Domingo 28 de Abril de 2024

Nacional

HÁ 40 ANOS DO ASSASSINATO DE EDSON LUÍS PELA DITADURA

Esculturas não bastam!

06 Apr 2008   |   comentários

Dia 28 de março se completaram 40 anos do assassinato de Edson Luís, no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro. Entre tantos outros assassinatos e crimes cometidos pelos militares e seus apoiadores, este marcou época, pois foi o estopim do ascenso estudantil e popular contra a ditadura. A insatisfação que se acumulava na população com as medidas repressivas e com o arrocho salarial explodiu. Os estudantes levantaram a consigna “ele poderia ser seu filho” e a partir do velório de Edson Luís começou a ecoar das ruas do Rio de Janeiro e de todo o país o grito de guerra “Abaixo a Ditadura!” , que ao longo do ano de 68 seria incorporado pelo movimento operário, principalmente nas heróicas e radicalizadas greves de Osasco e Contagem.

Tradicionalmente, essa data é relembrada pelo movimento estudantil com atos e manifestações em todo o país. Esse ano, porém, isso foi distinto. A UNE governista, desde que Lula assumiu o governo, abandonou a data tradicional e deixou de convocar atos nas capitais do país. Ela já não tem mais interesse em relembrar os tempos sombrios da ditadura militar e a resistência operária, estudantil e popular que teve um primeiro auge em 68 e retomou com toda a força em 78, culminando na própria refundação da UNE. Relembrar a luta contra a ditadura e homenagear aqueles que tombaram nessa luta, significaria também lembrar que o governo Lula convive pacificamente com os assassinos de Edson Luís e de tantos outros. Seria relembrar que muitos arquivos da Ditadura continuam secretos. Seria relembrar que os torturadores, os assassinos e seus apoiadores jamais foram punidos. Seria relembrar que eles continuam ativos no Congresso Nacional, nos círculos mais próximos do presidente Lula, na polícia civil e militar, nas forças armadas e no serviço de inteligência. E isso tudo a UNE governista faz questão de esconder.

Para “limpar a barra” do governo é que Paulo Vannuchi, secretário nacional de Direitos Humanos, organizou uma “homenagem” a Edson Luís, com a inauguração de uma escultura e para isso trouxe até sua mãe, Maria de Belém, que hoje vive sem o filho e com uma aposentadoria miserável como a maioria dos aposentados. Faltou apenas convidar Sarney, Delfim Neto e os outros ex-políticos do Arena, que hoje são aliados de Lula, do PT, do PCdoB e da própria UNE. Aí sim ficaria explicito como essa secretaria de Direitos Humanos é apenas um enfeite no governo Lula, um penduricalho que poderia ser facilmente absorvido por um departamento de propaganda e marketing. Afinal, o que podem falar o governo Lula e o PT, a UNE e o PCdoB, sobre direitos humanos? Depois de uma pequena tentativa de abrir os arquivos, o governo Lula recuou e pactuou com militares para não “reabrir velhas feridas” . Na atuação da polícia, tortura e execução sumária são práticas corriqueiras. Não só no Pará, estado governado pela petista Ana Júlia, mas em todo o país, é comum que mulheres sejam jogadas em celas com dezenas de homens. Nos presídios do país, superlotação de celas, e outros maus-tratos são recorrentes. Se sequer esses crimes contra os direitos humanos são punidos, o que dirá dos crimes cometidos pela Ditadura?

Por isso dizemos que para honrar a morte de Edson Luís, as esculturas não bastam. Queremos verdade: que todos os arquivos da Ditadura sejam tornados públicos e de acesso irrestrito. Queremos justiça: a lei de anistia iguala torturados e torturadores, iguala os ditadores e seus apoiadores com aqueles que lutaram contra a ditadura. Exigimos a punição aos militares e seus apoiadores! Assim como exigimos a revogação de todas as leis restritivas da época da Ditadura! Exigimos que os policiais e seus superiores (incluindo os governadores omissos e co-responsáveis) sejam responsabilizados e punidos pelas torturas e assassinatos cometidos pela polícia militar!

Fazemos um chamado ao PSTU, ao PSOL, à Intersindical e em especial à Conlute e à Conlutas, para que encampem essa necessária luta em defesa dos direitos humanos. Vemos como a “esquerda” governista, inclusive o PCdoB que teve muitos militantes torturados e assassinados, hoje se alia aos assassinos e torturadores e ajuda a “passar uma borracha” no passado. Isso significa que a luta por verdade e justiça, pela punição dos assassinos e torturadores de ontem e de hoje, recai completamente sobre os ombros da esquerda antigovernista, da Conlutas e da Conlute principalmente. O PT de Lula queria nos fazer acreditar que quando chegasse ao governo abriria, pelo menos, os arquivos secretos. Vimos como mais uma vez se submeteram aos militares. A luta por verdade e justiça só pode ser levada a cabo através da força e da unidade do movimento operário, estudantil e popular. Promover essa campanha unitária é uma das tarefas mais importantes da Conlute e da Conlutas.

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