Sábado 27 de Abril de 2024

Solidariedade operária e popular

A asfixia da solidariedade empresarial, do controle militar e da poeira: crônica da terceira viagem de petroleiros de Campos Elíseos em solidariedade à população da região serrana

25 Jan 2011 | Leandro Lanfredi, vice-presidente da CIPA TECAM (Campos Elíseos – Duque de Caxias)   |   comentários

Sexta-feira 21/01 petroleiros próprios e contratados de Campos Elíseos fomos novamente À região serrana para levar nossa solidariedade à população. Da Petrobrás, empresa estatal que poderia usar seus vastos recursos técnicos e humanos a serviço da população, novamente contamos exclusivamente com um caminhão e uma picape e da liberação do serviço. Desta vez rumamos a Nova Friburgo, levando cerca de 900 litros de água e mais de 1 mil reais em produtos de higiene pessoal coletados entre os trabalhadores do TECAM. Fomos aos bairros de Conquista e Campo do Coelho em Nova Friburgo

Textos de solidariedade e prática de ignorar o povo, ou a Petrobrás e a tragédia da região Serrana

Depois de públicas e notórias tentativas de dissuadir a campanha iniciada por trabalhadores moradores e pela CIPA eis que a empresa começa a tentar fazer-se presente e tentar mostrar serviço. Em seus sites internos destaca quantas toneladas de doações já foram coletadas, destaca 8 helicópteros cedidos (de quantas centenas?). A Transpetro, importante subsidiária da Petrobrás não tomou uma ação sequer salvo mandar emails pedindo doações, de efetivo só as ações tomadas pelos trabalhadores do TECAM e que agora a mesma destaca seu papel em ceder os caminhões e liberações parciais do trabalho (depois de chefes reclamarem de que os voluntários “passeavam” demais).

A Petrobrás tem gerado lucros imensos a partir da renda obtida com o petróleo (que tem um custo de extração não-maior que US$ 20, nas mais complexas, distantes e caras plataformas, e é vendido a mais de US$ 70, mesmo o de pior qualidade da Bacia de Campos) e pela precarização do trabalho. Este patrimônio de todo o povo brasileiro poderia estar a serviço de melhores condições de vida, educação, saúde, no entanto está a serviço dos lucros. Mesmo em uma tragédia, mesmo com um custo pífio frente a seus lucros a grande empresa, “orgulho nacional” contenta-se em gastar em “responsabilidade social” será que 0,01% de seus mais de R$ 20 bilhões de lucro? A empresa sob controle do governo Dilma repete o descaso do governo com o povo.

Uma região militarizada

Não há como não notar duas coisas em Nova Friburgo: uma onipresente poeira da lama que secou deixando debaixo de si centenas de vidas, as casas, economias das pessoas e ainda prédios públicos, hospitais e fábricas destruídas. Também não há como não notar as centenas de soldados do exército, da Força de Segurança Nacional, bombeiros, polícias de tudo que é uniforme. Estão lá para impedir saques e “garantir à ordem”. Ou seja impedir que quem tenha fome, sede, e dado o caos dos órgãos públicos na distribuição dos donativos garanta suas necessidades. São uma guarda da propriedade privada contra o povo e suas necessidades.
Em quase todos abrigos e centros locais de estoque de doações, mesmo em bairros afastados como Campo de Coelho há uma esmagadora presença de forças policiais e militares. São estes homens armados que organizam os estoques e a conta-gotas e gritos controlam a população impedindo aqueles que perderam sua família e estejam com cheiro de álcool sequer cheguem perto de conseguir um quilo de arroz. A distribuição dos donativos a garantia das condições de vida da população deve ser feita pela própria população. Diversos sindicatos de Nova Friburgo e organizações de esquerda soltaram uma carta que vai neste sentido é preciso que tomem à frente, na prática, esta tarefa para garantir imediatamente às condições de vida da população. O povo não precisa de armas, precisa de solidariedade e se organizar!

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