Segunda 29 de Abril de 2024

Nacional

Chamado à formação de um pólo classista, antigovernista e antiburocrático

15 May 2005   |   comentários

Os ataques de Lula à classe trabalhadora, que vão desde a reforma previdenciária até a manutenção do desemprego para milhões e milhões de trabalhadores, passando pelo terrível arrocho salarial e pelas condições cada vez mais precárias de trabalho, têm provocado, ainda que de forma inicial, um sentimento de desilusão e indignação.

Além disso, com o apoio da burocracia sindical ao governo, e depois de ela ter desviado, traído ou abandonado à própria sorte as lutas que ocorreram em 2003 e 2004, vem se desenvolvendo um sentimento antiburocrático que atinge pequenos setores de diversas categorias, com destaque para os servidores públicos, onde este sentimento é mais amplo devido à traição aberta da direção da CUT na greve contra a reforma da previdência.

Como fruto destes processos, estão sendo organizadas oposições sindicais que se colocam claramente contra o governo Lula e contra os oportunistas e traidores que defendem os interesses do governo e da patronal dentro do movimento operário. É um processo minoritário, mas que tende a crescer no próximo período em função do grande ataque que representa a reforma sindical-trabalhista.

Ao longo de 2004, a Conlutas foi um pólo aglutinador deste processo. No entanto, nos últimos meses, setores da chamada “esquerda cutista” , que em um primeiro momento defendiam “disputar” o governo Lula, fazendo algumas críticas parciais, mas preservando o apoio ao governo, têm avançado em conformar um novo setor, dentro da CUT e por fora da Conlutas, que se coloca contra o governo e inclusive contra o PT .

Chamamos a conformação de um pólo que reúna todos esses setores de trabalhadores, de sindicatos e de oposições sindicais, que hoje se colocam contra o governo Lula, em torno de ações concretas que lhes permitam influenciar setores mais amplos do movimento de massas, liberando-os da influência do governo e do PT e dotando-os de uma perspectiva classista.

Um pólo impulsionador de uma frente única dos trabalhadores para derrotar a reforma sindical

A luta para barrar a reforma sindical-trabalhista se coloca hoje como a mais importante tarefa do conjunto da classe trabalhadora brasileira. Nesse marco o pólo classista, antiburocrático e antigovernista que propomos deve concentrar suas forças em impulsionar a mais ampla frente única de todos os setores que se disponham a lutar contra este ataque. Esta frente única precisa ir muito além da chamada “Frente Nacional Contra Esta Reforma Sindical” , que se formou entre sindicatos da CUT, Força Sindical, CGT, CGTB e sindicatos da Conlutas, no sentido de unificar os trabalhadores, não a partir das cúpulas, mas dos organismos de democracia direta em cada local de trabalho e se utilizando dos métodos da classe operária.

Não podemos nos iludir e achar que dirigentes de centrais pelegas como a Força Sindical, a CGT e a CGTB, ou correntes que fazem parte do governo como o PCdoB, hoje obrigadas, para manter seus privilégios que estão ameaçados, a se contrapor ao governo e à patronal no que diz respeito à reforma, impulsionarão uma frente desse tipo. Não o farão porque sabem que a coordenação de amplos setores dos trabalhadores, organizados democraticamente e lançando mão de métodos radicalizados, rapidamente fugiria de seu controle. Além disso, ao avançarem na consciência do caráter anti-operário desse governo e na confiança em suas próprias forças,os trabalhadores tenderiam a se questionar sobre o porquê dos dirigentes de seus sindicatos fazerem parte ou colaborarem com um governo desse tipo.

É justamente incidindo sobre esta contradição da burocracia que um pólo classista pode se fortalecer e atrair muitos trabalhadores, na tarefa de coordenar e estender as ações contra a reforma, e também contra todos os ataques da patronal e do governo que venham pela frente. Um pólo que organize em todas as partes oposições sindicais para expulsar a burocracia dos sindicatos e retomá-los para a luta dos trabalhadores, transformando-os em organizações democráticas onde sejam os próprios trabalhadores, e não um punhado de burocratas, quem tudo decida. Que, a partir do imenso fortalecimento que isso representaria para o conjunto da classe trabalhadora, imponha a resolução do problema do desemprego e da miséria através de uma redução da jornada de trabalho de modo a garantir a incorporação de todos os desempregados à produção, com um salário suficiente para suprir no mínimo as necessidades básicas de uma família.

A Conlutas precisa ser a principal impulsionadora desse pólo

A Conlutas reúne parte importante dos principais sindicatos e trabalhadores que hoje se colocam não só contra as reformas neoliberais de Lula, mas também contra a o governo de conjunto e contra a burocracia sindical e se propõe a ser uma coordenação das lutas. É por isso que a Conlutas pode e deve ser um motor da construção desse pólo, buscando se unificar com todos os setores dos trabalhadores que se coloquem contra o governo e os patrões. Só assim a Conlutas poderá ajudar a unir a classe trabalhadora, coordenar e fortalecer suas lutas e formar uma nova vanguarda que possa chegar aos milhões de trabalhadores brasileiros, libertando-os da influência da burocracia para que estes possam avançar em sua independência de classe e inaugurar um novo período de ascenso das massas.

Para isso é preciso começar a organizar democraticamente a própria Conlutas, seguindo o exemplo do Sintusp, onde os trabalhadores votam nas assembléias representantes para a Conlutas. A Conlutas deve ser um exemplo de democracia operária para todo o país fazendo com que suas decisões sejam tomadas nas assembléias de cada local de trabalho e que seus sindicatos se transformem em verdadeiros sindicatos militantes, que atuem sobre a base das outras categorias, centralmente sobre a base dos sindicatos cutistas, exigindo que estes sindicatos rompam com o governo Lula e com o PT. Lutando pela conformação deste pólo e para recuperar os sindicatos das mãos das direções pelegas e governistas a Conlutas poderá ser o motor não só da luta contra a reforma sindical, mas também da constituição de um novo movimento operário.

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