Quarta 24 de Abril de 2024

Movimento Operário

MOVIMENTO OPERÁRIO

Nada se pode esperar do governo e dos patrões

29 Nov 2008 | As nossas tarefas não dependem do estado de espírito dos trabalhadores, consistem antes de tudo em desenvolver a sua consciência. [Discussão dos membros do SWP com Leon Trotsky sobre o Programa de Transição, 1938]   |   comentários

A classe trabalhadora, pela sua força numérica e seu peso social ’ a produção, circulação e finanças capitalista não funcionam sem o nosso trabalho ’, adquiriu historicamente a capacidade de se lançar como linha de frente de todos os explorados ’ pequenos camponeses, pequenos comerciantes, mulheres, negros ’ para enfrentar os planos capitalistas. Nesta crise capitalista, se entramos na luta iludidos e confiando no governo e na patronal estaremos fadados à derrota.
Por isso é muito importante que os dirigentes da Conlutas, que propõem um programa em geral correto para a luta, contribuam decisivamente para agrupar os sindicatos antigovernistas que já decidiram lutar, dialogando com os trabalhadores das categorias que ainda têm confiança no governo Lula, ajudando-os a que confiem em suas próprias forças, métodos de luta e independência política, programática e organizativa contra todas as frações burguesas. É certo que este governo ainda não é visto pela maioria dos trabalhadores como um agente direto do capital e responsável pelos ataques e, influídos pela burocracia sindical, ficam passivos esperando que “Lula faça algo” . Os seis anos de governo Lula (PT-PCdoB) em aliança com os exploradores (PMDB-PTB-PSB-PR) não deixam margem a dúvidas: os ricos ficaram mais ricos, os capitalistas (banqueiros ou “produtivos” ) nunca lucraram tanto. Agora, na crise, o governo faz de tudo para salvar os exploradores, e nenhuma medida para impedir as férias coletivas, as demissões, o fechamento de empresas e a especulação patronal que busca “tirar uma lasquinha” da crise.

É preciso nos dirigir à base das categorias dirigidas pela burocracia sindical, desenvolvendo uma ativa campanha de agitação, de propaganda e exigência aos dirigentes das centrais sindicais.
Por isso, é um grande erro que a campanha da Conlutas (PSTU), ao invés de convocar um Encontro de trabalhadores e lutadores para definir ações concretas de luta, tenha definido como “primeiro passo [...] o envio de uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva” exigindo que ele prepare “medidas provisórias, em caráter de urgência, que assegurem o emprego dos trabalhadores por, no mínimo, um ano, e redução da jornada de trabalho sem redução de salários e sem Banco de Horas” . Esse é o teor da carta que o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos enviou a Lula.

Se o objetivo dos companheiros é desmascarar Lula perante os trabalhadores que ainda confiam nele, estamos de acordo, porém a outra parte importante da tática revolucionária é educar os trabalhadores afirmando que os revolucionários não temos nenhuma confiança neste governo e que só com a luta poderemos conseguir nossas reivindicações e, conseqüentemente, impulsionar todas as medidas necessárias para preparar um verdadeiro plano de luta.
Como se pode ler no artigo dos metalúrgicos de São José dos Campos os trabalhadores das fábricas têm aprovado por unanimidade o “repúdio a qualquer demissão e a reivindicação pela estabilidade no emprego e pela redução da jornada, sem redução de direitos” decidindo que “os trabalhadores não vão pagar por essa crise” . Corretamente, ao contrário das centrais sindicais burocráticas, afirmam: “Nenhuma ajuda a banqueiros e empresários” .

A campanha pela estabilidade no emprego, iniciada pela Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), pretende organizar trabalhadores de todos as categorias, além de estudantes e movimentos urbanos e rurais. A Conlutas, além de defender a estabilidade imediata no emprego, aprovou um programa em sua reunião nacional oferecendo uma proposta dos trabalhadores para sair da crise, condenando a remessa de lucros de R$ 9 bilhões que as montadoras enviaram a suas matrizes no exterior, além de receberem R$ 8 bilhões de Lula e do governador Serra. Enquanto os capitalistas alegam redução nas vendas para ameaçar com demissões e receber dinheiro público, seguem enviando os lucros para fora.

Estamos de pleno acordo com essas proposições da Conlutas. Então, mãos à obra, iniciemos a organização de um encontro estadual da Conlutas e dos que estejam dispostos a lutar em defesa dos interesses dos trabalhadores e contra os ataques patronais. Nós da LER-QI comprometemos todas as nossas forças e influência para contribuir a tornar real esta tarefa. Sem mais demoras, tomemos as iniciativas concretas.

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