Sábado 27 de Abril de 2024

Movimento Operário

GREVE HISTÓRICA DOS TRABALHADORES DA UNICAMP

Fortalecer o apoio estudantil e contribuir para superar toda a herança do velho sindicato governista

24 Nov 2011   |   comentários

Há mais de um mês, os trabalhadores da Unicamp protagonizam uma importante greve; há algumas semanas, os estudantes do IFCH - retomando a tradição pró-operária do movimento estudantil desse instituto- entram em greve em solidariedade incondicional a esses trabalhadores. Outros institutos, como Artes, Educação, Geografia e Letras, realizaram paralisações também nesse intuito. Estudantes da Economia e da Física também organizam discussões e assembléias para debater e se solidarizar com a greve.

A greve dos trabalhadores surgiu com uma força bastante viva, fora da data-base e buscando colocar de pé uma grande luta para retomar a isonomia, em oposição ao período precedente de anos em que o sindicato era dirigido pelo governismo do PCdB. Os trabalhadores vêm demonstrando uma importante disposição, colocando na ordem do dia a fundamental coordenação das estaduais paulistas na perspectiva de grandes mobilizações para combater a divisão pela quebra da isonomia e que questionem mais de fundo os projetos das reitorias e do governo tucano.

A reitoria da Unicamp tem nesse momento uma linha bastante intransigente, já que a quebra da isonomia é um pilar para o governo do PSDB dividir e desarticular a luta unificada das distintas categorias das estaduais paulistas que se expressaram nos últimos anos.

A confiança depositada na nova direção do STU (grupo Vamos à Luta, composto majoritariamente pela Rosa do Povo/PSOL) que se traduz na disposição de luta, após anos de direção de um sindicato nas mãos da burocracia governista da CTB e do PCdoB, aliados da reitoria e envolvidos nos escândalos de corrupção na prefeitura de Campinas e no Ministério dos Esportes, deve ser refletida nesse momento com as lições até esse instante da mobilização.

Como estamos frente a um novo ativismo, com novas camadas de trabalhadores se jogando no conflito e antigos ativistas na luta, os trabalhadores da UNICAMP podem e devem superar antigas “tradições do sindicalismo” petista e de sua velha direção do PCdoB. Um passo neste sentido seria fortalecer as reuniões de unidade, formar um forte comando de greve com representantes eleitos por unidade, contribuindo para que cada ativista se coloque como sujeito da construção e condução de sua greve.
É preciso que os trabalhadores também superem a velha direção do sindicato discutindo seriamente por qual projeto de universidade devem lutar, começando pela defesa da unidade do conjunto dos trabalhadores através de uma campanha pela isonomia para todos e efetivação dos terceirizados, FUNCAMP e patrulheiros, rompendo os muros impostos entre efetivos, temporários e terceirizados, objetivo pelo qual a nova gestão do STU não batalhou de forma conseqüente até o momento, e seria um grande passo contra o que a velha direção impunha, a divisão das categorias. Esta greve histórica pode ser um passo para todos trabalhadores na UNICAMP, efetivos, terceirizados, FUNCAMP se vejam como uma só classe e fortaleçam a luta contra o projeto de universidade das reitorias e do governo tucano.

Outro passo chave para superar as velhas características do STU seria romper com um sindicalismo corporativista, inaugurando um novo sindicalismo e ativismo operário que atue decididamente pelo conjunto da classe trabalhadora. Hoje isto significa estarmos lado a lado com a luta na USP que ganha as da imprensa em todo o país, a construção de uma mobilização unificada e uma grande campanha pela retirada dos processos ilegais contra os 73 presos políticos. Não se trata de uma luta dos estudantes da USP, mas do conjunto de lutadores do país, a começar pelos trabalhadores em luta nesse momento na Unicamp que precisam colocar de pé uma grande campanha contra a repressão. Sendo parte do mesmo projeto de universidade, o governo estadual busca calar qualquer ativista, e já faz isso na Unicamp. O processo contra 9 trabalhadores da vanguarda da Unicamp(incluindo membros do STU), as ameaças de corte de ponto e punição F4 nessa greve, os riscos que 400 trabalhadores correm em estágio probatório por problemas no contrato, mostram a central necessidade em preparar, junto aos estudantes, uma grande campanha contra a repressão na Unicamp e nas estaduais paulistas, assim como pela retirada da PM da universidade [1][1].

[1] A postura que o STU vem tendo, de legitimar e educar passivamente a categoria frente a presença de viaturas da PMs durante atos no campus, e escandalosamente agradecer o “trabalho” e a “segurança” dos “companheiros policias” nos atos pelo centro de Campinas logo após todo operativo de guerra da USP, demonstra as ilusões e a completa adaptação que essa corrente tem frente a esse aparato repressivo, algo que poderá se voltar contra a greve dos trabalhadores da Unicamp em momentos centrais da luta de classes.

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