Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

Servidores públicos definem continuar e ampliar a greve

04 Aug 2003 | No dia 8 de agosto a Plenária Nacional dos Servidores Públicos Federais (SPFs) definiu os rumos da greve que comemorava 30 dias. Com euforia e por unanimidade 319 representantes das entidades dos servidores aprovaram a continuidade da greve, reafirmando a posição de ampliar a greve para barrar a reforma da previdência imposta pelo governo Lula. A votação de continuidade da greve teve como pano de fundo canções como "Eu tô de pé, eu não caí, essa reforma é do FMI"   |   comentários

A greve dos servidores federais já supera 30 dias. Essa é a primeira greve que o governo Lula-Alencar enfrenta depois da vitoriosa eleição contra o governo de FHC. Na verdade essa greve é uma prova de fogo para o governo, pois depois de ser eleito por 53 milhões de votos, com um apoio fortíssimo entre os servidores públicos, Lula aplica as medidas anti-populares do cardápio do FMI. Após os primeiro meses de discursos e bravatas o governo Lula viu-se obrigado a escancarar a sua verdadeira face.

Os milhões que votaram em Lula e no PT esperavam ver suas vidas mudarem numa perspectiva inversa ao caminho seguido pelo governo FHC. Lula foi eleito para governar diferente de FHC, mas, rapidamente aplica as medidas pró-imperialistas que frustram as esperanças das massas.

O ex-metalúrgico Lula governa com o patrão Alencar a favor dos capitalistas e imperialistas e por isso está determinado a defender o programa patronal, mesmo que ao custo de desgastar-se com suas bases históricas. Quando a Volks e a GM ameaçam com demissões chantageando para defender sua margem de lucros o governo Lula defende esses patrões, garantindo-lhes diminuição de impostos sem ao menos exigir a garantia de emprego dos metalúrgicos. As medidas do governo, em cumprimento ao alinhamento com o FMI e a patronal, já são responsáveis por mais perda salarial e de renda, aumento do custo de vida e desemprego.

A greve dos servidores públicos federais tem sido um grande exemplo para os demais trabalhadores, mostrando que nada se pode esperar desse governo nem dos deputados que aprovaram a reforma da previdência perpetuando os privilégios dos juízes e desembargadores e atacando os pensionistas e aposentados de baixos salários com a cobrança de 11% sobre os benefícios. O forte movimento grevista dos servidores federais e a concentração de 70 mil em Brasília na semana da votação da reforma desmascaram o governo e o Congresso que não podem mais manter a mentira de que pretendiam "acabar com os privilégios", deixando claro que a reforma pretendia cumprir as exigências do FMI de ajuste fiscal nas contas públicas, fazendo com que os servidores banquem os custos desse ajuste.

Apesar da guerra aberta pelo governo, imprensa, deputados e até sindicalistas contra os servidores a greve continua paralisando a previdência, a alfândega e aduana fiscal, universidades e diversas repartições públicas e conquistando a adesão de setores de servidores públicos estaduais como os professores e funcionários das universidades públicas paulistas (USP, Unesp e Unicamp). A greve dos servidores pode e deve avançar e se massificar para o conjunto do funcionalismo público, criando as condições para unificar um movimento nacional com todos os setores em luta. Nas regiões, cidades e estados de todo o país a tarefa central deve ser unir e coordenar todo o funcionalismo federal, estadual e municipal. As repartições e locais de trabalho devem exprimir com toda força suas posições e vontades. Os dirigentes sindicais devem se submeter as decisões das bases em seus locais de trabalho. Hoje os comitês de greve e as plenárias são compostos em sua maioria por ativistas e dirigentes sindicais, numa representação das entidades sindicais e nao da greve efetiva e dos grevistas. Para que a greve tenha mais força e se garanta o poder das bases os comitês de greve devem ser compostos majoritariamente por servidores públicos eleitos como delegados nas unidades de trabalho, com mandatos revogáveis e com a responsabilidade de defender e aplicar as decisões de seus locais de trabalho.

As organizações e partidos de esquerda devem lutar para que se aprove uma greve nacional de todos os funcionários públicos, de todos os setores e sindicatos, contra a reforma da previdência e pelas demandas do funcionalismo. É possível e necessário convocar, imediatamente, um Congresso Nacional de delegados eleitos nas bases de todo o funcionalismo público para aprovar o programa e o plano de ação contra que unifique o movimento contra a reforma e os ataques do governo.

Andes do Piauí desfilia deputado que votou a favor da reforma

Os filiados da Andes (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior) do Piauí decidiram desfiliar da entidade o deputado do PT Nazareno Fonteles, professor da Universidade Federal do estado, que votou contra os servidores públicos e a favor do governo Lula e da patronal. Esse é, sem sombra de dúvida, um grande exemplo para ser seguido por todos os sindicatos. Expulsão e desfiliação, também, de todos os dirigentes sindicais que defendem as reformas do governo e os ataques contra os servidores e demais trabalhadores!

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