Sexta 3 de Maio de 2024

Teoria

Casa Socialista e Boitempo lançam na USP o novo número da revista Margem Esquerda

10 Dec 2006   |   comentários

Na sexta-feira, 24 de novembro, mais de 200 pessoas assistiram ao debate “Oaxaca e a urbanização da luta de classes na América Latina” entre Michael Löwy, Paulo Arantes e Juan Chingo, dirigente do Partido dos Trabalhadores Socialistas da Argentina e da Fração Trotskista ’ Quarta Internacional, da qual a Liga Estratégia Revolucionária faz parte.

A intervenção de Juan Chingo se centrou na heróica luta dos trabalhadores e do povo de Oaxaca, no México, que puseram de pé uma verdadeira comuna e hoje se enfrentam duramente com a Polícia Federal Preventiva, remarcando sua localização no marco da situação internacional, na qual a decadência do imperialismo norte-americano abre brechas para novos fenómenos políticos e da luta de classes no continente latino-americano, em particular naqueles países cujos governos vêm sendo mais pró-imperialistas, como é o caso do México. Juan Chingo mostrou como Oaxaca é o ponto mais alto desses fenómenos - na medida em que tem como sujeito central um setor da classe trabalhadora, construiu um embrião de organismo de poder das massas (a APPO) e um poder territorial através das barricadas -, e ao mesmo tempo anuncia novos fenómenos que tendem a se dar no futuro.

Abriu-se uma polêmica centralmente com Paulo Arantes, que se baseando em um fato real como é a relativa deslocalização de grandes plantas fabris das grandes cidades, em comparação com o século passado, e vendo nisso o desenvolvimento de um processo de “favelização” em todo o mundo, opós em sua intervenção de forma absoluta a “luta urbana” à luta da classe operária, negando o papel dirigente e central que os professores cumpriram para organizar os distintos setores do povo oaxaquenho, o que fez com que o debate tenha assumido cada vez mais características de polêmica teórica, estratégica e política. “Por classe trabalhadora entendemos todos aqueles que se vêem obrigados a vender sua força de trabalho em troca de um salário, disso dependendo para viver, e cujo salário, por sua vez, não lhes permite acumular capital [...] Ainda que na APPO haja sim uma importante participação de indígenas e setores populares, foi a transformação da greve dos professores em greve política, com a adoção da consigna de “Fora Ulises Ruiz” o que permitiu unificar todo o povo. Neste sentido o papel dos trabalhadores foi insubstituível [...] Além disso é impossível conceber a cidade por fora da ação dos trabalhadores dos transportes, das telecomunicações, lixeiros etc. [...] e é por isso que o aumento do peso dos trabalhadores dos serviços, sem os quais as cidades não podem funcionar, fortalece e não diminui a centralidade da classe trabalhadora, sobretudo hoje, que, ao contrário do momento em que se deram os grandes embates históricos da luta de classes, a maioria da população mundial está nas cidades” Esse foi o conteúdo da intervenção final de Juan Chingo que teve seu artigo “Os Estados Unidos aceleram a sua decadência: um balanço provisório da presidência de Bush” publicado no último número da revista Margem Esquerda.

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