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CONGRESSO NACIONAL

Um sistema partidário em decomposição

07 Mar 2009   |   comentários

O escabroso espetáculo que está sendo apresentado pelo Congresso Nacional nos primeiros meses deste ano mostra o nível de decomposição do sistema partidário brasileiro.

De um lado, a base governista encabeçada agora pelo PMDB, se debate em torno de disputas pelo controle de comissões e cargos que lhes permitam botar as mãos em dezenas de bilhões de dinheiro público e da aposentadoria dos trabalhadores (fundos de pensão). E para evitar que a situação exploda em novos mensalões que lhe fujam do controle, Lula está pagando um preço cada vez mais alto. Com seu apoio, ninguém mais que Fernando Collor de Mello assumiu o controle da Comissão de Infraestrutura do Senado, que é responsável por acompanhar e fiscalizar as obras do PAC! O pano de fundo dessas disputas, que colocaram PT e PMDB em lados opostos nas eleições para a presidência do Senado e da Câmara em fevereiro, é uma queda de braço entre esses dois partidos pelo controle dos fundos de pensão, por onde passam mais de 220 bilhões de reais. Agora, com o PMDB no controle das duas presidências do Congresso e com o PT controlando 6 dos 10 maiores fundos de pensão, entraremos num período de fortes disputas na base governista, pois o PMDB vai tentar fazer valer seu peso no Congresso para meter a mão na grana dos fundos de pensão.

De outro lado, a oposição burguesa aglutinada em torno do PSDB e do DEM (ex. PFL), não encontra um caminho para se enfrentar ao governo Lula, mais popular do que nunca. O PSDB se debate em torno de disputas internas, entre José Serra e Aécio Neves, para ver quem vai ser o candidato opositor nas eleições de 2010, mas sem apresentar nenhuma política distinta daquela implementada pelo governo petista.

Lula, o rei dos picaretas

Cada trabalhador que confia no governo Lula deveria se perguntar por que um governo tão forte tem que fazer tantas concessões para os velhos urubus da política brasileira, como José Sarney, Collor, Renan, Michel Temer e tantos outros? Não seria possível, para um governo que diz representar os interesses da grande maioria, se apoiar na força e na mobilização dos trabalhadores para varrer da política nacional essas figuras sinistras?

A escolha dos aliados reflete o conteúdo das políticas do governo. Lula apoiou a eleição de José Sarney para a presidência do Senado e de Michel Temer para a presidência da Câmara de deputados por que defende os mesmos interesses de classes que estes senhores. Tal como eles, Lula está a favor de garantir os interesses dos capitais imperialistas investidos no Brasil, seguir pagando as dívidas interna e externa aos bancos e empresas capitalistas e dar centenas de bilhões de reais para salvar os patrões que demitem em massa.

Governando para a burguesia, Lula não pode deixar de entrar no jogo de corrupção que domina a política brasileira. E não é só que Lula entra no jogo, mas ele é o próprio árbitro da partida. Lula usa o apoio que os trabalhadores lhe dão, e as verbas estatais, para administrar as disputas por cargos e verbas na base governista e evitar que elas lhes escapem do controle mais uma vez, como aconteceu em 2005. Os Odebrecht, os Erminio de Morais, os Vicunha e tantos outros grandes burgueses lhe agradecem os serviços prestados. E agradecem com dinheiro, já que Lula mais que dobrou seu património desde que virou presidente e hoje tem centenas de milhares de reais investidos em títulos da dívida pública, além das negociatas de dezenas de milhões realizadas pelas empresas dos seus filhos, patrocinadas com verbas das estatais.

O PSOL ao lado do PT

Depois de apoiar a aprovação do Super-simples, primeira parte da reforma trabalhista, de ver sua principal figura pública participar da campanha da Igreja Católica contra o direito ao aborto e depois de receber dinheiro da Gerdau, agora o PSOL se colocou ao lado de candidatos governistas nas eleições para a presidência do Senado e da Câmara de Deputados. No Senado, apoiou o petista Tião Viana. Na Câmara, apoiou Aldo Rebelo do PCdoB. Para quem não se lembra, Aldo Rebelo foi quem fez o serviço sujo de presidir a Câmara de Deputados logo depois do escândalo do mensalão, ajundando a preservar o governo Lula e as instituições da democracia dos ricos.

Esse é o “socialismo” com empresários defendido pelo PSOL: enquanto não move uma palha para impulsionar a luta dos trabalhadores contra as demissões, se apressa para colocar seu único senador em um jatinho para Brasília para apoiar o candidato petista. Esse partido, que tentou se colocar como alternativa ao PT logo quando foi fundado, já nasceu sem nenhuma definição e muito rapidamente optou por um falso discurso ético e por composições com setores burgueses para ampliar sua influÊncia eleitoral principalmente entre setores da classe média. Assim, não é nenhuma opção para os trabalhadores.

Já passa da hora de abrirmos, junto ao conjunto da vanguarda operária, popular e estudantil, a discussão sobre a necessidade de construção de um novo partido de trabalhadores revolucionário, capaz de aproveitar as debilidades do regime político burguês no caminho da constituição de um verdadeiro governo operário e popular. Para isso é indispensável combater e desmascarar desde já os obstáculos como o PSOL que falam pela esquerda, mas de fato praticam a colaboração de classes.

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