Domingo 28 de Abril de 2024

Movimento Operário

Depoimentos de trabalhadores da USP

13 May 2009   |   comentários

Gilberto Vargas, trabalhador da USP e delegado FFLCH, eleito na base para o Comando de Greve.

Eu tenho entendimento que a greve aqui na USP é política, que a gente tem que combater esses ataques que a reitoria faz porque temos consciência que sem nosso sindicato não vamos ter garantias de nenhuma reivindicação, nem de saúde, nem de salário, nem contra os assédios morais que nós temos sofrido. Neste ano a greve encavalou com a nossa data base, mas nós sabemos diferenciar, porque essa greve tem um elemento de qualidade diferente, porque o ato político desta greve é a readmissão do Brandão e contra todos os ataques que temos sofrido. Estou falando como CDBista (delegado de base), sabendo que nós, os CDBistas, também somos alvos da reitoria pois organizamos o trabalho de base nas unidades. Na FFLCH, por exemplo, temos feito um trabalho político de conscientização das pessoas do direito que têm de fazer greve e do poder que o trabalhador tem. Estamos ampliando a participação dos funcionários. Antes fazíamos reuniões com 10 pessoas, hoje fazemos reuniões com 90, e com novas caras nas assembléias de trabalhadores. Nós temos orgulho de organizar a greve na FFLCH que hoje pode ser considerada uma unidade de vanguarda na participação da greve.

Uma trabalhadora da USP

Esta greve está forte, e é porque nós estamos conseguindo mostrar que a demissão do Brandão não é simplesmente uma demissão por justa causa, que ele roubou ou algo assim, e sim que é uma demissão arquitetada e pensada a longo tempo, pensada para acuar os trabalhadores. A demissão de Brandão está servindo de exemplo para acuar os trabalhadores, mas nossa resposta é que não somos burros e não vamos aceitar. Quando defendemos o Brandão defendemos a nós mesmos, pois primeiro eles [a reitoria] pegam as lideranças, até chegar nos menorzinhos. Nós não queremos só aumento salarial para as nossas necessidades e de nossas famílias, nossa greve é política sim! Defendemos nossos direitos de escolha de nossos representantes, pois estamos sendo desrespeitados. E se a repressão acontece aqui na USP é também para servir de exemplo para os outros trabalhadores do país. E se respondemos diante da Reitoria da USP, defendendo o Brandão aqui, é também para servir de exemplo de luta para todos os trabalhadores do Brasil inteiro.

Dinizete Xavier, trabalhadora do Centro de Saúde Escola Butantã (CSEB), eleita como delegada de base para o Comando de Greve; e militante do grupo de mulheres Pão e Rosas.

As mulheres terceirizadas que trabalham no meu setor em que as mulheres criam seus filhos sozinhas com R$ 450,00 e, se faltarem, têm desconto em sua cesta básica. Pra mim isso é o pior crime político que essa reitoria promove aqui dentro e deve ser combatido incansavelmente. As mulheres trabalhadoras deveriam organizar defender um plano de luta que impusesse à reitora opressora a incorporação dessas trabalhadoras aos quadros da universidade com todos os seus direitos e benefícios garantidos. É possível que as trabalhadoras da USP se organizem junto com as companheiras terceirizadas. No CSEB, as companheiras terceirizadas lutam conosco lado a lado, pelos nossos direitos e pelos direitos delas. O Pão e Rosas pode contribuir muito, nós já estamos iniciando uma campanha na universidade contra a super exploração e depois pretendemos expandir para fora, mas aqui já estamos dando um exemplo combatendo diariamente esta situação.

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