Terça 30 de Abril de 2024

Nacional

Cinismo e derramamento de sangue em São Paulo

30 May 2006   |   comentários

Abalada com os ataques do PCC, as forças de segurança do Estado de São Paulo, a Policia Militar e Civil, assassinaram pelo menos 120 pessoas nos últimos dias. Isso é o que foi divulgado pela própria policia. Podemos supor que a verdadeiro número de mortos é ainda maior. Depois das denuncias de que a PM estaria executando “suspeitos” com tiros na cabeça, o Secretário de Segurança Pública requisitou os laudos do IML para evitar que fossem publicizados. A PM está impondo um clima de terror nas favelas e na periferia. Quer recuperar sua “autoridade” com um derramamento de sangue da população negra e pobre da Grande São Paulo.

O abutre Cláudio Lembo consegue se destacar como o mais cínico parasita de todo o país. Branco e burguês, na imprensa culpa a “burguesia branca” pelos crimes do PCC. Como governador atua junto ao secretário de segurança e seus capangas na direção da Policia Militar e Civil, dando ordens para os policiais avançarem com seu banho de sangue, especialmente contra a população negra e colocou os laudos do IML sob sigilo para que os seus capangas fardados pudessem atuar com maior liberdade.

Os trabalhadores, o povo negro e a juventude nada podem esperar de bom do PCC. Porém, não somos nós que vamos chorar cinicamente as mortes de 40 polícias. Os soldados do capital impõe uma repressão constante e sistemática contra a juventude das favelas e periferias, com particular ódio contra a juventude negra. Seus verdadeiros generais, os Antonio Erminio de Moraes, os Cláudio Lembo, os Furlan, condenam nossa juventude à miséria e ao desemprego e a todo tipo de humilhações. Seus juízes, promotores e advogados não passam de oficiais desse exercito construído sob medida para reprimir, prender e explorar nosso povo. O PCC recruta parte dessa juventude desesperada pagando bem e oferecendo a possibilidade de vingança. Se apóia no ódio da juventude pobre e negra contra a Policia Militar e Civil e contra a “burguesia branca” que vive do sangue e do suor dos trabalhadores e do povo de nosso país.

Em São Paulo a classe média se desesperou e caiu num clima de histeria sem precedentes, apesar de que nenhum dos seus foi morto, sequer ferido, nestes dias. A burguesia e a sua mídia estimulam esse clima de pânico para exigir medidas de segurança mais efetivas e leis mais duras. No meio da histeria coletiva a policia desencadeou um verdadeiro banho de sangue. Candidatos tripudiam sobre a nossa miséria e trocam farpas em busca dos votos. O congresso vota um pacote de segurança.Grandes montadoras de carros anunciam milhares de demissões, aumentando o desespero e a miséria entre os trabalhadores. Os bancos batem recordes de lucro e o governo de Lula anuncia novos cortes no orçamento para seguir pagando em dia suas “obrigações” com os bancos e as grandes empresas.

O fundo da crise não pode sequer ser tocado pela “burguesia branca” . Ela não vai abrir seus cofres. Pelo contrário, vai sugar mais e mais nosso suor e nosso sangue para aumentar mais e mais seus lucros. Vai aumentar os efetivos policiais em todos os estados, vai votar leis mais duras de repressão, vai aumentar se é que é possível, a repressão interna nos presídios. O PCC e outras organizações vão recrutar mais e mais jovens desesperados e indignados. Novas revoltas como a que vivemos nos últimos dias vão acontecer. Esse é o futuro que a classe dominante brasileira oferece à nossa juventude. Esse é o ciclo crescente de exploração e repressão, de miséria e revolta, do qual o capitalismo semi-colonial brasileiro é incapaz de se libertar. E não serão as belas palavras dos intelectuais de “esquerda” que vão convencer a burguesia a não seguir por este caminho.

A única saída que temos é que o povo negro deste país, a juventude e os camponeses, com os trabalhadores da cidade e do campo à sua cabeça, se coloquem de pé, organizem seus próprios instrumentos de poder operário e popular, seus próprios organismos de auto-defesa, seus próprios tribunais populares para arrancar as terras e as fábricas das mãos de seus atuais proprietários, que são os maiores ladrões e assassinos do país. Esse é o único caminho para varrer de uma vez por todas do poder esta parasitária burguesia branca. Somente assim vamos poder dividir entre todos a riqueza natural, tão festejada e alardeada, que existe em nosso país.

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