Sexta 26 de Abril de 2024

Juventude

Conferência aberta da COMUNA

Por uma Corrente Universitária Pró-operária e Internacionalista

12 May 2004   |   comentários

Uma nova situação se abre hoje para o movimento de massas e para classe operária. Prova disso são as lutas anti-imperialistas e classistas que vêm sendo travadas ao longo do último período. Na Argentina, a recente vitória da antiburocrática greve do metro e o fenómeno de fábricas ocupadas, onde pode ser destacada como maior exemplo a ocupação de fábrica de Zanon, demonstram que os trabalhadores autoorganizados, se aliando a outros setores explorados e oprimidos, têm em suas mãos todas as condições de fazer com que a burguesia retroceda. Zanon, foco mais avançado da luta, é a maior prova de que os trabalhadores são sim capazes de acabar com esse domínio de exploração através de uma luta que se inicia contra a patronal e a burocracia dos sindicatos.

No Brasil, o fenómeno de ocupações de fábricas também começa a se expres-sar de maneira inicial nas diversas regiões do pais, principalmente na região sul. Ainda que em menor proporção, esses trabalhadores mostram, a cada dia, as possibilidades reais de luta contra a miséria e a opressão do regime capitalista, que se sustenta, cada vez mais, em meio a um mar de contradições. Assim sendo, a vitória definitiva dos trabalhadores, tanto na Argentina quanto no Brasil, só pode se dar através das lutas conjuntas de todos os trabalhadores aliados a outros setores de explorados e oprimidos, tomando para si as ferramentas de construção de uma nova sociedade.

Na Bolívia, em outubro de 2003, as tentativas do governo Sanchez de Lozada, que faziam o país caminhar para a privatização sob os planos da política pró-imperialista, foram respondidas com uma greve geral e com o enfrentamento dos trabalhadores e do povo com o exército. O levante, que demonstrou a vontade popular de derrotar o governo e tomar em suas mãos os rumos da política nacional provocou a renúncia de Goni, antecedida por um confronto com o exército.

A tentativa norte-americana de reorganizar o mundo a seu favor inva-dindo o Iraque e impor sua hegemonia encontram dificuldades. As tropas imperialistas se depararam com a resistência do povo iraquiano, que se fortaleceu após o levante de Falujah e pode se transformar no próximo período em uma verdadeira guerra de libertação nacional. Além disso, se inicia um processo de retirada das tropas de aliados dos E.U.A., como a Espanha. Porém, a contra-ofensiva militar sobre Falujah, bem como a ofensiva reacionária de Bush-Sharon contra o povo palestino criam bastante instabilidade na conjuntura atual.

O imperialismo enfrenta cada vez mais dificuldades de manter certo grau de hegemonia, o que, conseqüentemente, debilita sua dominação sobre os explorados e oprimidos. O ensaio geral revolucionário na Bolívia, somados às greves selvagens na Europa, inicia um processo de recomposição da subjetividade proletária que junto a resistência iraquiana contra a ocupação, abrem uma situação transitória diferente da situação reacionária pós 11 de setembro.

No Brasil, o governo Lula a cada dia dá provas de seu atrelamento à burguesia, passando como um trator em cima dos trabalhadores e da juventude que foram às urnas acreditando no “governo da mudança” e de transformações.

Nas universidades, as medidas da Reforma Universitária são implementadas dia-a-dia, com o claro objetivo de extinguir as universidades públicas e entregá-las às necessidades do mercado. Hoje, não podemos deixar que o rompimento de setores de estudantes e trabalhadores com o PT seja visto como a perda das esperanças em relação à qualquer tipo de transformação social, mas sim deve servir de alavanca para uma luta contra o reformismo e a burocracia que, a cada dia, tentam matar qualquer tipo de mobilização existente. São esses setores que não depositam mais suas ilusões no PT que podem superar as derrotas que vinte anos de um partido oportunista, que se diz dos trabalhadores, acarretou às lutas travadas pela juventude e pelos trabalhadores.

É nesse contexto de imensas contradições e de grandes possibilidades para a construção de uma ferramenta revolucionária, que a COMUNA. se apre-senta com o objetivo de construir uma juventude pró-operária e ligada aos jovens e trabalhadores de outros países que tomam para si as lutas e que procuram nas próprias contradições da realidade o caminho que permite a sua superação revolucionária. Faz-se necessária a cons-trução de uma ampla corrente de estudantes em luta pela universidade a serviço dos trabalhadores. Uma corrente que defenda na universidade os interesses da única classe capaz de derrotar esse regime de exploração e opressão. Jovens que se organizem em torno da aliança operário-estudantil como principal meio de fazer com que as reivindicações mínimas dos estudantes possam avançar e adquirir outro patamar político, de luta contra as próprias bases do regime burguês.

Como ferramenta para lutar por uma universidade a serviço dos trabalhadores, essa juventude tem como im-portante tarefa o resgate do marxismo, tanto em sua teoria quanto em sua práxis revolucionária. Só uma corrente revolucionária de estudantes, que utilizem a teoria marxista e que sejam criativos para transformá-la numa ferramenta fundamental da sua intervenção na realidade, forjando uma nova tradição de militância na esquerda, será capaz de responder à crise hoje instaurada na relação das cor-rentes políticas de esquerda, com o movimento estudantil real.

Crise gerada pelo fato de que estas correntes não foram capazes de superar o modo petista de militar, que privilegia as disputas dos aparatos de sindicatos e entidades estudantis e a negociação com patrões, com os reitores e com o governo, em detrimento da democracia direta dos estudantes e dos trabalhadores.

Por isso queremos construir uma corrente que coloque no centro de sua atuação a auto-organização dos trabalhadores e dos estudantes como a única forma de se chegar à emancipação do ser humano.

Chamamos todos os que estão dispostos a construir uma ferramenta revolucionária de superação do petismo, a nos organizar para que se formem jovens que, através da participação ativa nos fenómenos da luta de classes sejam capazes de atuar também como grupo de propaganda e ação revolucionárias, seja qual for o momento político.

Jovens que se formem enquanto verdadeiros intelectuais orgânicos da classe operária e lutem, junto com os trabalhadores, por um partido revolu-cionário, onde a participação dos setores mais mobilizados deva ser fundamental desde a sua construção, através de comitês nas universidades, nas fábricas, nos bairros, nas escolas, etc.

Para isso, nós da COMUNA. chamamos todos os estudantes que se mobilizam nas suas universidades e se voltam contra os planos do governo e da burocracia. Aqueles que rompem com a lógica do petismo e acreditam que agora é hora de superá-la levando as lutas dos trabalhadores e da juventude de maneira revolucionária. Aqueles que, junto aos jovens de outros países estão dispostos a tomar para si as lutas dos trabalhadores, para nossa CONFERÊNCIA ABERTA (junho/2004) para que possamos organizar realmente uma juventude capaz de dar respostas às contradições apresentadas hoje, e que avance junto à classe operária no sentido de superá-las.

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