Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

Construir a Conlutas contra a burocracia e em defesa dos interesses dos trabalhadores e das massas

20 Jan 2005   |   comentários

Diante do governismo da burocracia da CUT e da necessidade de defender os interesses dos trabalhadores e das massas contra a superexploração capitalista, a tarefa fundamental é construirmos a Conlutas para coordenar os sindicatos e os setores que se propõem lutar contra a política do governo capitalista de Lula e do PT. Apesar de seguir com popularidade e confiança entre os trabalhadores e as massas, o governo e o PT já começam a pagar o preço das suas traições. Ainda que minoritário e inicial, vivemos um progressivo processo em que cada vez mais novos setores de trabalhadores se desiludem e dão os primeiros passos na luta contra os ataques do governo e dos capitalistas.

Este é o terreno fértil para que a Conlutas se construa e avance cada vez mais como a expressão de um pólo antigovernista e antiburocrático. A única política realista e justa ’ para todos os ativistas e correntes políticas que estão contra a política do governo e a burocracia da CUT ’ impõe a unificação na construção da Conlutas em todos os sindicatos e regiões, buscando a unidade com os demais setores estudantis e populares que lutam contra a política governamental.

Os sindicatos dirigidos pela “esquerda da CUT” e pelo PSOL não podem mais continuar fora da Conlutas, pois isso enfraquece e divide a luta contra o governo, o PT e a burocracia da CUT. Enquanto a burocracia desta central se liga diretamente aos patrões e ao governo, traindo os interesses dos trabalhadores e das massas, os sindicatos da Conlutas têm todas as condições para construir uma alternativa independente e classista, unitária, que empolgue e ganhe a confiança dos milhões de trabalhadores que ainda estão com seus sindicatos dominados pelos burocratas da CUT. A bandeira da Conlutas deve tremular nos sindicatos, nas fábricas, nos bancos, nas refinarias, nas repartições públicas.

A Conlutas deve se dirigir às bases dos sindicatos da CUT para desmascarar a burocracia e garantir a unidade dos trabalhadores por seus interesses

A direção burocrática da CUT sempre traiu os interesses dos trabalhadores. Mas como antes estava na oposição aos governos de plantão, ganhou a confiança de milhões de trabalhadores e do movimento popular e estudantil.

A burocracia da CUT, com seus mais de 3.000 sindicatos, ainda influencia e controla mais de 22 milhões de trabalhadores em suas bases sindicais, num universo de mais de 40 milhões de assalariados urbanos, sem contar os milhões de trabalhadores precários e desempregados. Esses milhões de trabalhadores ainda não compreendem o papel traidor dessa burocracia que os engana; ainda confiam na conciliação com os patrões e o governo ao invés de confiarem apenas em suas próprias forças e em seus próprios métodos, como as greves, piquetes, ações diretas, controle operário etc. Mas não podemos esquecer que, independente do papel traidor das direções burocráticas da CUT, essa central e seus sindicatos são organizações operárias e assim são vistas pela maioria dos trabalhadores que não concordam com a divisão das suas organizações.

O objetivo principal de todos os buro-cratas (da CUT ou das demais centrais) é dividir a classe trabalhadora em profissões (categorias), fábricas, sindicatos e centrais para que a nossa classe seja impedida de impor seus métodos e seu programa unitário de defesa dos seus interesses e da maioria da população explorada. Isto é porque os burocratas são agentes a favor da manutenção e intensificação da exploração capitalista, defendendo não os interesses da maioria dos trabalhadores (e das massas), ms sim de uma minoria privilegiada, renegando os mais explorados e oprimidos.

Se somos conscientes de que a burocracia da CUT e dos sindicatos atuam para dividir a classe trabalhadora, nossa tarefa é se opor a isso e lutar sem tréguas para conseguir a unidade dos trabalhadores, independente de “categoria” , fábrica, sindicato ou central, fazendo com que os trabalhadores vejam que são esses burocratas quem dividem os sindicatos para se aliar com os governos e a patronal.

Não podemos confundir a unidade dos trabalhadores com a “unidade dos dirigentes” ou a “unidade das correntes e entidades” . Sem a unidade dos trabalhadores ligados à Conlutas com os demais trabalhadores dos sindicatos da CUT, a luta contra as reformas e em defesa de um programa operário contra a exploração capitalista estará dividida e enfraquecida.

Somente uma visão oportunista pode fazer crer que a unidade dos trabalhadores signifique a unidade com os burocratas traidores. Na prática, esta visão se nega a combater a divisão dos trabalhadores para criar os meios para alcançar a unidade imposta pelas bases organizadas em seus locais de trabalho e sindicatos contra os dirigentes burocráticos.

Para a direção do PSTU, que dirige a Conlutas, a unidade dos trabalhadores é a mesma coisa que uma burocrática “frente única com esses dirigentes” da CUT. Para nós é exatamente o contrário, pois a unidade dos trabalhadores tem que ser conquistada em luta contra a burocracia sindical e sua influência e domínio sobre os trabalhadores e suas organizações de luta.

Mesmo que um sindicato seja dirigido por burocratas da CUT a Conlutas deve buscar a unidade com os trabalhadores da base desses sindicatos, fazendo com que estes trabalhadores exijam que seus dirigentes rompam com o governo e o PT e defendam os interes-ses da classe, e caso (mais provável) sigam traindo devem ser expulsos dos sindicatos.

