Sexta 26 de Abril de 2024

Nacional

TRAGÉDIA NATURALMENTE CAPITALISTA

No capitalismo a propriedade privada vale muito mais do que a vida

17 Jan 2011   |   comentários

São mais de 640 mortos encontrados, frente a tantas outras centenas certamente soterrados na região serrana do Rio de Janeiro, onde vimos a maior tragédia da história do Brasil, ocasionadas pelo modo de produção capitalista e o extremo descaso dos governos. O número de desabrigados e desalojados passa dos 8.000, da qual a imensa maioria dessa população não sabe por onde recomeçar. Além de terem perdido todos ou quase todos seus familiares e terem agora apenas a roupa suja de lama sob o corpo, grande parte da população é obrigado a pagar preços hiper-inflacionados de produtos agora emergenciais como água, alimento ou velas.

Apesar das declarações de que “não vai tolerar esse tipo de atitude”, o trabalho da polícia militar e do aparato repressivo do Estado em geral, tem sido resguardar os supermercados e estabelecimentos comerciais com o intuito de reprimir as tentativas de saques da própria população que passa por óbvias necessidades. Ao contrário do que diz a mídia burguesa, os próprios bombeiros e policiais muitas vezes são vistos parados nas áreas menos afetadas das cidades e inclusive, são vistos se recusando a “obedecer ordens de moradores”, isto é, pedidos para que ajudem a cavar uma ou outra região onde os moradores afirmam terem corpos soterrados. Sabemos que em situações de catástrofes como esta, a população é quem se auto-organiza para garantir sua sobrevivência e encontrar seus parentes e vizinhos. Seja para encontrarem seus familiares, amigos ou pessoas que sequer conheciam sob a lama e os destroços, ou para saírem em busca do socorro que nunca chega, ou chega a conta-gotas nas áreas mais atingidas e rurais. A Defesa Civil deliberadamente não leva alimentos a estes locais para que a população se retire, e perca todos pertences que sobraram e abandone suas esperanças de sobreviventes. Nesta situação recorrente em Teresópolis em localidades como Campo Grande, Caleme, Vieira, e em várias outras localidades das outras cidades, são os próprios moradores aqueles que buscam força não se sabe de onde e mostram tamanha coragem e solidariedade. O governo Dilma anuncia que as moradias em áreas de risco são regra e não exceção no país, no entanto, a ajuda aos locais mais afetados é exceção e não regra. A política em curso é a que foi anunciada por Dilma e Cabral, retirada de todas as famílias, para onde não importa a estes governantes.

O lucro capitalista com a tragédia

Assim como no Haiti e Chile após seus recentes terremotos, a população das cidades mais afetadas como Nova Friburgo e Teresópolis enfrentam após a terrível catástrofe, uma dura situação de escassez e em certos bairros a falta completa de alimentos, água, produtos de higiene pessoal e o item de consumo em locais sem luz, velas. Muitos bairros estão desde o dia 13 sem água e energia elétrica, o que aumenta ainda mais o desespero dessas pessoas fazendo com que ocorram casos de saques a supermercados e estabelecimentos comerciais, e que claro, são duramente reprimidos pelos cães de guarda do capitalismo. Por outro lado, nos supermercados e estabelecimentos comerciais das cidades, há uma superinflação de produtos que chegam a custar o triplo ou muito mais. Um galão de água que antes custava R$6,00, chega a ser vendido por R$40,00, e um pacote de velas, chega ao absurdo de R$10,00 quando não chegava antes a R$3,00.

É no mínimo risível quando a polícia militar chega a dizer que não vai “tolerar abusos” por parte dos comerciantes e que se for necessário irá prendê-los se forem encontrados preços “muito acima” dos normais. Mesmo com a existência de monopólios e imensos supermercados ainda há concorrência e o aumento da demanda de alguns produtos (como água mineral e velas) e diminuição da oferta de outros como legumes tem feito os preços disparar, a oferta e demanda que todo economista fala. Se algum comerciante quiser organizar um leilão de velas facilmente encontrará trabalhadores e pobres se matando para cobrir a oferta, claro se tiver alguns policiais a seu lado para garantir a “lei e a ordem”. Porque um comerciante de legumes, em pleno desabastecimento do Rio de Janeiro devido à tragédia, podendo vender na capital seus produtos a duas vezes o preço normal venderia algo em Teresópolis por um preço “não-abusivo”. Sendo assim, o que será considerado “abuso”? Não basta exigir que os comerciantes mantenham seus preços ou aumentem apenas “o tolerável” enquanto a população passa por uma imensa necessidade de água, alimentos e produtos básicos cada vez mais urgentes!

Devemos exigir o imediato confisco dos estoques de todos supermercados, e grandes redes de farmácias e todo estoque de outros produtos de primeira necessidade como colchões e cobertores! Que os trabalhadores e a população e os voluntários tenham o total controle sobre as doações e os produtos confiscados sem intervenção da polícia ou de políticos eleitoreiros montando seus currais, mas sim para uma distribuição racional!

Pela imediata retirada da polícia, da Força Nacional! Que o exército tire o povo da mira de seus fuzis! O povo não precisa de armas mas de solidariedade, resgatistas, engenheiros e máquinas! Pela urgente formação de brigadas de corpo técnico coordenada pelos trabalhadores, pela população, voluntários e especialistas da COPPE e outras escolas de engenharia e especialistas, para planos de resgate e planos de obras públicas!

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