Sexta 26 de Abril de 2024

Movimento Operário

ARGENTINA

Depois de dez horas de tensão, reprimem e desocupam os operários da Mafissa

25 Apr 2008   |   comentários

Um impressionante operativo policial, com mais de 500 efetivos de Infantaria, Cavalaria, da Divisão de Motos, da Polícia Científica, carros, helicópteros, bombeiros, da divisão de substâncias perigosas, e o Grupo Especial de Operações “Falcão” , conseguiram desocupar os operários que permaneciam na MAFISSA.

Às 17 horas, a infantaria se voltou sobre a fábrica, lançando gazes e balas de borracha sem restrições. Os trabalhadores conseguiram conter os primeiros avanços policiais, e depois se refugiaram no ultimo andar do edifício principal da Fábrica, e durante horas se negaram a abandoná-la. Reivindicavam que se cumprisse a resolução do juiz Arias do foro contencioso administrativo, proferida horas antes, que estabelecia o imediato cumprimento da conciliação obrigatória à empresa, que incluía reincorporar a todos os despedidos, os suspensos e o pagamento dos salários caídos, com uma multa diária para a empresa em caso de não cumprimento. Apesar desta Resolução, o Juiz penal César Melazo ordenou a desocupação.

Em frente à Fábrica, se concentraram uns 500 manifestantes entre operários, estudantes e organizações como ATE, a CTA e a FULP, em repúdio à repressão. Centros Acadêmicos realizaram um bloqueio de ruas no centro platense. Na cidade de Buenos Aires, organismos de direitos humanos e agrupações estudantis se concentraram em frente à Casa da Província de Buenos Aires. Em Neuquén, o Sindicato Ceramista e o grêmio docente (ATEN Capital) convocaram para hoje uma ação de repúdio nas pontes que unem essa cidade com Cipolleti.

Às 3 da manhã, os operários que permaneciam dentro da fábrica, no meio do enorme operativo, foram detidos e transferidos a DDI
Os advogados da Comissão Interna, junto aos organismos de direitos humanos presentes denunciaram a descomunal ação repressiva, que contou com um operativo que chegou a fechar até 3 quilometros das redondezas da fábrica. Denunciaram a ausência completa de representantes da promotoria e o Julgado Penal que deu a ordem de desocupação, e que frente às negociações para desocupar a fábrica, se encontrava o Grupo Falcão.

O Governo de Scioli permitiu esta desocupação favorecendo os interesses da patronal da MAFISSA, que vem descumprindo todas, e cada uma das resoluções do Ministério do Trabalho.
Na manhã de hoje, quinta, os familiares dos detidos, juntos aos operários da Mafissa e distintas organizações sindicais, políticas e estudantis se encontram no Ministério Público reivindicando a imediata liberdade de todos os detidos.

Pela tarde se realizará uma nova mobilização ao completarem 19 meses da desaparição de Jorge Julio López, que partirá da Praça Moreno às 18hs. Desde as organizações que convocam a manifestação, estamos propondo dirigir esta marcha até os Tribunais de 7 e/ 56 e 57 para reivindicar a imediata liberdade dos 18 trabalhadores detidos, repudiar a desocupação ordenada pelo juiz Melazo e Scioli, e reivindicar a retirada da polícia da fábrica e a reincorporaração de todos os trabalhadores despedidos e suspensos.

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Escandalosa acusação de “coação agravada” e dano qualificado à 18 trabalhadores da MAFISSA

(CeProDH [1], 18/04/08) Depois de um operativo com 400 efetivos da Policia Bonaerense, com o Grupo Falcão e divisões da infantaria e cavalaria, incluindo helicópteros , o Juiz César Melazo, que ordenou a desocupação, se esquivou da causa referida aos operários detidos. Em uma escandalosa manobra, com o aval do governo de Scioli, o novo Juiz Guillermo Atencio e a promotora Ana Medina mudaram a caracterização pela qual imputavam aos operários detidos o delito de “coação agravada em concurso real com dano qualificado” . Esta acusação, que não se sustenta com nenhum dos elementos da prova no expediente, poderia incluir penas de 10 anos de prisão.

Quando se completam 19 meses da desaparição de Jorge Julio López e a mesma força que reprimiu aos operários foi separada ontem mesmo dessa causa por “negligencia manifesta” , é um feito gravíssimo que se viole desta maneira os elementares direitos dos trabalhadores que estão defendendo seus postos de trabalho, passando fome e com resoluções do Ministério do Trabalho e um julgado do Juiz Arias a seu favor, enquanto a empresa da família Curi, colaboradora da ditadura militar, tem violado com absoluta impunidade toda a legislação vigente.
Entendemos que se busca transformar os operários da MAFISSA em um exemplo disciplinador para o conjunto dos trabalhadores.

Chamamos aos demais organismos de Direitos Humanos, e a todas as organizações sindicais, políticas e populares, que já começaram a se mobilizar e a pronunciarem-se, a lançar uma grande campanha nacional e internacional exigindo a retirado dos processos e a liberação imediata dos companheiros detidos, assim como o cumprimento de suas justas reivindicações.

O Partido de los Trabajadores Socialistas (PTS) é a organização irmã da LER-QI na Argentina, e também faz parte da Fração Trotskista - Quarta Internacional

[1Centro de Profissionais pelos Direitos Humanos

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