A Conlutas deve mostrar seu caráter antiburocrático e antigovernamental apoiando-se nos sentimentos de unidade dos trabalhadores, ajudando-os a compreender que para defender seus interesses devem confiar em suas próprias forças e não nos burocratas e partidos traidores ’ como os dirigentes da CUT, Lula e o PT.

A realidade concreta demonstra que, ao contrário do que afirmam o PSTU e outras correntes, os burocratas da CUT continuam sendo um enorme obstáculo, pois contam com a confiança de amplos setores dos trabalhadores. Isto obriga que todos nós da Conlutas tenhamos claro que o combate contra a burocracia da CUT não pode ser resumido à desfiliação dos sindicatos da CUT, como pretende o PSTU e outros. Ainda que os sindicatos se desfiliem da CUT e até construam mais uma nova central sindical, como muitos defendem, não se resolverá o problema político central da unidade entre os trabalhadores da Conlutas e dos sindicatos da CUT (sem falar de outras centrais).

Por exemplo, entre os companheiros da Conlutas, não é difícil concordar que para derrotar as reformas neoliberais e lutar pelo atendimento das reivindicações dos trabalhadores e das massas necessitamos começar a discutir e preparar uma greve geral que paralise a produção e a circulação capitalista, atingindo o coração (o bolso) dos capitalistas. Porém, também não é difícil compreender que a Conlutas sozinha, por mais que possa crescer no próximo período, não tem condições de convocar e efetivar uma greve geral, porque milhares de sindicatos e milhões de trabalhadores dos principais ramos da economia capitalista estão sob o domínio da burocracia da CUT.

Sem que os sindicatos e ativistas da Conlutas busquem as formas e táticas para ganhar a confiança dos milhões de trabalhadores das bases dos sindicatos cutistas (para ter forças e chegar aos demais sindicatos e centrais) ’ que fazem funcionar a economia capitalista, como os metalúrgicos do ABC, petroleiros, bancários, metroviários etc. ’ a greve geral não passará de propaganda, necessária, mas propaganda, sem poder de efetivação.

Hoje ninguém pode negar que se a Conlutas ainda não tem forças para convocar uma greve geral isso se deve ao domínio que os burocratas da CUT ainda exercem sobre os sindicatos e as bases dos trabalhadores. Por isso continuar repetindo que “a CUT morreu” e “não fala em nosso nome” e que basta desfiliar os sindicatos e construir uma nova central significa negar-se a enfrentar esse grave problema de eliminar o obstáculo que essa burocracia da CUT representa para a unidade dos trabalhadores.

Aproveitar as oportunidades para construir a Conlutas com uma política independente da burguesia e da burocracia

A desfiliação dos sindicatos da CUT, defendida pelo PSTU, é uma mera “ruptura” formal e organizativa com a burocracia, pois em nada ajuda a luta pela unidade dos trabalhadores e a construção da Conlutas como um verdadeiro pólo antiburocrático e antigovernista nacional para lutar contra a política capitalista do PT e de Lula e contra a burocracia da CUT, na perspectiva de retomar os sindicatos como instrumento da luta política revolucionária em defesa dos interesses e da independência da classe trabalhadora diante da burguesia, do reformismo e seus partidos.

Na Conlutas precisamos lutar decididamente contra a conciliação de classes que se expressa na influência dos partidos burgueses, como o PPS e o PDT, e principalmente do PT.

Mesmo com toda a autoridade que a burocracia cutista ainda conserva sobre os sindicatos e os trabalhadores, esse controle não é forte o suficiente para impedir que a esquerda e principalmente a Conlutas conservem seus espaços e apoio político entre as bases dos sindicatos da CUT para lutar por uma es-tratégia antiburocrática e antigovernista. Ao contrário, a própria manutenção dos diretores sindicais ligados à Conlutas nos sindicatos da CUT e nas organizações de base ’ pois a burocracia, apesar de tudo, não tem força para aprovar nas bases a expulsão desses companheiros ’ deve servir como uma plataforma para potencializar e avançar as posições da Conlutas entre os trabalhadores dos sindicatos cutistas.

Por isso, os militantes da Liga Estratégia Revolucionária, em todos os locais onde atuam, se colocam ombro a ombro com todos os que rompem com o governo e a burocracia e se propõem a lutar pelos interesses dos trabalhadores e das massas, sem qualquer ultimato. Como uma pequena fração que não mede esforços para construir a Conlutas como um pólo antiburocrático e antigovernamental nacional, defendemos que é necessário romper politicamente com toda a velha herança burocrática da CUT para que a Conlutas e seus sindicatos e militantes apareçam para milhões de trabalhadores dos sindicatos cutistas como uma nova direção que defende os interesses da classe trabalhadora e das massas contra o governo capitalista de Lula e do PT, recuperando esses sindicatos como instrumento de luta dos trabalhadores, democratizando-os para que os próprios trabalhadores determinem a sua luta política para minar a influência nefasta dos partidos burgueses e principalmente do PT e da burocracia da CUT, como condição para alcançar a unidade da classe trabalhadora necessária para impor sua força política com um programa independente e a criação das ferramentas políticas de independência de classe, organismos de luta e um verdadeiro partido operário de massas.

O objetivo da Conlutas deve ser recompor o movimento operário e de massas com os métodos combativos da classe operária ’ greves, ocupações, piquetes etc. ’ e a democracia direta das bases, o verdadeiro poder e controle dos trabalhadores a partir de seu local de trabalho e organizações democráticas, para impedir a formação de uma nova burocracia, lutando pela independência de classe e pelo papel dirigente da classe trabalhadora em aliança com o povo pobre na luta revolucionária contra a exploração capitalista e pela revolução proletária.

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