Sexta 26 de Abril de 2024

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BUROCRATAS SINDICAIS NÃO LARGAM O "CADÁVER" CAPITALISTA

O capitalismo prepara mais desemprego, fome e miséria

01 Nov 2008   |   comentários

A crise capitalista já não é mais uma “marola” nem “problema dos EUA” , como dizia Lula e seus auxiliares. A desaceleração económica virou uma certeza diante da crise de créditos e as perspectivas de inflação, queda dos preços das commodities e vulnerabilidade do real e das contas externas. O governo Lula se lança descaradamente para salvar os banqueiros e capitalistas industriais com dinheiro público, isenção de impostos e outras medidas. Para os trabalhadores e o povo pobre, o governo não reservou qualquer injeção de recursos ou plano económico. É o governo de um ex-sindicalista metalúrgico do ABC e de um partido que dizia defender os trabalhadores e acabou completamente serviçal dos capitalistas ’ banqueiros, industriais, comerciantes, latifundiários e imperialistas. Dos capitalistas e deste seu governo os trabalhadores e o povo nada podem esperar; eles já atuam velozmente para se safarem, às custas de lançar o país e a maioria trabalhadora que tudo produz, numa catástrofe social.

Os trabalhadores e as massas estão sem direção, sem organizações, programa e plano de ação para não pagar a crise capitalista com desemprego, miséria e fome. Os grandes sindicatos e centrais sindicais ’ CUT, Força Sindical, UGT, CTB, entre outras ’ estão atrelados ao governo e aos capitalistas. Atuam como papagaios que repetem o que os patrões e o governo Lula desejam, escondendo os perigos que nos ameaçam. Na mais importante greve bancária dos últimos anos, durante todos os 25 dias, a direção sindical cutista (apoiada pelos sindicalistas da CTB-PCdoB) tudo fez para impedir que a disposição de luta dos bancários estivesse orientada a desmascarar os banqueiros, os empresários e os governantes como os principais causadores da crise económica, aproveitando a mobilização para denunciar a toda a sociedade os planos que esses capitalistas preparam para sugar a riqueza nacional para as mãos de um punhado de bancos e empresas nacionais e estrangeiras que pretendem ser “salvas” da crise gerada por eles próprios, pela sua anarquia capitalista ’ propriedade privada, ganância, concorrência e concentração de renda. A crise demonstra que esses capitalistas não podem mais seguir governando os destinos da sociedade. Em suas mãos são preparadas as catástrofes que mais cedo ou mais tarde nos mergulharão na depressão económica e suas mazelas.

Juntas, as principais centrais sindicais ficam uma vez mais com setores das patronais e contra os trabalhadores e a maioria explorada e oprimida, incluindo as classes médias. Reunidas em 29/10, as direções da CUT, Força, CGTB, CTB, NCST e UGT reivindicaram a “importância do investimento público e da valorização do trabalho como elementos decisivos para impulsionar o desenvolvimento do mercado interno no enfrentamento à crise internacional gerada pela especulação” . Um programa para conciliar os interesses dos trabalhadores ’ explorados ’ com os capitalistas ’ exploradores. Esses sindicalistas patronais querem que os trabalhadores fiquem presos aos capitalistas de empresas como Votorantin, Sadia e Aracruz, que tiveram perdas enormes especulando contra a moeda nacional para lucrar ainda mais no cassino financeiro; ou outras como General Motors e Volkswagen, que tanto lucraram nesses anos, mas não vacilam em atacar os trabalhadores com férias coletivas, demissões, cortes de investimentos e direitos. Esses sindicalistas vendidos acobertam o governo Lula e nada falam ou fazem contra o socorro aos banqueiros e empresários de todo tipo que estão recebendo bilhões de reais e outras vantagens. Calam-se e não convocam os trabalhadores para se levantarem contra esse roubo à riqueza nacional porque estão de rabo preso com os patrões e os governos dos capitalistas, que lhes pagam por esses serviços. Mesmo quando a crise prenuncia a agonia desse capitalismo, os burocratas sindicais não largam o “cadáver” da burguesia.

Os trabalhadores devem lutar contra o sistema capitalista sem conciliar com nenhum setor patronal

Desses burocratas sindicais nada podemos esperar, porém os trabalhadores desses sindicatos devem começar a se organizar para impor sua força e vontade, pois do contrário serão levados à ruína. Devemos, como já mostra a crise capitalista, compreender o ensinamento básico dos marxistas revolucionários: os explorados não podem se submeter aos exploradores, devem se preparar para tomar em suas próprias mãos a resolução dos problemas e a resistência contra as crises capitalistas até derrotá-los. Nos preparemos para lutar por um programa independente de todos os capitalistas e governos burgueses, defendendo as reivindicações de todos os trabalhadores, começando pelos que serão primeiramente atacados, os mais explorados e oprimidos ’ terceirizados, precarizados, negros e negras, jovens ’, dos trabalhadores do campo, mas também colocando as demandas das classes médias que serão arruinadas. Os sindicalistas vendidos fazem como os patrões e os governos, tentam nos entorpecer, embriagar com falsas esperanças neste capitalismo moribundo, iludindo que das mãos dos gananciosos capitalistas poderá vir “desenvolvimento” , “distribuição de renda” e “valorização do trabalho” .

A política da CUT e da Força Sindical de “estímulo ao mercado interno” nada mais é que uma continuidade da sua estratégia de aliar-se com setores capitalistas descontentes com as medidas mais pró-imperialistas e pró-monopólios do governo, reivindicando um projeto de mais intervenção estatal na economia e maior barganha com o capital imperialista. Essa política burguesa mostra o caráter reacionário dessas direções sindicais, pois só a mais hipócrita demagogia poderia acreditar que, se nos anos de bonança aos trabalhadores restaram não mais que míseras concessões, diante dessa profunda crise não vai sobrar mais que ataques ao proletariado, principalmente por parte dos setores capitalistas que mais se verão prejudicados com a crise. Desde a época do governo Collor (1990), ouvimos a cantilena de aceitar salários rebaixados e perdas de direitos em troca de empregos. Essa estratégia de conciliação dos sindicalistas serviu para enriquecer ainda mais os capitalistas, deixando um rastro de desemprego, precarização do trabalho, rebaixamento salarial e reformas neoliberais (retirada de direitos) que amargurou os trabalhadores nesses quase vinte anos.

A verdade nua e crua se mostrará daqui em diante: os trabalhadores precisam avançar em um programa, consciência, ação e organização para lutar contra o conjunto do capitalismo, até impor um governo operário e popular, o único que pode nos salvar dos ciclos de crises periódicas e catástrofes sociais. A classe operária precisa de um programa e uma organização à altura dos ataques que preparam os capitalistas, e para que sejam eles quem pague pela crise.

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