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Greve geral de 24 horas na Grécia

16 Dec 2008   |   comentários

Em meio à pior revolta social
dos últimos 30 anos, a Grécia ficou
totalmente paralisada por uma
greve geral de 24 horas. As escolas,
prédios públicos, aeroportos e
bancos permaneceram fechados,
os hospitais prestavam somente
serviços de emergência, os transportes
estavam completamente
parados e a maioria do comércio
fechou suas portas. A paralisação
geral de 24 horas no dia 10 de
dezembro havia sido programada
pela Confederação Geral do Trabalho
da Grécia (GSEE) antes dos
choques com a polícia durante este
último fim de semana. Porém, a
medida assume uma importância
política diferente quando o país se
encontra mergulhado num mar de
protestos contra o governo e a violenta
repressão da polícia.

O brutal assassinato de Aléxis
comoveu profundamente os
setores populares e a sociedade
grega, em particular a juventude,
que está cansada de pagar as conseqüências
do aumento do desemprego,
da deterioração da educação
e da crise económica. Razão
pela qual os alunos, com o povo e
os professores, abandonaram suas
escolas para se somar aos protestos.
No dia do funeral do jovem
morto os alunos não foram à aula
e os sindicatos docentes chamaram
uma paralisação em solidariedade.

A greve foi convocada por
duas organizações: a Confederação
Geral do Trabalho da Grécia
(GSEE), e o Conselho Administrativo
Supremo dos Empregados
Estatais (ADEY). Somados, ambos
representam 2,5 milhões de trabalhadores,
quase a metade da força
de trabalho grega. Reivindicam
um aumento dos gastos sociais do
estado para as famílias com baixa
renda e aumento dos salários e das
aposentadorias. Apesar de não ser
sua política, as direções sindicais
lideradas pelo partido opositor social-
democrata PASOK, se viram
obrigadas a chamar uma concentração
na praça principal em frente
ao parlamento. Para lá foram as
colunas de trabalhadores e grupos
de jovens e estudantes.

Enquanto os setores mais à
esquerda pediam a demissão do
primeiro-ministro Kostas Karamanlís,
as direções sindicais ligadas
ao PASOK e ao Partido Comunista
Grego (KKE) brigavam pela implementação
de medidas de ajuda
por parte do governo para apaziguar
os ânimos e pressionavam
pelo adiantamento das eleições.

Em meio deste mal-estar
social, a juventude emergia com o
grito de “Polícia, porcos e assassinos!”
com toda a sua força contra a
brutalidade policial e a falta de um
futuro fazendo uso dos métodos
de luta muito mais radicalizados. A
chamam de “geração perdida” . São
os jovens sem trabalho, e que quando
o conseguem são precários que
apenas chegam a 700 euros. Uma
cifra com a qual é impossível viver.
São os jovens que sofrem com os
cortes no orçamento para educação.
São os mesmos jovens que hoje
tomaram as ruas e as praças das cidades
mais importantes da Grécia
para repudiar o brutal assassinato
de Aléxis, tão jovem como eles. O
assassinato atuou como catalisador
da raiva contida ante um governo
anti-operário que não se cansa de
aplicar medidas privatizantes e
neoliberais, senão que hoje ante
o descontentamento generalizado
não pensa duas vezes em reprimir.

A popularidade do governo
caiu estrondosamente nas últimas
pesquisas. Sua inoperância chega
ao ponto de não poder sequer
responder frente à emergência dos
incêndios que arrastam meio país
ao último ato. Um governo completamente
desprestigiado por
acusações de corrupção e na mira
pelo seu manejo da crise económica
que cruza o país. Ante isso a
classe operária não permanecerá
passiva, saindo em cena em luta
contra os ataques, privatizações e
demissões, em alguns casos chegando
à ocupação de seus locais de
trabalho.

Esta resistência que até agora
poderia ser vista como um fenómeno
específico de uma das partes
mais pobres da União Européia
pode ser a antecipação de futuras
resistências e marcar o caminho
das lutas que haverão de ser dar
no movimento operário europeu
num futuro próximo.

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