Segunda 29 de Abril de 2024

Juventude

Batalha de Florianópolis e a luta pelo passe-livre

Batalha de Florianópolis e a luta pelo passe-livre

15 Jun 2005   |   comentários

Desde que foi decretado o aumento das tarifas de ónibus, no dia 30/05 em Florianópolis, pelo prefeito Dário Berger (PSDB), a cidade não foi mais a mesma. Bloqueios de ruas, avenidas e pontos centrais da ilha e manifestações que chegaram a organizar 3 mil estudantes secundaristas, foram os principais métodos utilizados na luta contra o aumento da passagem, chegando a ter que se enfrentar com a polícia que reprimiu truculentamente, inclusive com tropa de choque, os estudantes e que prendeu cerca de 20 manifestantes, alegando “formação de quadrilha” . Desde 1997, o transporte sofreu um aumento de 228%. Um escândalo! A luta dos estudantes de Florianópolis não é de hoje. Desde 2004 os secundaristas vem se organizando para conquistar o passe-livre, conseguindo que o projeto de lei fosse aprovado na Câmara no final do ano passado.

Florianópolis não está sozinha. A luta contra o aumento das passagens de transporte está espalhada por todo o país: Salvador, Campinas, Porto Alegre, Uberlândia, Fortaleza, Rio de Janeiro são prova disso. Porém, todas essas mobilizações se mantêm isoladas entre si e isso faz com que a força e potencialidade que tem a luta contra o aumento das passagens não seja levada até o final, levantando a bandeira pelo passe livre e transformando a luta imediata contra o aumento das passagens em um movimento nacional pelo passe livre. Precisamos transformar a campanha pelo passe livre, que hoje tem um caráter regional, em um exemplo de luta nacional. Nesse sentido é fundamental que se coordene e unifique a os estudantes de forma democrática e organizada e que a Conlute seja uma real alternativa às direções e métodos burocráticos da UNE, UBES, UMES, transformando-se em uma ferramenta capaz de forjar uma nova tradição no movimento estudantil.

Entretanto, o principal entrave à coordenação dos estudantes é sua própria direção. A chamada esquerda do PT é a corrente mais influente no movimento e forma em diversos lugares comitês ligados a seus deputados, como é o caso do comitê Beto Custódio em São Paulo e o comitê dirigido pelo Movimento Che ligado à deputada Marcela Moreira em Campinas. Essas direções são do PT, partido que está no governo, aliado à burguesia e que cada dia decreta ataque atrás de ataque à classe trabalhadora e a juventude. Essas direções não travarão uma luta conseqüente contra o aumento das passagens nunca e muito menos pelo passe livre, isso seria ir completamente contra o partido do qual pertencem. Os estudantes não podem ter ilusões nas direções governistas e em seus comitês burocráticos.

O único método capaz de levar os estudantes à vitória é a auto-organização, com a formação de comitês de base nas escolas e universidades com delegados mandatados e revogáveis capazes de levar a posição de cada comitê. Só assim, todas as posições serão expressas. Precisamos organizar um Encontro Nacional pelo Passe Livre com delegados de base, capaz de unificar e coordenar a luta nacionalmente.

Os secundaristas são a ampla maioria nas manifestações e mobilizações pelo passe livre e isso expressa uma reorganização dos secundaristas dentro do movimento estudantil. Porém, é imprescindível para o fortalecimento e a nossa vitória, que nos aliemos aos universitários e que lutemos pela unidade do movimento estudantil. É necessário que os universitários se coloquem lado a lado dos secundaristas na luta pelo passe livre e contra o aumento da passagens e que os secundaristas se coloquem ao lado dos universitários na luta contra a Reforma Universitária. Essa aliança, quando coordenada, pode se tornar o instrumento essencial capaz de elevar a potencialidade das lutas a um nível extremamente superior e a vitória ser uma realidade cada vez mais concreta.

Porém, a unidade dos estudantes por si só, não garante a vitória. Se ao mesmo tempo, os estudantes não se unificam com a população pobre, centralmente os trabalhadores, não será possível conquistar nossas demandas. Pelo papel que cumprem na produção capitalista, os trabalhadores são a única classe capaz de controlar a economia e os lucros dos patrões.

Exatamente por isso que a aliança operário-estudantil deve ser o centro da organização das lutas estudantis e que as paralisações iniciadas dos cobradores de ónibus em Florianópolis combinada com a mobilização dos estudantes, pode dar um novo impulso, mais do que necessário, na luta pelo passe livre.

Adriana é membro do Grêmio Giordano Bruno que faz parte da Secretaria Nacional da CONLUTE

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