Domingo 28 de Abril de 2024

Juventude

JUVENTUDE

Solidariedade estudantil militante à greve de funcionários das universidades públicas paulistas

11 Jun 2010   |   comentários

Apesar do frio e da chuva que trouxeram a manhã dessa quinta-feira (10 de junho), logo às 7:30h somávamos cerca de 100 ativistas em ato na portaria da Unesp, Av. 24 A . A fila de carros não demorou para se perder rua à baixo e também não se atrasaram as viaturas policiais que nos encaravam constantemente e exigiam que liberássemos o fluxo. Nossas faixas e cartazes cobriam a entrada e deixavam claro aos que chegavam que os manifestantes ali presentes se enfrentavam com o governo do estado e seus capachos da administração universitária, os reitores. Numa luta unificada que percorre os dias das públicas paulistas (Unesp, Unicamp e USP), a greve de funcionários apenas se fortalece, ganhando cada vez mais estudantes para sua defesa.

As intervenções que fizeram os representantes do Centro Acadêmico da Biologia, da Física e da Geografia e também da Direção de Moradia, mostram um pouco de como vem sendo construído este apoio ativo e militante entre os estudantes. As assembléias de curso realizadas no dia anterior fizeram com que o debate chegasse a um maior número de estudantes, dando um corpo mais democrático e efetivo ao bloco de apoio que conformamos. E foi com uma salva de palmas que os manifestantes receberam o anúncio de que os estudantes de Geografia paralisaram suas aulas por dois dias para a construção daquela luta. As declarações de viva à ocupação da reitoria da USP e da diretoria da Unesp de Marília, combinadas ao trancasso que garantimos nas portarias laterais de nossa faculdade, expressam a radicalização nos métodos também como um passo fundamental para a conquista das nossas reivindicações.

Após essa concentração na principal portaria, os funcionários seguiram em passeata pelo campus para realizarem uma assembléia da categoria e os estudantes levaram seu ato para as salas de aula, buscando mais uma vez ampliar o alcance do debate e a força da mobilização. Contudo, seguindo a diretriz colocada por Herman (o REItor), os burocratas menores, diretores de instituto, chamaram uma reunião sem a presença dos estudantes para negociarem o fim da greve pelas pautas específicas. Não foi preciso muito tempo para que a decisão coletiva dos funcionários mais uma vez expressasse a clareza e determinação com que se dedicam nesse combate: os estudantes podem participar, pois são aliados, e o fim da greve apenas é negociado com o CRUESP, Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo.

Essa luta que se desenvolve estadualmente com muita centralidade contra a quebra da isonomia, exigindo que o mesmo aumento salarial concedido aos professores seja dado também aos funcionários, tem como pano de fundo a precarização do trabalho e o avanço das terceirizações nas universidades. Esta forma de ataque desferido com a quebra da isonomia completa o quadro que Serra vem imprimindo à sua administração, num claro processo de desmanche das universidades públicas. As terceirizações são uma saída que a burguesia encontrou para recuperar sua taxa de lucro sobre a exploração humana, tornando-a muito mais intensa com a retirada de direitos como 13º, seguro desemprego, greve etc., pois somente assim podem vislumbrar a estabilidade de um sistema em decadência. A atual crise capitalista, contudo, pela sua dimensão estrutural, coloca um desafio mais decisivo para os trabalhadores que lutam por seus direitos.

Enquanto na Grécia uma sucessão de greves gerais, com muita força do funcionalismo público, paralisou o país cinco vezes esse ano para que os ricos é que paguem os custos da crise por eles gerada, outros países da União Européia já começaram seus arrochos salariais e corte de gastos públicos com o intuito de se anteciparem às mobilizações latentes na classe trabalhadora. Este fato da conjuntura internacional dá um brilho particular ao ataque contra o direito de greve que a reitoria da USP (Rodas) desferiu por meio de documentos de ameaça e descontando os dias paralisados. A defesa desse direito hoje tem o caráter estratégico da defesa do direito de lutarmos, precisa ser compreendida no campo preparatório da luta para que os custos dessa crise não sejam repassados aos trabalhadores que não especulam no mercado financeiro e não fazem empréstimos bilionários à banqueiros falidos.

Por tudo isso é que colocamos toda nossa força enquanto juventude universitária para a construção de um movimento estudantil combativo, que efetive solidariedade militante aos trabalhadores em defesa de seus direitos históricos. Não somente em Rio Claro , mas como fazem nossos camaradas estudantes na USP e em outras faculdades também, estaremos a cada manhã lado a lado com os funcionários, fortalecendo esta luta crucial, exigindo sim a garantia da isonomia, defendendo o direito de greve e lutando para que as universidades públicas deixem de servir somente a uma ínfima parcela da população e estejam abertas aos jovens trabalhadores, produzindo conhecimento que atenda às demandas do povo. Para garantir a defesa do direito de greve, saudamos mais uma vez a ocupação da reitoria da USP, e pela imediata reabertura das negociações, damos viva à ocupação da diretoria de Marília!

Saiu na Mídia:

 12/06 JORNAL CIDADE: ALUNOS FAZEM PASSEATA EM APOIO À GREVE DOS SERVIDORES
 10/06 DIÁRIO DE RIO CLARO: PARALISAÇÃO DOS ESTUDANTES DE E GEOGRAFIA EM RC

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