Domingo 28 de Abril de 2024

Juventude

João Grandino Rodas presta homenagem a Erasmo Dias, e militariza a USP

08 Nov 2011   |   comentários

Na madrugada do dia 8 de novembro de 2011, quando a universidade encontrava-se completamente esvaziada, João Grandino Rodas, reitor da USP prestou suas homenagens a Erasmo Dias, comandante da brutal ocupação da PUC-SP em 1977, enviando para o campus um efetivo militar composto por 400 policiais, ônibus da PM para prender estudantes, cavalaria, tropa de choque e grupos de operações especiais. Na PUC em 1977 os estudantes realizavam um encontro para combater a ditadura militar. Terminaram sendo brutalmente reprimidos, e a maioria deles foi presa. Hoje os estudantes em luta da USP, também foram duramente reprimidos, 76 estudantes foram presos. Sofreram uma cotidiana tentativa de desqualificação, por terem, a exemplo dos estudantes da PUC-SP há trinta anos se organizado para combater em defesa de uma causa democrática: a saída da polícia do campus.
Com esta operação torna-se evidente que o verdadeiro invasor é a polícia, e não os estudantes. A universidade é o ambiente comum dos estudantes, não da polícia. E a entrada do invasor foi legitimada por ninguém menos que o reitor. A própria mídia noticiou que a PM só invadiria a USP caso fosse acionada por João Grandino Rodas. Assim, a reitoria demonstra novamente sua intransigência rompendo as negociações, que seriam retomadas na quarta-feira, 9 de novembro. Com a ocupação militar da USP, a reitoria demonstra seu total desprezo pela democracia na comunidade universitária, já que a continuidade da ocupação foi votada em assembléia ontem pelas centenas de estudantes presentes.

Como se estivéssemos em plena ditadura militar, o reitor Rodas não realizou uma mera operação de reintegração de posse, mas uma verdadeira ocupação da USP pela polícia, que envolveu ataques com bombas aos prédios do CRUSP (moradia estudantil da USP), e permanência da polícia em diversas unidades de ensino. Questão que parte significativa da comunidade universitária está demonstrando claramente que não tem acordo. No último final de semana, intelectuais como João Adolfo Hansen, declarou apoio à ocupação, por estar contra a violência da força policial. Segundo ele: “A causa é democrática e deve-se abrir outros canais, como discussões e debates, ao invés da violência. É uma obrigação de todos os professores que se interessam pela coisa pública se colocar em defesa dos estudantes". Entretanto, a reitoria demonstrou que não quer acionar outros canais, mas que sua política é exatamente impor pela violência a repressão e perseguição a estudantes, professores e funcionários.

Tudo isso demonstra claramente que para o reitor da USP, interventor de José Serra na universidade, os estudantes devem ser tratados como terroristas. Quem coloca a segurança da comunidade universitária é a polícia, e não os estudantes. Quem ameaça a USP hoje é a reitoria, que se volta contra estudantes, professores e trabalhadores. Erasmo Dias seguramente invejaria Rodas.

Mas, tal como os estudantes reprimidos em 1977, levantaremos nossas bandeiras, e nos colocaremos em defesa do direito de uma universidade livre da polícia, da repressão e da perseguição política. Portanto, é preciso que todos os que se colocam contra esta homenagem aberta à ditadura militar se mobilizem em defesa de uma greve geral estudantil nas universidades até que esta demanda seja conquistada. E, um primeiro passo, é a libertação dos presos políticos, e a realização de um ato massivo às 10 hs na USP Butantã, que está sendo convocado pelo DCE e pelo SINTUSP. Lutemos para que a USP não se transforme em uma homenagem permanente à ditadura militar!

TODOS AO ATO ÀS 10 H DA MANHÃ NO CAMPUS DA USP BUTANTÃ!
GREVE GERAL ESTUDANTIL CONTRA A POLÍCIA NA UNIVERSIDADE!

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