Terça 30 de Abril de 2024

Nacional

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2009

“Humanizar” o capitalismo, em plena crise mundial?

23 Jan 2009   |   comentários

A cidade de Belém do Pará será a sede da oitava edição do Fórum Social Mundial, que terá lugar entre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro de 2009. A mudança de cidade sede acompanha a derrota eleitoral do PT em Porto Alegre e o fato de que agora é Belém a principal capital governada pela “esquerda” petista.

O que é o Fórum Social Mundial

Criado em 2001 na esteira do forte movimento “antiglobalização” - com sua ala anticapitalista -, que surgiu em Seattle e logo se espalhou pelo mundo, em especial por toda a Europa, no ano anterior, o Fórum Social Mundial buscou desde o início expropriar politicamente aquele movimento espontâneo da juventude. Os organizadores do Fórum, entre os quais se encontram a chamada esquerda petista, setores supostamente “progressistas” do imperialismo europeu como o jornal Le Monde Diplomatique ou a ONG ATTAC (que pretende criar uma taxa sobre a movimentação financeira mundial para destiná-la ao “combate à pobreza” ) criaram o FSM numa tentativa clara de domesticar a rebeldia que explodia nas ruas e de capitalizar politicamente o fenómeno para convertê-lo em linha de apoio dos grandes aparatos da esquerda reformista, como o PT brasileiro e os partidos da social-democracia européia; para não falar das grandes “ONGs” que se sustentam diretamente no grande capital.

Nas diversas edições do FSM que se seguiram à primeira, variando de acordo com as conjunturas políticas que percorrem a América Latina e o mundo, o FSM manteve esse caráter essencial: um conjunto enorme de debates e exposições com o intuito de lançar idéias capazes de criar um capitalismo mais humano, de amenizar suas mazelas.

O FSM no contexto da crise mundial

Contudo, se as propostas do FSM tiveram sempre o objetivo utópico, e reacionário, de tentar humanizar o capitalismo, o contexto atual, marcado pela crise económica mundial e suas graves repercussões para as massas trabalhadoras e os povos oprimidos do mundo, confere um caráter ainda mais regressivo ao Fórum. É que agora que o neoliberalismo se esfacelou, após ter conduzido o mundo a uma crise de proporções históricas, agora que os maiores defensores das políticas neoliberais se veem renegando na prática o mesmo receituário que pregaram nas últimas duas décadas e meia (como vimos na injeção de trilhões de dólares nos EUA e na Europa para tentar evitar a quebra dos mercados financeiros). Nesse momento, as propostas de tipo keynesiano, de maior intervenção estatal na economia com aumento dos gastos públicos, somadas à idéia de que alguma regulação financeira poderia evitar descalabros como o que estamos presenciando, tendem a cumprir um papel direto de oferecer uma “saída” para esse sistema social decadente, e de ajudar os capitalistas a descarregarem, ao menos parcialmente, a crise gerada por seu regime de exploração sobre as costas dos explorados.

É por isso que denunciamos as ilusões que o FSM alimenta, e criticamos em especial os setores da esquerda petista e do PSOL que criam em torno do Fórum uma mística de que, com um pouquinho da ajuda de cada um, é possível construir um mundo melhor... sem abolir esse sistema de exploração.

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