Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

Esquerda petista e PCdoB votam a favor da reforma

04 Aug 2003   |   comentários

A votação da reforma da previdência também desmascarou o discurso pseudo-radical da esquerda petista que nas bases e nas manifestações dos servidores defendia a "reforma da reforma". Mostrando a completa adaptação e capitulação diante das instituições do regime de domínio burguês, a esquerda petista vendia a ilusão de que esse Congresso e a negociação com o governo Lula, garantiriam os direitos do funcionalismo, escondendo que a reforma da previdência é defendida por Lula desde a campanha eleitoral como uma medida de compromisso assumido com o FMI e os interesses patronais, contra os trabalhadores.

Ivan Valente, deputado federal do PT e dirigente da corrente petista Força Socialista, junto com outros sete deputados da esquerda petista, absteve-se na primeira votação, acreditando que podia defender esse governo sem se comprometer com as medidas antipopulares. Mas a realidade se impós e na votação mais importante para o governo esses deputados votaram a favor da cobrança dos 11% sobre os benefícios dos aposentados. Luiz Eduardo Grenhalg, ligado ao MST, presidente da Comissão de Constiuição e Justiça da Câmara Federal, trabalhou o tempo todo para que a reforma fosse aprovada de acordo com a vontade do governo e votou a favor da reforma.

A esquerda petista se desmascara, mostrando que sua estratégia de conciliação de classes a obriga a apoiar esse governo e o PT, defendendo, na prática, a aplicação do programa pró-imperialista do governo Lula. O estratégico atrelamento da esquerda petista com esse governo burguês é o que explica, enfim, que os deputados dessas correntes não se sensibilizaram sequer com a pressão da greve dos servidores e a presença de 70 mil manifestantes em Brasília contra a reforma e o governo Lula. O voto da esquerda petista contra os trabalhadores na reforma da previdência é uma primeira demonstração de que as correntes de esquerda que renegam a independência de classe estão obrigadas a defender, de fato, o programa capitalista-imperialista, rompendo com o programa operário. Essa é uma lição fundamental que a vanguarda deve extrair da situação política atual para conseguir reconhecer as estratégias pró-burguesas que se escondem por baixo de discursos de esquerda, julgando com determinação essas correntes reformistas.

O PCdoB, que faz parte do governo com com diversos cargos e o Ministério dos Esportes, tem seu deputado Aldo Rebelo como líder do governo na Câmara - com a responsabilidade de garantir os votos da base governista na reforma - teve apenas quatro de seus onze deputados votando contra a reforma, e por isso estão ameaçados de expulsão do partido. Não é de se estranhar que esse partido, na melhor tradição stalinista, participe de um governo de aliança com a burguesia e o imperialismo, e defenda o programa capitalista-imperialista, a despeito de que procure, nos dias de festas, falar de socialismo e soberania nacional.

Esses deputados da esquerda petista e dos demais partidos que votaram contra os servidores e a favor do governo devem ser tratados, em suas entidades, com a mesma firmeza e determinação exemplar demonstrada pelos companheiros da Andes do Piauí.

Minoritariamente, apesar de estarem ameaçados de expulsão pelo PT, Luciana Genro, Babá e João Fontes foram os únicos deputados da esquerda petista que corretamente mantiveram suas posições e votaram contra a reforma. Agora, para ser conseqüente, esses deputados e suas correntes políticas devem romper imediatamente com o PT e esse governo, cortando sua capituladora trajetória de décadas de convivência pacífica com o reformismo e defesa da conciliação de classes, como na última eleição em que votaram e chamaram o voto em Lula e no patrão Alencar, reproduzindo, efetivamente, a estratégia reformista de confiança na aliança de classes com a burguesia.

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