Sexta 19 de Abril de 2024

Movimento Operário

Frente ao fechamento da BRA com 1.100 demissões:

Estatização da companhia sob controle operário

09 Nov 2007   |   comentários

A crise aérea não tem fim. A BRA, terceira maior empresa aérea do país, anunciou em nota o fim das operações, cancelando todos os vóos que transportariam mais de 20 mil passageiros até o final do ano; de imediato, os 1.100 funcionários estão de aviso prévio. A BRA há tempos vem sofrendo com a brutal concorrência imposta pelo duopólio TAM e GOL, bem como outras empresas menores, a exemplo da OceanAir. Como diz O Estado de São Paulo: “O colapso da BRA Transportes Aéreos aumenta ainda mais o poder das companhias TAM e Gol. Junto com a VRG (Nova Varig), que agora é da Gol, as duas detêm 89,7% do mercado” . Ambas surgiram num momento em que a falência iminente da velha Varig deixava um horizonte em aberto para que se dividisse o filão que se abriria no mercado de aviação civil. Com a consolidação dessas duas novas potências no mercado, as demais empresas e em especial a BRA, que praticamente só opera vóos domésticos, ficaram "penduradas na brocha". A OceanAir ainda sobrevive, pois é da Avianca, que opera rotas importantes na América Latina. E não à-toa a TAM não demorou para demonstrar seu interesse em absorver as rotas da BRA, primeiro reacomodando "gentilmente" os passageiros, mas certamente se preparando para no futuro próximo agregar o espólio da BRA ao seu património. No meio das disputas pelo negócio aeroviário 1.100 trabalhadores e suas famílias estão ameaçados de perder sua fonte de trabalho.

Os trabalhadores precisamos de um plano de luta em defesa de nossa fonte de trabalho e para que a crise seja paga pelos capitalistas

Os trabalhadores não somos responsáveis pelas constantes crises aéreas. O acidente em Congonhas, com o avião da TAM, mostrou que a sede de lucro dos capitalistas não tem limites, não se importam com a vida do povo, dos trabalhadores e suas famílias. Como dizemos em nosso jornal nº 32: “Nas mãos dos capitalistas aéreos, pactuados com os políticos corruptos, a lei das privatizações reinará e os ´baixos custos´ operacionais poderão ser diminuídos ainda mais, ou seja, funcionários terão salários e direitos rebaixados, aumentando a precarização do trabalho, as condições dos equipamentos continuarão sendo secundarizadas diante das taxas de lucros, a segurança continuará sendo colocada de lado em prol da ganância” .

Agora são 1.100 famílias ameaçadas de perder o trabalho.
Necessitamos um plano de luta que coloque em primeiro lugar a defesa dos postos de trabalho. Porém, nas mãos dos patrões e do governo, que agora ameaça privatizar os aeroportos, as demissões e os acidentes aéreos seguirão ocorrendo. A única saída de fundo para resolver a atual crise é a criação de uma única empresa estatal de transporte de cargas, de passageiros e de gestão dos aeroportos, sob administração direta de aeroviários, aeroportuários e usuários.

Os pelegos também lucram e olham para outro lado

O jornal O Estado informa que o “Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, filiado à Força Sindical, informou que ´tomará as providências cabíveis para garantir o pagamento integral dos 750 aeroviários que serão prejudicados com o fechamento da BRA”™” . E continua: “Vamos procurar a direção da empresa e se não houver acordo para o pagamento dos funcionários entraremos com ação na Justiça, disse Reginaldo Alves de Souza, presidente do Sindicato” . Uébio José da Silva, um burocrata que vive do dinheiro do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo (Força Sindical), vem a público dizer que "a categoria foi pega de surpresa" e que esse é "mais um capítulo da crise aérea". Como se os sindicatos não soubessem que há tempos isso pudesse acontecer diante do crescimento monopólico de TAM e GOL, e pior, como se não tivessem nenhuma responsabilidade nas demissões em massa que mais uma vez ataca brutalmente milhares de trabalhadores aeroviários. A exemplo do que fizeram na falência da Transbrasil, Vasp e Varig esses pelegos não tomaram qualquer iniciativa para mobilizar os trabalhadores e preparar um plano contra a medidas da BRA.

A CUT, com Graziela Baggio presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários ligada à Fentac (Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil), diz hipocritamente que "espera que o governo intervenha para não prejudicar funcionários e passageiros", ao passo que nada faz sequer para cercar de solidadariedade os trabalhadores demitidos e suas famílias. Esses burocratas ficam tão tranqüilos porque nos casos de demissões em massa eles nunca perdem os empregos e continuam recebendo salários e mordomias sem trabalhar.

Os sindicalistas aceitam as demissões e não estão dispostos a lutar em defesa dos trabalhadores. Precisamos varrer de nossos sindicatos estes dirigentes traidores e comprometidos com as empresas e o governo, para nos organizarmos de forma independente para barrar as demissões.

É preciso, urgentemente, que as organizações combativas e os sindicatos classistas que integram a Conlutas e a Intersindical rodeiem de solidariedade esses trabalhadores, ajudando a sua organização independente para impedir que a empresa feche e demita, opondo à Força Sindical e à CUT governista um plano de luta que exija do governo a estatização da companhia e sob controle dos trabalhadores e usuários.

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