Quinta 2 de Maio de 2024

Internacional

PSTU E LER-QI PRESENTES EM DEBATE NA USP SOBRE HAITI

Debate "O terremoto no Haiti e suas consequências" chama a organização de um comitê de solidariedade ao povo haitiano na USP

27 Feb 2010   |   comentários

Nesta quarta feira, durante a calourada da USP, o CENEDIC (Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania) organizou um debate no prédio da Ciências Sociais. Com o tema “O terremoto do Haiti e suas consequências” cerca de 80 estudantes escutaram atentos as falas de alguns companheiros que estiveram no Haiti antes e durante o terremoto. A mesa foi composta por Omar Ribeiro Thomaz, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da Unicamp e Otávio Calegari, estudante da Unicamp e militante do PSTU, ambos que estavam no Haiti durante um terremoto devido a um projeto de pesquisa; e Eduardo Almeida, da direção nacional do PSTU.

Otávio, o primeiro a falar, denunciou o papel das ONGs no Haiti: “A Viva Rio cumpre o papel de reprodução da miséria haitiana. Tem pés nos setores privados e estatais. É uma máscara de sociedade civil mas na verdade é uma empresa.” Otávio também denunciou o papel das tropas brasileiras no Haiti e contou uma breve conversa com o Coronel João Batista Bernardes, comandante das tropas brasileiras no Haiti, que afirmou que uma das questões centrais do exército brasileiro no Haiti é fazer um laboratório para a repressão nas favelas brasileiras.

A fala emocionante de Omar Ribeiro Thomaz, este que pesquisa no Haiti desde 2000, discorreu sobre diversas particularidades sociais do povo haitiano, marcado pela memória presente de sua história de lutas. Omar contou como as doações humanitárias dos países nunca chegavam. “Após o terremoto não havia nenhuma presença da Minustah. Quem atendia os haitianos eram médicos e enfermeiros haitianos. Os carros da Minustah estavam trancados. Porém, os haitianos não esperavam esta ajuda. Os haitianos sabiam que estavam sozinhos. Assim expressou-se mais uma vez uma relação de exterioridade, predatória, entre as tropas estrangeiras e os haitianos... A imprensa é mediada pelas tropas. As tropas são vistas pelos haitianos como um vetor de violência. Quando as tropas chegam elas causam balbúrdia.” Omar também denunciou o papel da ONU e da mídia em relação à distribuição de alimentos: “A ONU não entra em contato com a associação de mulheres, médicos, enfermeiros haitianos, pois a ONU é racista. A ONU não confia em organizações de pretos”.

Eduardo Almeida denunciou os parcos recursos que estavam sendo doados por países imperialistas que para salvar bancos durante a crise gastaram trilhões e agora para ajudar o Haiti gastam poucos milhões. Denunciou também a mentira veicula de que o povo haitiano não consegue se organizar. Outro eixo da desta fala foi a denúncia do papel que cumprem as tropas brasileiras no Haiti. Contou da reação dos estudantes universitários haitianos durante uma palestra que esteve presente quando disse que o governo brasileiro divulgava que as tropas no Haiti eram uma ajuda humanitária. Disse que os estudantes começaram a rir e mostraram a pixação que haviam feito com resquícios das bombas jogadas pela Minustah contra a manifestação de estudantes e trabalhadores pelo salário de 200 gourdes, em novembro. Nela estava escrito: “Não nos pararão”. Assim, colocou como os estudantes da USP tinham que se colocar ao lado destes estudantes haitianos contra as tropas e divulgou a campanha que vem sendo feita pela CONLUTAS nos sindicatos para a arrecadação de dinheiro para ser enviado para a organização sindical Batay Ouvriye.

Logo após as falas, a mediação da mesa, feita por Ruy Braga, marcou a presença da Ler-qi no debate e a campanha em solidariedade que vem sendo feita por esta organização e abriu um espaço de fala para Flavia Vale, dirigente da Ler-qi. Flavia saudou a iniciativa do debate e as falas precedentes, chamando uma campanha ativa da juventude brasileira a se levantar pela retirada das tropas brasileiras e imperialistas do Haiti como parte de uma campanha internacionalista de solidariedade operário e popular. Flavia também convocou o ato organizado pela Ler-qi para o dia 25/02 e o ato debate na Casa Socialista Karl Marx como parte da proposta de uma campanha da juventude pela retirada das tropas brasileiras e imperialistas do Haiti, como também já foi colocada na carta enviada à juventude do PSTU.

Após estas intervenções chamou-se a organização de um comitê na USP de solidariedade ao povo haitiano que possa levar os eixos políticos debatidos à frente abrindo uma real campanha de solidariedade operário e popular ao povo haitiano. Ruy Braga saudou os debatedores e disponibilizou os restritos recursos do Cenedic para este tipo de iniciativa de solidariedade ao povo haitiano.

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