Segunda 29 de Abril de 2024

Internacional

México: apoiemos os eletricitários

Com a greve nacional pode-se derrotar Calderón

09 Nov 2009   |   comentários

No dia 11/10 o presidente Felipe Calderón decretou a extinção da empresa estatal de energia Luz y Fuerza del Centro. Com esta medida digna da década neoliberal o governo pretende atingir a organização dos trabalhadores e, por essa via, ao conjunto da classe operária. Desde esse dia, a luta e a solidariedade com os eletricitários se expande entre estudantes, jovens e trabalhadores.
Neste fim de semana os trabalhadores eletricitários organizados no Sindicato Mexicano de Eletricistas (SME) conseguiram com uma massiva mobilização barrar a resolução patronal que a antidemocrática Junta Federal de Conciliación y Arbitraje (órgão governamental que media os conflitos trabalhistas) pretendia impor definindo o término das relações trabalhistas entre o SME e Luz y Fuerza del Centro.
Assim, a luta dos eletricitários mexicanos entrou em sua terceira semana e no daí 5/11 a assembléia dos trabalhadores decidirá as próximas ações. Neste dia ocorrerá uma importante discussão entre os eletricitários, centenas de sindicatos, organizações sociais, estudantis e políticas que estarão presentes, já que houve acordo em definir os termos de uma paralisação ou greve nacional para enfrentar o decreto do governo. Na segunda-feira 2/11, numa assembléia realizada na sede sindical, ficou resolvido convocar uma paralisação nacional para 11/11 que será precedida por vários atos e atividades, e na quinta-feira 5/11, uma segunda Assembléia Nacional Popular votará, junto com as organizações solidárias, a implementação destas medidas.

Multiplicar as ações de solidaridade

A Liga de Trabajadores por el Socialismo-Contracorriente (LTS), organização do México irmã da LER-QI, participa desde o primeiro dia nas ações de solidariedade, marchas e assembléias na Cidade do México e em Pachuca. Dispondo todos seus esforços para que esta luta triunfe, tem feito dezenas de foruns e reuniões nas universidades, em Pachuca, no IMSS (previdência social), em Ecatepec, para impulsionar a criação de Comitês em apoio ao SME, nos quais se tomem resoluções para fortalecer a luta eletricitária.
No Estado do México faz parte junto com eletricitários, organizações de bairros e estudantis da Frente Regional de Ecatepec em apoio ao SME, e em Pachuca Hidaldo participa junto com os companheiros do movimento de ex-mineiros da Real del Monte buscando unificar esta luta com a greve dos trabalhadores do Colegio de Bachilleres pela revisão salarial.
Na universidade, com a agrupação estudantil Contracorriente, impulsiona mobilizações, foruns e brigadas de apoio à luta do SME, juntando dinheiro, alimentos e difundindo a luta nas principais faculdades e escolas da Universidade Nacional Autónoma de México. Como parte disso, participou, há alguns dias, na primeira Assembléia Nacional Representativa do Movimento Estudantil, na qual defendeu ao lado de muitos estudantes o chamado para formação de assembléias com delegados revogáveis e rotativos para impulsionar um movimento nacional estudantil em defesa da indústria elétrica, enviando seus representantes à Assembléia Nacional Estudantil de 10/11.
Muitas escolas se apresentaram com resoluções de respaldo à paralisação nacional e os estudantes estão dispostos a paralisar, e por isso resolveu pedir à Assembléia de 5/11 tomar decisões concretas para a paralisação nacional de 11, 12 ou 13 de novembro, e chamar os sindicatos nacionais a respaldar essa decisão. Um grande exemplo de solidariedade ativa estudantil foi a importante paralisação do dia 4/11 no Colegio de Ciencias y Humanidades, campus Azcapotzalco, onde os estudantes ocuparam o campus desde a noite do dia 3/11 e encheram de bandeiras em apoio ao SME, colocando barricadas nos acessos. Esta ação também protesta contra as sanções das autoridades universitárias contra pelo menos cinco estudantes, contra alunos que apoiam o SME e estão impedidos de assistir aulas e colar cartazes. Em 4/11, uma assembléia decidiu manter a paralisação durante todo o dia. Isso moraliza muito os eletricitários que veem os estudantes como uma fonte de apoio a sua luta.
A LTS-CC ver como fundamental organizar-se na perspectiva de levantar um grande fundo de greve a partir dos sindicatos para que esta luta não seja quebrada pela fome e o cansaço. Impulsionar em cada local de trabalho, sindicato ou colónia uma rede nacional de Comitês em Defesa da Indústria Elétrica e em solidariedade ao SME, nos quais sejam votadas ações como as paralisações escalonadas, bloqueios de ruas e atividades de solidariedade. Impulsionar dentro dos sindicatos a greve de 24 horas em solidariedade com o SME, exigindo às direções da UNT que definam a data desta ação. E organizar com base nos Comitês e nas assembléias, uma grande Assembléia Nacional das organizações operárias e populares, constituída com delegados rotativos e revogáveis onde se definam uma pauta comum de reivindicações dos setores em luta e uma jornada nacional de luta até derrubar o decreto e recuperar as instalações da Luz y Fuerza del Centro.

Preparar uma grande paralisação nacional

Os jornais do dia 4/11 estamparam nas primeiras páginas que a direção do SME convocará para o dia 5/11 uma paralisação cívico-nacional contra o decreto. Entretanto, acreditamos que a paralisação, como medida de força dos trabalhadores para colocar em xeque o governo, deve ser efetivo e não cívico, e impulsionado pelas principais centrais sindicais agrupadas na Unión Nacional de Trabajadores.
Agora é necessário, além disso, multiplicar as ações de solidariedade para com o SME: os trabalhadores mobilizados são uma força essencial para derrubar o reacionário decreto presidencial. Apenas a força da classe operária junto com os setores populares afetados pelos planos neoliberais pode reverter o golpe do direitista governo Calderón. Para isso, é fundamental assumir uma perspectiva independente e os métodos próprios da classe operária, sem confiar na ação da justiça e das instituições desta “democracia para ricos” . Somente a partir de uma grande e decidida ação da classe operária Calderón poderá ver-se obrigado a retroceder.
É, desde esta perspectiva, que entendemos fundamental construir uma corrente de trabalhadores classistas, verdadeiramente independente dos partidos da burguesia como o PAN, o PRI e inclusive o PRD ’ que se diz opositor ao governo mas não defende um programa de acordo com os interesses dos trabalhadores.
Estamos chamando, para o dia 7/11, uma discussão da LTS-CC com trabalhadores do Stunam, da Corrente de Trabalhadores de Ecatepec, trabalhadores democráticos da Telmex, trabalhadores democráticos do IMSS sobre todas essas propostas.

Artigos relacionados: Internacional









  • Não há comentários para este artigo