Palavra Operária

Ontem os ocupantes da reitoria foram surpreendidos com a intimação da juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti que concedeu à reitoria a liminar de reintegração de posse intimidando os ocupantes a comparecer uma audiência de conciliação, no fórum Hely Lopes Meirelles, hoje às 10hs. O não comparecimento resultaria na desocupação por força policial a partir das 11hs da manhã. Era uma clara operação da reitoria e da juíza para aproveitar a universidade vazia no final de semana para desalojar os ocupantes, com a justificativa que se negavam a negociar.

A comissão de negociação eleita em assembléia dos ocupantes esteve presente nesta audiência. A reitoria e a justiça aceitaram a argumentação do movimento estudantil que ocupa a reitoria da USP, adiando a reintegração de posse para segunda-feira às 23hs. Os representantes dos estudantes, junto com o SINTUSP, e dois advogados solidários, Vandré Ferreira e Felipe Vasconcelos, portando uma carta do Juiz do Trabalho e professor da USP, Jorge Luiz Soto Maior, argumentaram que todas decisões são submetidas a assembléias, que não há nenhum posicionamento possível antes disto.

Esta vitória parcial mostra a legitimidade do movimento. A legitimidade de seu método de organização, as assembléias e seu método de luta das ocupações.

Na reunião ocorrida hoje a reitoria prometeu que colocará por escrito nenhuma punição aos membros da comissão negociadora. Esta primeira concessão é completamente aquém das expectativas dos estudantes. Garantindo a não punição de somente a comissão negociadora, a reitoria quer sua mão livre para seguir sua política de repressão e perseguição aos que lutam, que passa até por demissões inconstitucionais de dirigentes sindicais, como Claudionor Brandão. Nenhuma ilusão nesta concessão! Nenhuma punição a todos que lutam! Retirada de todos os processos administrativos a estudantes, professores e funcionários! Fora polícia da USP! Estas têm sido as posições reafirmadas em cada assembléia dos estudantes.

Esta vitória tática e temporária dos estudantes combativos e seus aliados, das quais nós da LER-QI nos orgulhamos de fazer parte, aconteceu em meio à continuidade da política contrária ao movimento que tem tido o Diretório Central dos Estudantes (DCE), sua corrente majoritária, o PSOL e outra importante corrente no movimento estudantil da USP, o PSTU.

A ocupação da reitoria procurou os dirigentes do DCE na figura de João Vítor, buscando a participação do DCE e sua contribuição na busca de advogados para acompanhar os estudantes na audiência. Este dirigente do DCE afirmou sua concordância, no entanto, em um segundo contato, este afirmou que as outras correntes (PSOL) não permitiriam a participação do DCE.

Esta pequena vitória contra toda a campanha difamatória às ocupações da FFLCH e da Reitoria, é também uma vitória que reafirma o método da democracia dos que lutam. Todos os dirigentes eleitos em assembléias soberanas se submetem a suas decisões, seguindo suas resoluções. É uma vitória para avançar em um movimento massivo contra a polícia na USP.

Abaixo o burocratismo no movimento estudantil, nenhuma decisão por fora das assembléias!
Viva a luta dos estudantes combativos da USP!
Fora PM da USP, das periferias e favelas!
Abaixo o convênio USP-PM!
Pela retirada de todos os processos administrativos e judiciais contra estudantes, trabalhadores e professores!
Nenhuma punição aos que lutam!

Liga Estratégia Revolucionária
05/11/11

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