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Lula promove concentração de capitais nas telecomunicações

06 Apr 2008   |   comentários

Enquanto escrevemos este artigo, estão em curso os últimos detalhes da negociata que vai criar uma nova mega empresa de telecomunicações com 29,6% do faturamento total das operadoras de telefonia fixa, celulares, banda larga e TV por assinatura. Segundo o governo Lula, a compra da Brasil Telecom pela OI (ex-Telemar) se justifica pois vai criar uma empresa brasileira capaz de concorrer num mercado dominado pelas multinacionais (vide “Quem é Quem” ). Hoje a maioria do setor de telecomunicações no Brasil é controlada por empresas estrangeiras, a Telmex mexicana (Claro) e a Telefónica espanhola. Vale a pena olhar mais de perto esse processo, pois evidencia a verdadeira face do governo Lula: agente dos monopólios nacionais e estrangeiros.

A nova empresa a ser criada, vai dominar, por exemplo, o mercado de telefonia fixa em 25 dos 26 estados brasileiros, e será controlada por dois grupos, um estrangeiro e outro nacional ’ La Fonte e a construtora mineira Andrade Gutierrez. Para que o negócio seja efetuado, tudo vai depender de uma canetada do presidente Lula, pois hoje as regras do setor de telecomunicações não permitiriam essa fusão. Bom, não é nenhuma coincidência que a Andrade Gutierrez tenha sido a maior doadora para a campanha de Lula e do PT em 2006, com R$ 7,5 milhões. Também foi ela quem investiu R$ 10 milhões na Gamecorp (empresa de quem?), do filho do presidente.

Os trabalhadores vão sair beneficiados com a concentração de capitais no setor de telecomunicações?

O governo FHC dizia que a privatização da Telebrás seria favorável porque aumentaria a concorrência entre as empresas, e o que vimos foi a formação de monopólios estrangeiros que passaram a controlar o setor de telecomunicações. O governo Lula diz que além de aumentar a concorrência (o que pela sua tese diminuiria as tarifas) estaria sendo formada uma empresa brasileira capaz de competir no mercado latino-americano. O que se esconde por trás destes argumentos é uma política voltada para beneficiar dois grupos de empresários (Andrade Gutierrez e La Fonte), através da formação de um novo monopólio. É falso que a formação de uma grande Tele brasileira capaz de disputar o mercado latino-americano favoreceria os trabalhadores e consumidores. Justamente porque a condição para que isso seja possível é que essa empresa acumule enormes lucros no Brasil, através de aumento de tarifas e uma maior exploração dos trabalhadores do setor de telecomunicações. A prova disso é que a primeira conseqüência da formação na nova empresa, segundo declarações de executivos ligados à negociata, vai ser a demissão de 1,5 a 3 mil trabalhadores.

Como se já não bastasse, a compra da Brasil Telecom pela OI vai ser financiada em partes com dinheiro público, do BNDES, que vai emprestar para que a La Fonte e a Andrade Gutierrez comprem as ações da Brasil Telecom, que hoje estão nas mãos do Citi(anti-spam-(anti-spam-Bank)) e do Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Segundo o jornal Folha de São Paulo, os grupos La Fonte e Andrade Gutierrez “terão juntos 40% do controle, mais 11% da Fundação Atlântico. Os demais 49% do capital votante serão divididos assim: 16,5% do BNDES, 12,5% da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), 10% da Petros (fundo dos funcionários da Petrobras) e 10% da Funcef (fundo da Caixa)” . Em suma, um negócio feito na medida para que os financiadores da campanha de Lula e da empresa do seu filho tenham o controle acionário do novo monopólio. E a depender de como se divida a participação entre La Fonte e Andrade Gutierrez, a empresa “nacional” que Lula quer criar, pode vir a ser... sueca!

O legado que FHC deixou foi a privatização das telecomunicações e sua entrega para o capital estrangeiro. Lula se apóia neste legado para promover uma nova rodada de concentração de capitais, mantendo as privatizações da época de FHC. A única saída favorável aos trabalhadores seria a reestatização sem indenização de todas as empresas de telecomunicações, a formação de uma nova empresa estatal, só que desta vez sob controle dos trabalhadores das telecomunicações e dos usuários.

Quem é quem

(empresas brasileiras?)

Grupo La Fonte

Em 1960, o Grupo Jereissati adquiriu o controle acionário da empresa, hoje, presidida por Carlos Jereissati, irmão do ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati. Em agosto de 2000, a La Fonte foi adquirida pelo grupo sueco ASSA ABLOY, líder mundial no desenvolvimento e fabricação de soluções em fechaduras e produtos voltados à alta segurança, com empresas em todos os continentes.

Andrade Gutierrez

Fundado em 1948, em Belo Horizonte, hoje é um dos maiores grupos privados da América Latina, com atuação nos setores de Engenharia e Construção; Telecomunicações (Telemar e Contax Participações S.A. controladora da TNL Contax S.A., a maior empresa de serviços terceirizados de contact center da América Latina); Energia (RME ’ Rio Minas Energia Participações S.A., que comprou a Light S.A.) e Concessões Públicas (CCR ’ Companhia de Concessões Rodoviárias e Sanepar ’ Saneamento básico), tendo em sua composição acionária o IFC - International Finance Corporation e a Fundação Atlântico. Uma das empresas do Consórcio Linha Amarela, linha 4 do metró paulista, envolvida no acidente de janeiro de 2007 que matou 7 pessoas nas obras próximas à estação Pinheiros da CPTM.

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