Sexta 26 de Abril de 2024

Movimento Operário

Bolívia: Triunfo dos trabalhadores do Aeroporto de El Alto

Nasceu o Sindicato de Trabalhadores da SABSA e Ramos Afins

30 Nov 2005 | Na semana passada nasceu o SitraSABSA (trabalhadores aeronáuticos), como parte de um incipiente processo de recomposição em setores da classe trabalhadora, com três particularidades importantes: surge em luta contra uma patronal imperialista, é parte dos serviços modernos mais concentrados e sua direção democrática e combativa se propõe a apoiar o processo de reorganização operária.   |   comentários

SABSA é a empresa que administra serviços nos principais aeroportos da Bolívia e conta em El Alto com cerca de 150 trabalhadores. Como muitos outros centros de trabalho, não tinha sindicato. Só em El Alto há mais de 50.000 trabalhadores fabris e a maioria deles não conta com organização sindical. Porém, no calor das recentes lutas populares, há sintomas de que “algo” começa a mudar.
Vêm sendo formados alguns novos sindicatos em fábricas e minas. Em meados deste ano, no calor das Jornadas de Junho, se organizaram sindicalmente os petroleiros (estatais) da estratégica planta de Senkata, que distribui gás e combustíveis para toda La Paz.

Sindicato sim, demissões não!

A SABSA foi formada há uma década com capitais ingleses (TBI-PLC), quando se privatizou as empresas e serviços públicos bolivianos. Recentemente a TBI foi comprada pela rede espanhola AENA (de capital estatal) que controla 73 aeroportos em vários países. A empresa, acostumada a todo tipo de atropelo ’ desde não pagar horas extra até demissões arbitrárias ’ quis impor um plano de aposentadorias “voluntárias” . Os trabalhadores se negaram a aceitar as aposentadorias e começaram a discutir como se organizar para enfrentar o despotismo patronal.
Depois das tentativas anteriores abortadas porque a gerência demitiu os ativistas, desta vez, os trabalhadores se prepararam por baixo cuidadosamente, ao mesmo tempo que cumpriam todas as exigências legais. Depois desta preparação clandestina, quando o sindicato se formou já com um amplo apoio entre a base e apresentou uma pauta de reivindicações com as demandas mais sentidas pelos trabalhadores, a empresa reagiu: não reconhecendo o sindicato e demitindo três de seus dirigentes.

Começou assim a segunda fase, a luta aberta sob a consigna de “Sindicato sim, demissões não!” Os trabalhadores foram perdendo o medo, apesar das intimidações da empresa.
O “clima” do Aeroporto mudou totalmente. Dezenas de assinaturas se somaram às atas de fundação do sindicato. Se denunciou a situação à imprensa, na universidade, com notas públicas e um boletim do sindicato, O organizador sindical, enquanto se apresentava as reivindicações ao Ministério do Trabalho.
A Casa Operária e Juvenil de El Alto foi o “quartel general” da luta, com o apoio do Comitê por uma Juventude da COB. Nós, da LOR-CI pusemos nossas modestas forças a serviço desta luta. Conseguiu-se o respaldo da COB e da COR de El Alto e a solidariedade nacional e internacional.
Na quarta-feira, dia 19, pela primeira vez em uma década (!), houve uma massiva assembléia no Aeroporto. Se aprovou por unanimidade o respaldo ao sindicato e o rechaço às demissões e a convocação de uma reunião no saguão do Aeroporto para a sexta-feira, dia 21, assim como a preparação de um plano de luta até triunfar.
Nesse dia, enquanto mais de uma centena de trabalhadores, junto a representantes da COR, familiares e jovens, se reunia com cartazes e consignas de apoio à luta, os representantes da empresa tiveram que reconhecer o sindicato e retroceder das demissões.

Um primeiro grande passo

Selou-se assim um triunfo histórico dos trabalhadores da SABSA, impondo seu sindicato com base na unidade e na democracia operárias. A luta recém começa, pelas demandas dos trabalhadores e para consolidar e desenvolver a organização como ferramenta dos trabalhadores, começando pelos do próprio aeroporto. Como afirma o secretário geral, Edwin Gutiérrez, o propósito deve ser avançar na reorganização sindical e política independente da classe trabalhadora, confiando somente em suas próprias forças, para que esta possa cumprir um papel decisivo e dirigente nas futuras lutas do povo boliviano.

Nós da LOR-CI compartilhamos desta perspectiva e nos orgulha ser uma pequena parte, aportando com nosso “grão de areia” para este triunfo dos trabalhadores.

A Liga Obrera Revolucionaria por la Cuarta Internacional (LOR-CI), é a organização irmã da LER-QI na Bolívia, e também faz parte da Fração Trotskista - Quarta Internacional

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