Sábado 20 de Abril de 2024

Movimento Operário

BOLÍVIA

O abstencionismo do POR faz o jogo da burocracia da COB

27 Feb 2013   |   comentários

O POR (Massas) se opõe frontalmente à criação de um IPT baseado nos sindicatos a partir de uma política estritamente sindicalista, sectária e autoproclamatória. O POR centra sua crítica na participação nas próximas eleições parlamentárias. Para o POR, se abster de usar a tribuna parlamentar é sinônimo de uma política revolucionária. Isso contradiz todas as lições de Marx, Lênin e Trotsky, que sempre defenderam a utilização dos espaços eleitorais a serviço da mobilização extraparlamentar das massas. A tese do POR de que na Bolívia “as massas tem superado a democracia burguesa” se contradiz com uma realidade na qual os trabalhadores carecem de organização política própria e votarão majoritariamente nos candidatos do MAS ou da oposição burguesa. Além disso, a concepção sindicalista do POR, separa brutalmente as tarefas “sindicais” das “políticas” e, por isso, nega que seria um enorme passo adiante que as organizações sindicais reconhecidas pela classe operária assumam a tarefa de participar na política. Inclusive, muitos professores que votam na URMA (um braço sindical do POR) nas eleições sindicais, votam no MAS e até partidos de direita nas eleições nacionais. Na verdade, o POR considera que o “partido do proletariado” já está pronto, são eles mesmos, portadores do programa revolucionário. Não se trata de se consolar com uma autoproclamação que não convence ninguém. Trata-se de desenvolver as tendências mais progressivas entre os trabalhadores para ajuda-los a avançar a posições de independência de classe e para isso há que participar e lutar no cenário hoje colocado.

O debate político mais importante dos últimos anos nos meios operários é o IPT e o POR prefere se manter à margem, contentando-se com frases doutrinárias no lugar de contribuir na luta para derrotar as estratégias reformistas da burocracia e contribuir para o desenvolvimento político da vanguarda operária. Fechado em suas contradições, o PO saúda o triunfo da chapa que em Huanuni defendeu “os Documentos do XXXI Congresso Mineiro e do XV Congresso da COB, nos quais se colocava a necessidade de organizar o instrumento político dos trabalhadores. Através desse instrumento, conseguir uma representação operária no parlamento para convertê-lo, como indicam as Teses de Pulacayo, em tribuna revolucionária [1], ao mesmo tempo em que os cenários onde está colocada essa luta, como na Conferência de Cochabamba, se opõe frontalmente à criação do IPT e o condenam de antemão como eleitoral. Com isso, simplesmente deixam o campo livre para a burocracia sindical, em suas distintas alas, tanto como o MAS, fechando em um estreito sindicalismo os setores que consegue influenciar. Caso fizesse o contrário, com as federações do magistério urbano, dirigidas pela URMA (POR), como La Paz, Cochabamba e Oruro, se voltando a uma ativa participação no debate defendendo consequentemente as posições de independência de classe na criação de um IPT baseado nos sindicatos, democracia operária e por um programa inspirado nas teses de Pulacayo, não há dúvidas de que se fortaleceria um polo atrativo para muitos trabalhadores. O POR deveria rever radicalmente sua posição.

23/02/2013

[1Massas, edição n°2

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