Quinta 2 de Maio de 2024

Internacional

DECLARAÇÃO DA LIGA ESTRATÉGIA REVOLUCIONÁRIA - QUARTA INTERNACIONAL

Abaixo o bloqueio imperialista à Cuba! Em defesa da Revolução Cubana, contra a burocracia castrista!

06 Apr 2010   |   comentários

O destino da revolução cubana não é um tema menor. A revolução de 1959 deu
origem ao primeiro estado operário – ainda que deformado – da América Latina, e é uma
conquista que deve ser defendida pelo movimento de massas de nossa América. Contudo,
em Cuba a expropriação da burguesia e dos latifundiários não deu lugar ao governo dos
conselhos de operários e camponeses e o pluripartidarismo revolucionário para exercer
o poder, como foi na Rússia dos soviets em 1917; o poder político se manteve nas mãos
de um partido - exército que com o tempo se constituiu em uma burocracia, impondo o
regime de partido único e a estratégia do “socialismo em um só país”.A atual emergência
de uma oposição democrática burguesa em Cuba – que se nutre em grande parte de
burocratas expulsos do Partido Comunista Cubano – é consequencia da política castrista
que exerce uma ditadura bonapartista. Os Castro estão presos à clássica disjuntiva que
sacode os regimes bonapartistas em suas etapas finais: ou abrem mão e toleram que a
sociedade expresse as suas reclamações e escolhas as suas preferências paulatinamente, ou
reprimem com maior severidade qualquer manifestação de inconformismo.

A burocracia castrista em uma encruzilhada

Dois caminhos se abrem para a burocracia: tentar manter o status quo (que inclui
o processo atual de decomposição e liquidação das conquistas revolucionárias) através de
maior repressão, ou ainda tentar abrir alguma “válvula de escape” à insatisfação das massas
e às distintas pressões na sociedade cubana. Mas, estrategicamente, qualquer uma das
opções é muito perigosa e pode abrir caminho para crises maiores. No final das contas,
para sobreviver e se reciclar se verá empurrada a se converter em um processo de
restauração capitalista. A crise está golpeando especialmente, por sua maior proximidade
com as massas e suas organizações e pelo peso ideológico que tem, o pilar mais sensível
do regime: o Partido Comunista Cubano. As disputas pelo momento se tornam duras,
como demonstrou a campanha de desprestígio que seguiu à expulsão de Pérez Roque e
Carlos Lage, que expressavam uma ala mais conservadora ligada a Fidel Castro, que segue
sendo o presidente do partido. Ante as dificuldades econômicas em Cuba, Raúl já vem
impulsionando uma série de retiradas de conquistas operárias (como os restaurantes
operários e os subsídios aos desempregados) reivindicando maior “produtividade”. Porém,
para a direção histórica é muito difícil encabeçar eles próprios a restauração capitalista,
que implicaria obter uma derrota sobre as massas ao estilo do que fez a burocracia chinesa
em Tiannamen.

O futuro de Cuba está nas mãos dos operários e camponeses

A burocracia derruba a cada passo as conquistas da revolução que diz defender e
o apoio político que lhe dão os “amigos de Cuba” só ajuda nesta tarefa destrutiva.A única
saída verdadeiramente possível e progressiva é a mobilização independente das massas
cubanas, que enfrente o imperialismo derrotando em primeiro lugar o selvagem bloqueio
econômico ianque, o que exige a unidade com as massas latino-americanas, em primeiro
lugar, em vez de confiar nos governos burgueses “amigos”, como os de Lula e Chávez. É
preciso levantar um programa que, partindo da defesa das conquistas da revolução, do
salário, do nível de vida dos trabalhadores e dos camponeses, e da luta contra os privilégios
da burocracia e dos setores enriquecidos, lute pela revisão de todo o plano econômico sob
o controle dos trabalhadores, especialmente contra as concessões excessivas ao capital
estrangeiro e às “medidas de mercado”, reafirme o monopólios estatal do comércio
exterior e inclua as reivindicações democráticas como a liberdade para os presos políticos
que não tenham participado em atos terroristas, nem estejam financiados pela CIA.

Comissões operárias independentes que revisem caso por caso. Liberdade
imprensa e organização para os trabalhadores e a legalização de todos os partidos que
defendam a revolução. Isso não será possível pelo caminho da “abertura democrática” que
o imperialismo quer, nem pela auto-reforma da burocracia. Exige varrer a burocracia
governante, acabar com o reacionário regime de partido único e impor um verdadeiro
governo dos trabalhadores baseado em organismos de auto-determinação de massas do
tipo de soviets ou conselhos. Só assim a revolução poderá vencer os perigos da pressão
imperialista e seus agentes.

Portanto, nós da Liga Estratégia Revolucionária – QI, integrante da Fração Trotskista
chamamos uma campanha que lute por:

- Fim do embargo imperialista! Fora ianques da América Latina!

 Não às tentativas de Obama de restaurar o capitalismo em Cuba!

 Uma luta conseqüente em defesa de Cuba não virá de Chávez ou
Lula. Que os trabalhadores e os povos latino-americanos tomem em
suas mãos a defesa de Cuba!

 Mobilização independente dos trabalhadores e do povo cubano para
defender e aprofundar as conquistas da revolução!

 Liberdade política e sindical a todas as organizações e àqueles que
defendam as conquistas da revolução!

 Não ao retorno dos gusanos de Miami!

 Pela instauração dos organismos de autodeterminação dos
trabalhadores e do povo cubano para derrubar a burocracia castrista,
e defender e avançar as conquistas da revolução de 1959!

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