Sábado 27 de Abril de 2024

Movimento Operário

MTL ROMPE COM A CONLUTAS

Os conciliadores assumem sua verdadeira face

17 Jun 2008 | O MTL, Movimento Terra Trabalho e Liberdade, corrente interna do PSOL, acaba de sair da Conlutas. Ferrenhos defensores do governo venezuelano de Hugo Chávez, não rompem à toa. Essa corrente de posições conciliadoras, que já ameaçava romper caso a Conlutas se posicionasse (no Congresso ou no Elac) pela independência política diante dos governos latino-americanos, cumpriu sua promessa. Mesmo depois da reunião nacional da Conlutas em que a direção do PSTU, em busca do “consenso”, abriu mão de qualquer posicionamento sobre o governo Chavez.   |   comentários

Os custos da unidade a todo custo

O PSTU vem dirigindo a Conlutas de acordo com seu projeto de fundir aparatos com a Intersindical e de construir, nas eleições, uma frente eleitoral com o PSOL. Com esse projeto, segue a orientação de ceder em todos os princípios para não criar problemas com as correntes do PSOL (as que estão na Conlutas e as que estão na Intersindical). Foi assim na luta pelo direito ao aborto, em que o PSTU impediu a Conlutas de denunciar a campanha da igreja católica e de Heloísa Helena contra o direito elementar das mulheres de decidir sobre seu corpo. Também na denúncia da governadora petista do Pará, Ana Júlia Carepa (da corrente petista Democracia Socialista), quando esta permitiu a prisão de uma menina na mesma cela com outros homens e quando reprimiu brutalmente os professores em campanha salarial. Agora, por fim, na discussão sobre o governo Chávez. A direção do PSTU vinha aplicando todo tipo de acordo para favorecer suas negociatas com as correntes conciliadoras, principalmente porque precisava de um aliado com peso dentro PSOL e assim dava ao MTL espaços cada vez maiores na Conlutas. Esta prática de acordos entre as correntes é herança do tempo da CUT e do PT, do modo “petista-cutista” de militar, onde se abre mão dos princípios e das tarefas necessárias para a luta dos trabalhadores em nome de interesses burocráticos das correntes. A independência política diante dos governos, principalmente Chavez e Evo Morales (que tanto influenciam e iludem os trabalhadores), não tem passado de palavras. A declaração aprovada na última reunião nacional da Conlutas, para chegar ao “consenso” com o MTL, sequer cita esses governos, falando de um “socialismo” em geral, justamente para agradar aos conciliadores do MTL e do PSOL (a corrente MES, mesmo sem ser da Conlutas, pressionou contra o Elac). Mesmo assim o MTL não aceitou, mostrando que quanto mais o PSTU abre mão de questões tão importantes, mais essas correntes buscam impor até o fim sua estratégia de conciliação de classes.

O MTL, afinal, quando defende o governo Chavez, está cumprindo parte fundamental do programa do seu partido (PSOL), que no Brasil se coloca contra o governo Lula, mas propõe conciliação com setores burgueses “em contradição com o modelo neoliberal” .

O MTL, a maior corrente do PSOL, reproduz a velha estratégia petista de buscar setores burgueses “antineoliberais” para se aliar e, se ainda não aparece com a verdadeira face, é porque o governo Lula agrada tanto a burguesia que os poucos burgueses descontentes com pontos parciais da política económica não vêem necessidade de romper com o governo. Mas, com o governo Chavez, essas correntes mostram que sua estratégia de conciliação de classes está acima de qualquer acordo ou “consenso” com a direção do PSTU.

Os delegados ao I Congresso devem lutar por uma Conlutas classista e independente

Os delegados de todo o país, que virão ao I Congresso da Conlutas, devem lutar para que o congresso seja democrático, e não uma reunião para homologar os acordos entre as correntes, como pretende a direção do PSTU e outras correntes. É imprescindível debater e votar resoluções para cumprimento obrigatório pelos dirigentes, para que não fiquem apenas no papel e nas palavras. Os princípios programáticos ’ independência diante dos governos, dos patrões e do Estado, luta contra a burocracia sindical, defesa dos interesses da classe trabalhadora e do povo pobre contra a exploração capitalista ’ não podem continuar sendo moeda num balcão de negócios entre as correntes. Os delegados devem decidir, por exemplo, contra a política oportunista da direção da Conlutas (e demais correntes) nas eleições de professores do Rio Grande do Sul, onde compós uma chapa junto com a CUT, cuja candidata a presidente é da Democracia Socialista, corrente do PT que no governo do Pará tem reprimido as greves dos professores. Afinal, se a Conlutas nasceu contra a burocracia da CUT e o governo Lula como pode, agora, estar junto numa chapa comum que não faz qualquer denúncia ao governo Lula e à CUT? Esse oportunismo só pode favorecer os governistas e burocratas do PT e da CUT, confundindo os trabalhadores e a vanguarda sobre o real papel da Conlutas. O princípio da independência política diante dos governos, como se vê, não é apenas um “debate” entre as correntes sobre o governo Chavez, mas tem aplicação concreta no Brasil.

Os delegados devem tomar em suas mãos o destino da Conlutas, para colocá-la no caminho de uma organização classista, antigovernista e independente de todos os governos burgueses, e para isso deve reafirmar o caráter democrático, ou seja, não permitir que a direção da Conlutas e o “consenso” das correntes entreguem os princípios programáticos em troca de acordos oportunistas e de conciliação com o governo ou setores burgueses.

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