades e os professores do Conselho Universitário – nem cogitam cortar os próprios salários astronômicos ou seus benefícios. Pra estes a crise econômica que vive o país e as universidades deve ser paga pelos que já sofrem cotidianamente a precarização da vida, como os trabalhadores, os negros e as mulheres.

Enquanto isso, os jovens que não conseguiram furar a barreira do vestibular seguirão se endividando em programas como o FIES – que tornou suas regras mais rígidas – e os grandes tubarões do ensino privado seguirão com seus lucros exorbitantes, já que tiveram carta branca para ajustar as mensalidades em 6,5%.

A juventude, os estudantes e os trabalhadores podem barrar os ataques!

No Paraná se encerrou com uma vitória a forte a greve dos professores da rede estadual, que sofriam com os ataques do governo estadual do tucano Beto Richa. A essa greve, somaram-se os estudantes da UEL e da UEM, que se levantaram contra os ataques com greves e ocupações. As professoras e professores paranaenses mostraram o caminho, é preciso lutar para barrar cada ataque do governo federal – e acabar com sua demagogia de “Brasil Pátria Educadora” – e dos governos estaduais e municipais. E é possível vencer!

Na UFMG, é necessário que todos os C.A.s e D.A.s se coloquem ao lado de cada trabalhador demitido, de cada jovem que não conseguiu furar as barreiras do vestibular, e construam uma forte mobilização contra os ataques. É preciso construir uma unidade entre cada setor da educação que se encontra em luta pelo país, pela imediata revogação do pacote de ajustes do Governo Federal. Devemos também exigir da reitoria e do Conselho Universitário a abertura das contas da universidade e que a comunidade acadêmica decida, com cada cabeça valendo um voto (e com maioria estudantil), pra onde devem ir as verbas da universidade.

Desde o CAFCA, o Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG, onde fazemos parte da gestão, chamamos a ANEL a levar a frente um plano de luta colocado de pé desde as entidades de base e assembleias de curso. Como parte da ANEL e rumando ao seu III Congresso, queremos nacionalizar a luta contra os ajustes, cortes e demissões de Dilma e colocar o movimento estudantil como sujeito nacional nesta luta, ao lado dos trabalhadores.

O DCE da UFMG, que até agora não se pronunciou a respeito desses ataques e do comunicado à comunidade acadêmica feito pela reitoria, deveria ser uma entidade que se coloca ao lado dos estudantes e dos trabalhadores, efetivos e terceirizados. Porém, esta entidade dirigida pela Juventude do PT e pelo Levante Popular da Juventude, que apareceu com força na linha de frente da campanha eleitoral “Dilma Muda Mais”, agora se mostra ainda mais aliado ao governo, pois cala frente a essas mudanças feitas por Dilma.

Lutemos pela readmissão de todos os demitidos e efetivação dos trabalhadores terceirizados, sem necessidade de concurso público! Pela abertura das contas da UFMG e que toda a comunidade acadêmica decida democraticamente o que fazer! Por uma forte mobilização nacional, contra os ataques e ajustes do governo federal! Os professores do Paraná mostraram o caminho, sigamos seu exemplo!

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