Sexta 3 de Maio de 2024

Nacional

O 1º de Maio e a luta contra as reformas e os ataques de Lula e da patronal

02 May 2007   |   comentários

Neste 1º de Maio, a CUT e a Força Sindical transformaram o que deveria ser uma jornada de mobilização e protesto dos trabalhadores brasileiros contra os ataques do governo Lula e da patronal, numa festa de defesa do governo.

Ambas as centrais sindicais participam diretamente, com ministérios, do governo Lula. A CUT tem um ex-presidente, Luiz Marinho, no ministério da previdência, encarregado de levar adiante a reforma da previdência exigida pelo grande capital. A Força Sindical tem um representante ligado a esta central no Ministério do Trabalho.

Por isso, o 1º de Maio da CUT teve o desenvolvimento económico e o apoio ao PAC como temas centrais. A Força Sindical organizou suas festas com o tema diversionista de “O trabalhador e o meio ambiente” . Nas duas comemorações, que reuniram em São Paulo centenas de milhares de trabalhadores, não se expressaram as mobilizações do último mês, em regiões centrais do país, que deram primeiros passos importantes em enfrentar alguns dos principais ataques do governo e da patronal.

Os setores antigovernistas, a Conlutas e a Intersindical organizaram atos em vários pontos do país denunciando a posição da CUT e da Força Sindical, assim como os ataques do governo Lula.

Em São Paulo, o ato organizado na Praça da Sé “Em defesa da aposentadoria, dos direitos sociais, sindicais e trabalhistas” reuniu cerca de três mil pessoas. O fato de que nós que estamos contra o governo Lula e seus ataques ainda não consigamos reunir dezenas ou centenas de milhares de pessoas mostra que temos um enorme desafio pela frente: arrancar da influência de Lula de da burocracia sindical a esmagadora maioria dos trabalhadores e trazê-los para a luta.

Nós da LER-QI marchamos junto à Conlutas e á Intersindical com uma coluna organizada por trabalhadores do Movimento por uma Tendência Sindical Classista e Socialista e estudantes do Movimento A Plenos Pulmões, além de companheiros do movimento negro e da Corrente Operária do PSOL. Juntos, conformamos uma coluna que chegou a aglutinar mais de 200 companheiros. Marcharam conosco trabalhadores de diversas categorias, como aeroviários, metalúrgicos, gráficos, Sabesp, trabalhadores da USP e funcionários públicos do Incra, INSS e judiciário.

Através das consignas que cantamos, da fala que tivemos direito no ato e do material que distribuímos, propusemos que a Conlutas e a Intersindical levantem uma política de exigência e denúncia às direções da CUT de da Força sindical que seja um motor para a mobilização de setores mais amplos das massas contra os ataques do governo Lula. Uma das consignas que cantamos dizia: “Contra a reforma trabalhista e sindical, contra a burocracia, o governo e a patronal, unidade, unidade dos trabalhadores, e a burguesia, que morra, que morra!”

No momento em que tanto a CUT quanto a Força Sindical convocam algumas mobilizações parciais contra alguns dos ataques da patronal, como a Emenda 3, propusemos que a Conlutas e a Intersindical levantem a exigência com propostas concretas de ação comum que cheguem também às bases destas centrais sindicais, mostrando que é preciso organizar em comum uma luta séria contra todos os ataques em curso. O primeiro passo dessa luta seria que no dia comum de mobilização que está marcado para o dia 23 de maio se realize uma grande paralisação nacional contra todos os ataques em curso e que seja uma paralisação efetiva, que dure o dia todo, com atos unificados em todas as capitais e concentrações operárias do país.
A Conlutas e a Intersindical devem dar o exemplo, organizando a partir de já reuniões, assembléias e comitês de mobilização nas bases de todas as categorias para que seja o setor mais mobilizado e organizado no dia 23.

No funcionalismo público, além de paralisar no dia 23, é preciso se apoiar nas mobilizações em curso, principalmente dos professores, e organizar para o próximo mês uma greve nacional em nível federal, estadual e municipal que pode se transformar numa ponta de lança possível para organizar uma greve nacional de todos os trabalhadores.

Uma política como essa poderia ser fundamental, por exemplo, para desmascarar o PCdoB, partido que integra o ministério de Lula e que nesse 1º de Maio teve uma política de manter o pé nas duas canoas: participou com dirigentes no ato na Praça da Sé, ao mesmo tempo em que mobilizou sua base para o ato da CUT.

Levamos também propostas para que a Conlutas e a Intersindical lutem conseqüentemente em defesa dos interesses dos trabalhadores levantando um programa, baseado na independência de classe, de luta contra o desemprego e por um salário mínimo que atenda as necessidades de uma família. Esse programa deveria ser agitado nos atos e paralisações unificadas com a CUT e a Força Sindical, como parte da denúncia dos ataques do governo Lula e do atrelamento das direções da CUT e da Força Sindical à política do governo e da patronal.

No entanto, a Conlutas e a Intersindical avançam por um caminho distinto. Por um lado se recusam a levantar qualquer tipo de exigência à CUT e à Força Sindical, se negando a ter uma política para desmascarar estas direções perante as suas bases e colocar em movimento as principais concentrações operárias do país. Por outro, como é uma exigência da atual situação política do país que os trabalhadores travem uma luta unificada contra os ataques, a Conlutas e a Intersindical respondem a essa necessidade tentando chegar a acordos por cima com a CUT. A carta de convocação comum para o dia 23 que a Conlutas e a Intersindical assina com a CUT coloca os trabalhadores a reboque de setores da burguesia insatisfeitos com a política neoliberal de Lula ao propor uma luta comum contra a política económica do governo.

A unidade que os trabalhadores necessitam não pode ser dar somente em reuniões e acordos ’ muitas vezes necessários ’ com a burocracia. Precisamos formar comitês de mobilização para organizar a luta em cada local de trabalho e organizar um encontro nacional de delgados de base para impor à burocracia uma luta contra todos os ataques. E a Conlutas e a Intersindical não podem misturar as suas bandeiras com as de setores da burguesia e da burocracia sindical ’ como estão fazendo na organização do dia 23, e como fizeram o PSTU e o PSOL com a Frente de Esquerda ’ propondo aos trabalhadores lutar contra a política económica do governo, pois enquanto durar o capitalismo e a burguesia estiver no poder, a política económica de qualquer governo vai ser contra os trabalhadores e o povo pobre.

Convocando a luta unificada contra todas as reformas e todos os ataques, a Conlutas e a Intersindical teriam que levantar a necessidade de derrotar o governo Lula e lutar por um programa classista, de emprego, salário, de ruptura com imperialismo, de não pagamento das dívidas, de reforma agrária radical e reforma urbana que atendesse as demandas do conjunto dos trabalhadores e do povo pobre, e por um governo operário, camponês e popular baseado nas organizações de luta dos trabalhadores, que fosse capaz de aplicar esse programa.

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